Machu Pichu, as pirâmides do Egipto, a Grande Muralha da China, o Douro vinhateiro – estes são alguns dos mais belos locais do mundo classificados pela UNESCO como Património da Humanidade. Agora, mais uma paisagem quer juntar-se a esta lista: Benidorm, a estância balnear espanhola conotada com férias baratas, adolescentes e reformados em viagem e arranha-céus junto ao mar. A candidatura é para levar a sério, insiste a autarquia do sul de Espanha, sem preconceitos.
Foi a 20 de Abril que o prestigiado sociólogo espanhol Mario Gaviria apresentou com o presidente da Câmara de Benidorm, Agustín Navarro, o projecto de candidatura da cidade e seus recursos naturais a Património da Humanidade da longa lista da UNESCO. A ideia é que Benidorm, que nos últimos 50 anos recebeu mais de 250 milhões de turistas em busca da combinação sol e sangria, seja candidata à dupla categorização de Bem Cultural e Bem Natural.
“Benidorm seria o primeiro caso na história do Património Natural da UNESCO em que se acolhe um espaço natural grandioso: a baía de Benidorm, a ilha e a serra Gelada, onde fica a Cidade Nova construída a partir da segunda metade do século XX”, defendeu Gaviria numa conferência de imprensa e citado pelo diário espanhol ABC. Um destino promovido por Espanha na sua versão de pacotes de férias acessíveis em clima cálido, Benidorm é hoje uma cidade que na década de 1960 era uma vila piscatória com três mil habitantes. Construída “para materializar as férias ao sol de milhões de espanhóis e europeus quando obtiveram as garantias de emprego, salário, saúde e reforma”, contextualiza o professor galardoado com o Prémio Nacional de Ambiente espanhol.
A imagem de Benidorm como destino barato para viagens de finalistas ou binge drinking de turistas britânicos, como a própria imprensa do Reino Unido descreve o destino, é contrariada pelo sociólogo. A cidade tem “carácter sustentável e totalmente respeitador do meio ambiente”. Contudo, a região de Valência, onde fica Benidorm, ainda há poucos anos era criticada pela União Europeia pela sua política de construção pouco sustentável.
O presidente da autarquia lembra que Mario Gaviria é um dos defensores da cidade perante “os ataques a que temos sido submetidos por pessoas ou meios de comunicação que desconhecem a nossa realidade e usam estereótipos quando falam de Benidorm”. Ainda assim, reconhece: “Benidorm é uma fábrica de turismo”. “Por isso é que devemos procurar fórmulas para proteger o que temos.”
O plano não é para já – e era já falado em 2008 – e demorará anos até ser compilada toda a informação e reunidos os apoios do governo regional e do governo central espanhol para que possa formalizar-se a candidatura à agência das Nações Unidas.
A UNESCO criou a classificação de Património da Humanidade em 1972 para catalogar e conservar locais de grande importância natural ou cultural para a humanidade e sua história. Os locais classificados têm de obedecer a um conjunto de critérios e podem, em certos casos, receber depois de classificados financiamento para a sua conservação ou melhoramento. Actualmente existem 981 locais Património da Humanidade em 160 países, a maioria dos quais está na Europa e na América do Norte. Espanha tem mais de 40 sítios classificados pela UNESCO, entre os quais a gruta de Altamira ou o Palácio de Alhambra.