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Para muitos portugueses, férias é no Algarve

Para muitos portugueses, férias é no Algarve DR

Férias: Portugueses continuam a preferir Algarve mas Norte e Açores estão em alta

Por Ana Rute Silva

Lá fora, Cabo Verde e Caraíbas dominam escolhas nos pacotes turísticos.

Em meados de Maio, 43% dos portugueses que tencionam gozar férias este Verão já tinham feito as reservas. Entre hoteleiros e operadores turísticos, as perspectivas são optimistas e há mesmo quem registe crescimentos de dois dígitos nas marcações, em comparação com o ano passado. Em 2014, e segundo um estudo do IPDT, Instituto de Turismo, apenas 29% dos inquiridos tinha efectuado reserva antecipada.

“Nota-se uma evolução positiva face ao ano anterior, nomeadamente na venda de férias para os meses de Verão. Junho esteve em linha com os resultados de 2014, mas as reservas para os meses seguintes registam crescimentos significativos, alguns meses com previsões a chegar praticamente aos dois dígitos de crescimento”, diz Margarida Blattmann, directora de marketing e comunicação da Springwater Tourism, empresa que comprou a Espírito Santo Viagens e detém as agências de viagens Top Atlântico. A tendência de crescimento só ficará comprovada depois de fechadas as vendas mas, mesmo prudente, Margarida Blattmann acredita que a “ideia de recuperação económica do país e de estabilidade parece ter influenciado positivamente os portugueses a reservarem férias fora de casa, gerando indicadores de evolução positiva para este ano”.

Nuno Anjos, director comercial do operador turístico Soltrópico, também refere que, face a 2014, há sinais positivos nas reservas, “com os meses de Agosto a obter excelentes taxas de ocupação”. Este cenário “mostra que muitos portugueses já prepararam as suas férias”, destaca.

Na hotelaria nacional, que recebe quer os turistas residentes, quer estrangeiros, as perspectivas também são optimistas. Um inquérito recente aos empresários, realizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), indica que 54% acredita que a taxa de ocupação será superior à do Verão do ano passado. Para 58%, ficará acima dos 58%. Quanto ao preço médio por quarto disponível, 65% estimam que seja superior.

“Tudo indica que vamos ter um óptimo Verão em termos de taxa de ocupação e de preço médio. As perspectivas dos hoteleiros, com base nas reservas efectivas e pré-reservas, confirmam que temos a previsão de um verão que acompanha a tendência do resto do ano”, comenta Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP).

Além de reflectir maior confiança dos consumidores, a antecipação de reservas também é característica da sazonalidade e de destinos consolidados como o Algarve onde, ano após ano, as taxas de ocupação atingem a percentagem mais elevada do país. Em Julho, mais de 50% da capacidade já está ocupada e há reservas asseguradas até 10 de Setembro, realça Cristina Siza Vieira. Aliás, o nono mês do ano tem vindo a registar crescimentos e começa a estabelecer-se como “um período importante para o Algarve”, ultrapassando os números de Julho. No ano passado, o barómetro da AHP registou uma taxa de ocupação de 79,47% em Julho, 91,49% em Agosto e 81,75% em Setembro. Este ano, três quartos dos hotéis já têm mais de 50% da capacidade ocupada neste último mês.

Porto e Açores conquistam turistas
Jorge Costa, presidente do IPDT, salienta que o desejo de férias é mais visível este ano e, apesar de o Algarve ser a região preferida, com 35% de portugueses a elegê-la como destino prioritário, certo é que reduziu o seu peso (39% em 2014). Pelo contrário, o Porto, a região Norte e o Centro, ganharam pontos, tal como os Açores que registaram a maior subida homóloga. Se no ano passado apenas 1% dos inquiridos indicou o arquipélago como local de férias, este ano e depois da liberalização do mercado aéreo, a percentagem subiu para 4%.

Na Soltrópico também foi notada uma “procura mais acentuada pelos Açores, um destino procurado por aqueles que querem estar em contacto com a natureza e com uma diversidade de oferta”, refere Nuno Anjos. Porto Santo, na Madeira, também tem registado mais procura. Já a Springwater Tourism destaca que a “oferta nacional tem sempre procura, com o Algarve ainda no topo das preferências”.

Em termos globais, 75% dos inquiridos pelo IPDT que dizem ter marcado férias ficam dentro de portas, enquanto 17% optaram pela Europa.

Nas agências de viagens os destinos mais procurados no estrangeiro são as Caraíbas (República Dominicana, México e Cuba) e Cabo Verde. Estas localizações estão no topo das vendas da Top Atlântico. Nuno Anjos, da Soltrópico destaca Cabo Verde (Ilha da Boavista e Ilha do Sal), Saidia, Marrocos, Brasil, São Tomé e Príncipe e Tailândia.

Portugueses querem tudo incluído
Quando reservam, os portugueses dão prioridade às “condições e infra-estruturas, especialmente quando se tratam de famílias”, detalha. “Há um forte enfoque na relação qualidade/preço, optando por viajar até destinos que se adaptem ao seu orçamento”, continua. Quanto ao perfil, é um turista que prefere destinos de sol e mar, próximos de casa, “especialmente para famílias com crianças pequenas, com boas unidades hoteleiras que ofereçam uma variedade de serviços”. “O português tem um perfil que opta maioritariamente por regime de tudo incluído”, diz Nuno Anjos.

Por seu lado, Margarida Blattmann sublinha que o preço é o factor fundamental que rege as decisões dos clientes, “nomeadamente nos destinos de massa mais procurados”. Há, ainda, a segurança do destino.

O estudo do IPDT mostra que, em Maio, 22% dos portugueses indicaram que não iam fazer qualquer tipo de reserva de férias. “Para nós, isto está associado ao facto de terem uma segunda residência ou ficarem em casa de família ou amigos”, afirma Jorge Costa. Em 2015, há mais pessoas a pensar gozar férias no Verão (52% que compara com 50% no ano passado), mas a percentagem dos que indicam fazê-lo fora de casa diminuiu de 67% em 2014, para 47% este ano.

A idade, o rendimento e o nível de escolaridade influenciam as respostas dadas. Num outro inquérito do IPDT, feito através do Facebook e, por isso, a um público com mais apetência para o consumo de produtos turísticos, a maior parte opta por fazer férias em Portugal mas escolhe outros destinos próximos, como Espanha. “Usam preferencialmente estabelecimentos hoteleiros, optando por fazer mais períodos de férias com estadas mais curtas e acompanhados por menos pessoas”, refere o instituto.

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