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Os mais de 60 mil brinquedos que constituem o espólio do museu vão ficar encaixotados à espera de uma solução

Os mais de 60 mil brinquedos que constituem o espólio do museu vão ficar encaixotados à espera de uma solução DR

Museu do Brinquedo fecha portas em Sintra mas espera reabrir em Lisboa

Por Lusa, PÚBLICO

O Museu do Brinquedo de Sintra vai mesmo fechar no final de Agosto, após se terem gorado as negociações com o município para a sua continuação, afirmou na terça-feira fonte da fundação proprietária da vasta colecção exposta na vila.

"O museu fecha dia 31 de Agosto e temos de sair do edifício, por solicitação da câmara, no final de Setembro", disse à agência Lusa João Arbués Moreira, filho do coleccionador que, desde 1989, expõe no centro histórico grande parte de mais de 60 mil brinquedos reunidos ao longo de uma vida.

O vice-presidente da autarquia, Rui Pereira (PS), lamenta que a Fundação Arbués Moreira não tenha apresentado uma contraproposta à disponibilidade da câmara para criar um museu municipal, de forma a manter o equipamento aberto, e justificou que o município "está impedido por lei de financiar a fundação".

"Não podíamos aceitar o protocolo, porque perdíamos o controlo da colecção de brinquedos e tínhamos que despedir os empregados na mesma", explicou João Arbués Moreira, que criticou o prazo de dez anos do protocolo e da "câmara poder ceder peças do museu a terceiros". O filho do criador da colecção considerou que o presidente da autarquia demonstrou não ter interesse no actual museu quando disse que este não podia ser apenas "um armazém" de brinquedos.

João Arbués Moreira adiantou que já recebeu da Câmara de Lisboa "uma manifestação de interesse para albergar o Museu do Brinquedo" e que o encerramento em Sintra vai levar "ao despedimento colectivo" de sete funcionários, alguns com 17 anos de serviço no museu.

Lei das fundações ditou encerramento
Os mais de 60 mil brinquedos que integram o espólio do museu, quase todos da colecção pessoal de João Arbués Moreira, estão expostos há 16 anos no antigo quartel dos bombeiros da vila de Sintra, recuperado pelo arquitecto Aires Mateus expressamente para o efeito. A câmara cedia o espaço gratuitamente e ainda apoiava a Fundação Arbués Moreira com um subsídio mensal de cinco mil euros. No entanto, com a nova lei das fundações que entrou em vigor no ano passado, a autarquia teve de deixar de subsidiar o museu.

Já no ano passado, a fundação admitia que o museu poderia ter de fechar até Dezembro, o que não aconteceu. No entanto, a 15 de Maio os responsáveis anunciaram que teriam de fechar portas até ao final de Agosto , justificando o encerramento com uma acentuada redução de visitantes e com a impossibilidade de assegurar a sustentabilidade financeira.

Entretanto, houve reuniões entre a câmara e a fundação mas as negociações não chegaram a bom porto. "Não houve qualquer contraproposta da fundação", afirmou o vice-presidente da câmara, garantindo "ainda não ter confirmação oficial" da fundação de prosseguir com o encerramento.

"O protocolo diz expressamente que a colecção é da fundação e o prazo seria de dez anos ou por outro período que quisessem", acrescentou Rui Pereira, que frisou: "Só não podemos pagar dinheiro para expor a colecção, por impedimento legal, como qualquer entidade da administração pública". O autarca esclareceu que a câmara recusou que o imóvel continuasse ocupado até ao final do ano, para que seja encontrada o mais breve possível "uma nova ocupação" para o edifício. A vasta colecção de brinquedos, que representa a História da Humanidade desde o século XVII à actualidade, recebeu mais de 900 mil visitantes e permanecerá encaixotada até encontrar uma nova morada.

A Lusa contactou a Câmara de Lisboa, mas devido à ausência da vereadora da Cultura, que se encontra de férias, não foi possível confirmar o interesse em receber a colecção de Arbués Moreira.

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