Esta quarta-feira, dia em que a Reserva Natural das Berlengas perfez 33 anos desde que foi criada, a Quercus defendeu, em comunicado, que "o modelo de turismo massificado e de acessibilidade ao arquipélago que existe tem que ser profundamente repensado", sob pena de se continuar a criar condições para "a destruição dos valores naturais".
Questionado pela agência Lusa acerca dos alertas da Quercus, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) ainda não respondeu.
A associação alertou que a "pressão turística é visivelmente excessiva", colocando "dúvidas" se a lei que define em 350 visitantes diários a capacidade de carga "é cumprida".
Segundo os ambientalistas, "a forte presença humana gera inevitavelmente um aumento dos efluentes domésticos", lembrando que os efluentes produzidos no Forte de São João Baptista continuam "sem solução adequada", sendo descarregados directamente para o mar.
"Duvida-se que estejam a ser aplicados os mecanismos de controlo da capacidade de carga humana por parte do ICNF, como prevê o Plano de Ordenamento aprovado", refere a Quercus, questionando "qual é a fiscalização que é efectuada às actividades marítimo-turísticas".
Localizada a seis milhas de Peniche, o arquipélago das Berlengas tornou-se há 33 anos Reserva Natural, devido à biodiversidade, integra desde 2000 a Rede Natura por ser zona de proteção especial para aves selvagens e, desde 2011, reserva da biosfera da UNESCO.
O arquipélago é um local de reprodução e abrigo para muitas espécies aquáticas, entre as quais a sardinha, o robalo, o sargo, o pargo, a dourada, o mero e diversos cetáceos, como também de aves marinhas, como a pardela, o corvo, e o airo que, apesar de ser o símbolo da reserva, deixou de lá nidificar, pela existência de outras espécies predadoras, como a gaivota e o biqueirão, e pela captura acidental nas artes de pesca.
A flora da reserva é composta por mais de uma centena de espécies.