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  • “El món neix en cada besada”
    “El món neix en cada besada” DR
  • Na inauguração
    Na inauguração DR/ajuntament de barcelona
  • Joan Fontcuberta frente à sua obra
    Joan Fontcuberta frente à sua obra DR/ajuntament de barcelona
  • Detalhes de imagens que compõem o beijo
    Detalhes de imagens que compõem o beijo DR/ajuntament de barcelona
  • Detalhes de imagens que compõem o beijo
    Detalhes de imagens que compõem o beijo DR/ajuntament de barcelona
  • Detalhe do beijo
    Detalhe do beijo DR/ajuntament de barcelona

Em Barcelona, 'o mundo nasce a cada beijo'

Por Luís J. Santos

Há nova atracção na capital catalã, um mural com a imagem de um grande, grande beijo: é composto por mais de quatro mil fotos enviadas por cidadãos. Joan Fontcuberta assina a obra que celebra a liberdade.

El món neix en cada besada” é o poético título de uma instalação permanente na praça d’Isidre Nonell, no centro histórico de Barcelona (no Bairro Gótico), assinada pelo fotógrafo e artista plástico Joan Fontcuberta.

Integrado num programa que evoca o tricentenário do cerco a Barcelona (durante o qual os catalães lutaram contra tropas franco-espanholas e acabariam por perder autonomia), “O mundo nasce a cada beijo” é um mosaico fotográfico de grandes dimensões (3,80m x 8m) onde se visualiza, à primeira vista, os lábios de um casal a beijar-se. À segunda vista (terceira, quarta e por aí fora) apercebemo-nos da verdadeira composição da imagem: inclui “mais de quatro mil fotografias captadas por cidadãos que contribuíram para esta iniciativa com imagens pessoais”, informa a organização das celebrações do tricentenário. As imagens enviadas deviam responder a uma questão: “O que é para ti viver livre?”

Para Fontcuberta, a sua criação prova que o “direito a ‘viver livre’ que defendiam os barceloneses do século XVIII se pode extrapolar a muitos âmbitos do presente e do futuro”, lê-se no comunicado de apresentação da obra. “Ilustrar esse desejo com um beijo é uma forma de contornar as iconografias épicas do 1714 [o ano do cerco] para projectar um horizonte positivo e optimista”. A obra, diz o seu criador, “transpõe para o espaço físico o ‘mural’ de um Facebook imaginário onde os ‘amigos’ publicaram os seus comentários para celebrarem o mundo nascer a cada beijo”.

Trata-se, resume-se, de uma “criação colectiva de forte simbolismo”. E este beijo - a simbolizar o “afecto e a liberdade” – é “eterno” (e está também online, onde pode ser ampliado até chegar-se ao detalhe de cada imagem que o compõe - há também uma versão vídeo). A obra irá sobreviver ao calendário de comemorações do tricentenário, ficando permanentemente em exposição. O que, claro, a torna de imediato uma nova atracção turística na capital catalã. Não é difícil imaginar que serão muitos os beijos trocados (e selfies partilhadas) em frente deste seminal beijo de Fontcuberta.

No texto da inauguração, que aconteceu a 3 de Julho, o artista citou um poeta e teórico da fotografia do séc. XIX, Oliver Wendell Holmes, para resumir a inspiração motriz de “El món neix en cada besada”: “O som de um beijo não é tão ensurdecedor como o de um canhão, mas o seu eco dura muito mais”. 

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