As portarias, que confirmam o estatuto e a zona especial de protecção dos dois imóveis, foram publicadas na sexta-feira em Diário da República.
No caso do Mercado do Bolhão - que aguarda pela reabilitação há décadas, encontrando-se muito degradado -, a portaria realça, "para além do valor arquitectónico do edifício", o facto de ele constituir "um testemunho sociológico das tradicionais formas de comércio (as feiras) e da sua possível conjugação com o comércio moderno, integrando-se num dos quarteirões urbanos mais dinâmicos do Porto, e constituindo importante factor identitário da cidade".
No caso da Lello & Irmão, a portaria assinada pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, defende que a livraria da Rua das Carmelitas é "um autêntico santuário das artes editoriais e livreiras". As razões para a classificação são condensadas num parágrafo curto: "A Livraria Lello & Irmão apresenta-se como um dos mais importantes edifícios da arquitectura ecléctica portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país. Ao seu valor arquitectónico e artístico acresce a importância cultural que tem assumido de forma contínua ao longo do tempo, bem como o seu excelente estado de conservação, a autenticidade e exemplaridade da estrutura e da decoração, e a merecida fama internacional de que desfruta".
Identificada, internacionalmente, como uma das mais belas livrarias do mundo, a Lello continua de portas abertas, recebendo diariamente inúmeros turistas, que só querem espreitar o interior do edifício, o que levou os proprietários a equacionar a cobrança de um bilhete simbólico para os visitantes.
Já o Mercado do Bolhão aguarda, agora, pelo resultado das eleições autárquicas para saber se a promessa de reabilitação, repetida por todos os candidatos, se irá concretizar.
A recuperação do mercado já fora uma promessa de Rui Rio, mas o autarca foi incapaz de a cumprir, nos onze anos de mandato, depois de falhar a sua proposta inicial de concessionar o espaço à TramCroNe, num processo que causou grande contestação na cidade, por se considerar que o interior do edifício seria destruído e o espaço transformado num centro comercial.