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O Barco do Amor está de coração partido

Por Luís J. Santos

O navio que dava corpo à série Barco do Amor tem o seu destino final traçado. Está já a ser desmantelado num porto turco. O fim de um ícone da tv e do mundo dos cruzeiros.

"Love, exciting and new, come aboard, we"re expecting you."

Foram anos e anos de amor no mar. Mais precisamente, uma década de Barco do Amor. De 1977 a 1986, saíram 249 episódios da fábrica do Love Boat - a da cadeia norte-americana ABC -, tão amorosos quanto kitsch, plenos de histórias cruzadas de romances a bordo do cruzeiro do capitão Stubing. E um cruzeiro bem real: o navio-âncora da série, cenário de exteriores e ícone, era o Pacific Princess, da Princess Cruises.

Mesmo que hoje seja um mundo completamente diferente, a indústria dos cruzeiros deve muito a esta princesa televisiva, um verdadeiro porta-aviões quanto à propagação mundial do sonho romântico de passar as férias a navegar.

Até se pensaria que o navio, tal a sua fama e apesar da idade - foi construído em 1971 -, teria futuro assegurado ou ainda nas ondas ou em tom museológico em algum porto pelo mundo. Mas não. Aos 42 anos, o Pacific tem como destino o cemitério dos corações partidos: foi comprado por uma empresa turca, a Izmir Ship Recycling Co, especializada no desmantelamento de embarcações. Está já em em Aliaga, porto do Egeu, a ser cortado em mil e um pedaços durante os próximo seis ou sete meses.

A empresa pagou 2,5 milhões de euros e um responsável turco da Associação de Reciclagem de Navios, Ersin Ceviker, confirmou à Reuters que, apesar de o "navio ter sido alvo de várias remodelações ao longo da sua vida", "estava inactivo há cinco anos" e "fazer agora uma remodelação seria demasiado oneroso". O projecto começou mal e já marcado por sangue, segundo noticiou o jornal Hurriyet Daily News, baseado na Turquia: nos primeiros dias do desmantelamento, dois trabalhadores faleceram num acidente com gases tóxicos na casa das máquinas.

O ex-"barco do amor", com quase 20 mil toneladas e capacidade para 658 passageiros mais 358 tripulantes (um número residual para as capacidades cruzeiristas actuais), estava há anos em stand by numa doca de Génova, Itália, depois de ter sido vendido à Pullmantur no início do século - a última vez que navegou foi sob estandarte da Quail Cruises. Acabaria arrestado em Itália por dívidas, tendo sido depois leiloado.

Já a Pacific Cruises, logo após livrar-se do velho navio, apostou em manter a fama amorosa: desde 2002 que um novo love boat navega na companhia (com o mesmo nome, Pacific Princess - o anterior navio quando navegava já era apenas com o seu nome original, Pacific, sem direito a Princess).

Para os fãs das viagens no velhinho "barco do amor", só restam mesmo as saudades e o trautear nostálgico da canção que se tornou símbolo de andar pelo mundo em cruzeiro...

"Welcome aboard, it"s love".   

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