Também Joaquim Soares, líder do Grupo Cantares de Évora, não esconde a emoção. “Sentimos um grande orgulho e satisfação” com o prémio atribuído “à moça”. Lembra-se que ela entrou com o pai, juntamente com outros fotógrafos no Teatro Garcia de Resende para uma sessão fotográfica. Do grupo coral que é misto, estavam nove dos seus 25 elementos. Na foto da jovem aparecem oito homens e uma mulher, nos camarotes, descontraídos, risonhos, à espera de indicações.
Beatriz percebeu que era na informalidade e no imprevisto que poderia colher planos diferentes, como também percebeu Joaquim Soares quando a viu a cirandar pela sala de espectáculos. “Alguns de nós olhámos na sua direcção e ela fez o retrato que agora é um estímulo para ela e para nós”.
Estímulo que é extensivo à professora Paula Duarte, do conselho directivo da Escola Secundária Gabriel Pereira em Évora, onde a Beatriz Rocha frequenta o 9.º ano. Em tempo de férias, a comunidade escolar teve conhecimento da boa nova através da comunicação social. “Sensibilizou-nos bastante a reacção da Beatriz” que diz ter ficado “chocada” com a atribuição do prémio. “Deixou a todos muito orgulhosos e surpreendidos” observa a docente.
E agora, Beatriz, o que se segue?, perguntou-lhe o PÚBLICO: “Agora não posso descer de patamar”. O passatempo da fotografia subiu de exigência e a exposição pública marca-a. “É uma boa sensação” reconhece. Contudo, o objectivo da sua vida vai noutro sentido. A vencedora de um prémio num dos mais importantes concursos de fotografia do mundo sonha em seguir uma carreira na área da Física, mais precisamente em Cosmologia.
“Temos em casa muitos livros sobre a área que gostaria de seguir”. A influência, confessa, é também do pai, com a ajuda de “professores que explicam bem, sobretudo a professora de Física”. A atribuição do prémio já garantiu a Beatriz Rocha uma câmara, um kit de lentes, um telemóvel da Sony, a participação numa exposição em Londres e a publicação no livro dos Sony World Photography Awards de 2015.
Os WPA têm-se afirmado entre os prémios de fotografia de abrangência mundial. Criados em 2007 pela marca de electrónica de consumo nipónica Sony, os WPA parecem cada vez mais apostados em cativar o maior número de candidatos possível, aceitando os mais variados géneros e culturas da imagem fotográfica, que vão desde a febre do Instagram aos mais clássicos portefólios de fotojornalismo.
Para a última edição, foram submetidas a concurso 183.737 imagens, um número que não deixa de impressionar se se tiver em conta, por exemplo, que o World Press Photo, estabelecido há seis décadas e especializado em fotografia documental, recebeu no ano passado cerca de 97 mil imagens. Autodenominado como o “maior concurso de fotografia do mundo”, o WPA atribui todos os anos 30 mil dólares em prémios monetários para além de variados galardões em material da marca.
Apresentando-se com uma estratégia de comunicação muito bem montada, os WPA dividem-se em cinco grandes grupos: Concurso Profissional, Concurso Aberto, Concurso Juventude e Concurso Telemóvel. O “concurso aberto” é na realidade o campo onde os ditos “amadores” jogam os seus trunfos, mas a organização procura fugir sempre desse selo que ganhou uma certa carga pejorativa.