Quatro jovens portugueses estão a desenvolver uma aplicação móvel que quer “simplificar a forma como planeamos as viagens”. Basta escolher um destino e “ver todos os pontos de interesse que existem”, com informação detalhada sobre cada um, as opiniões de outros utilizadores, a localização no mapa, entre outros dados. Depois, arrastar aqueles de que se gosta para a zona de planeamento e “automaticamente é criado um roteiro de viagem, que depois pode ser alterado”, explicam os dois mentores da Inviita, Joana Baptista e Bernardo Véstia, enquanto exemplificam à Fugas num iPad.
O aspecto mais inovador está, no entanto, na partilha, defendem – e acreditam ter sido esse o elemento que os fez serem “descobertos” pelo Travel Innovation Summit Europe e convidados a participar no evento a 13 de Maio (mas já lá iremos). “Quando se cria uma tour, ela fica partilhada com a comunidade, desde a mais mainstream à de nicho”, explica Bernardo Véstia, co-fundador e director de marketing da startup portuguesa, dando o exemplo de um roteiro em Nova Iorque em torno da música, só com lugares ligados ao tema.
“Há interesses e gostos que temos em comum com outras pessoas e a Inviita ajuda a tornar isso mais evidente”, afirma, sendo que é possível “adicionar a experiência de outro utilizador e depois editar, retirando, acrescentando ou alterando a ordem dos sítios a visitar”.
Enquanto se planeia a viagem é ainda possível reservar hotéis ou atracções turísticas (através de parcerias que estabeleceram com o Booking ou o Viator, por exemplo) e, no final, activar o modo offline para aceder ao roteiro planeado sem utilizar dados móveis (esta funcionalidade terá um custo que “andará entre os 0,99€ e os 2,99€ por cidade”). A restante utilização da aplicação é gratuita. A versão beta para iPad já pode ser testada, o lançamento oficial em iOS (iPad e iPhone) está marcado para o final do mês (a versão em Android só deverá chegar “no início do último trimestre”).
Crowdfunding para entrar no palco dos grandes
Faz um ano que Joana e Bernardo começaram “a falar na possibilidade de fazer uma coisa deste género”. Primeiro era uma guesthouse, cujo “serviço diferenciador” seria oferecer aos hóspedes “roteiros turísticos pelos olhos da Joana”. A partir daí nasceu o Through My Eyes, sem alojamento mas com mais olhares, que “tinha como base roteiros personalizados em que cada pessoa mostrava a sua visão de uma cidade, mas focada no turismo em Portugal”. Ideia que entretanto se alargaria ao mundo, já com o nome Inviita.
Foi com o primeiro conceito – e com a equipa de quatro completa, todos vindos da Novabase (empresa portuguesa de tecnologias de informação) – que venceram o Vodafone Big Apps Lisboa em 2014, estando desde então alojados no programa de incubação da operadora.
Agora, são um dos 13 candidatos ao prémio inovação do Travel Innovation Summit Europe, que a Phocuswright organiza em Dublin entre 12 e 14 de Maio. Segundo a própria gigante da indústria do turismo, o “aclamado” evento é “há muito conhecido por trazer a palco a mais recente onda de inovação da indústria das viagens” da Europa.
“Fomos descobertos por eles na Internet, lançaram-nos o desafio de participar e, depois de passarmos por um processo de selecção, ficámos apurados”, contam. No entanto, para marcar presença no evento há que pagar oito mil euros, que dão acesso a um stand no certame e à “hipótese de subir ao palco e apresentar o projecto [a representantes] da Google, da Amadeus, da American Express, TripAdvisor, Expedia, Airbnb, Fourquare...” “Vão estar lá todos os gigantes da indústria e depois no júri estão os maiores ventures [investidores] ligados a esta área do turismo, por isso é uma oportunidade de negócio brutal para nós”, defendem.
Por isso, e porque a empresa ainda é financiada pelos próprios, decidiram lançar uma campanha de crowdfundig para angariar o valor necessário para pagar a entrada no evento. “Queremos pedir ajuda aos portugueses para mostrarmos ao mundo que em Portugal se consegue fazer inovação”, apelam. “Não irmos significaria ter de fazer todo este caminho a pulso num mercado onde é muito difícil entrar, competitivo e caro para conseguir fazer a diferença e chegar a esse nível de reconhecimento por parte da indústria”.
A campanha termina no dia 11 de Maio e até ao momento angariaram apenas 13% do financiamento, mas “estão confiantes de que vão conseguir”.