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    Vernazza Fototeca ENIT/Gino Cianci
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Na Itália, estas cinco terras querem numerus clausus para turistas

Por Luís J. Santos

Cinque Terre tem "turistas a mais" e vai cobrar entrada e impor um limite de milhão e meio de visitantes por ano.

São cinco aldeias piscatórias medievais aninhadas numa parte da costa da Ligúria italiana. Património da Humanidade pela Unesco são, para muitos, a garantia de um passeio cheio de encanto e beleza natural - afinal, é aqui a "Via dell'Amore" (um caminho apaixonante mas, por sinal, fechado há cerca de três anos e meio por problemas de segurança após derrocada)... Para muitos ou, como conclui a gestão do Parque Cinque Terre, para demasiados.

"É uma questão de sobrevivência", afiança o director desta ára protegida, Vittorio Alessandro, ao jornal italiano La Repubblica. Por ano, até agora, a zona, com as suas pitorescas aldeias a serpentearem pela costa e interligadas por caminhos pedestres  ou por um comboio do século XIX, era visitada por mais de dois milhões e meio de pessoas. "Parece uma ideia excêntrica", diz Alessandro, "quando a tendência é para aumentar o turismo, encher quartos e camas. Seremos criticados, claro, mas o parque deve ter uma missão pedagógica".

Para suster a invasão turística - por terra mas também por mar, com inúmeros cruzeiros - e defender a sustentabilidade destas terras de postal ilustrado, o parque está a activar um plano de contingência que incluirá o pagamento de entrada e um 'numerus clausus' de um milhão e meio de visitas.

Em toda a zona serão instalados aparelhos para controlar as entradas, que deverão ser adquiridas previamente online. Os turistas só entrarão se tiverem bilhete e, garante Alessandro, assim que for atingido o milhão e meio de visitantes, os acessos encerram e quem quiser visitar Vernazza, Corniglia, Monterosso al Mare, Manarola, Riomaggiore pode ficar em lista de espera.

O parque pretende assim "racionalizar o fluxo de chegadas" para "salvar as aldeias", pretendendo também lançar uma aplicação com toda a informação e em que os turistas poderão também saber em tempo real o número de visitantes atingido. Posteriormente, o parque quer impor outras medidas - até em consonância com outras zonas -, como um cartão turístico que será a única forma de os visitantes acederem ao território ou comboios exclusivos para residentes.

Tudo para resolver um "stress social injusto" para os habitantes, que têm que viver com multidões de turistas, o redobrar de comboios turísticos, verdadeiras filas indianas nos caminhos ou o aumento de roubos e insegurança. "Sem uma regulamentação restrita de chegadas, a segurança é posta em risco", conclui Alessandro ao jornal.

Reacção: Parque diz que "não abriu as hostilidades contra os turistas"

A notícia sobre "numerus clausus" em Cinque Terre deu logo a volta ao mundo, obrigando Alessandro a voltar ao tema (no Facebook do parque) para esclarecer que as "preocupações são infundadas". "Cinque Terre não tem portas", sublinha, referindo que apenas se quer saber "com antecedência", "dimensões e características dos fluxos turísticos" para melhor geri-los, procurando-se medidas para preservar o "património cultural e ambiental" e "a qualidade da recepção", sem esquecer "a segurança". 

Num comunicado oficlal, o parque, pouco depois, veio também a público esclarecer quaisquer mal-entendidos. Na nota, de dia 19, sublinha-se que é um "erro" pensar que o organismo "abriu as hostilidades contra os turistas". "Na verdade, são eles próprios, juntamente com os residentes, a pagarem o alto custo da massificação", referem. "Em vez disso, gostaríamos de recebê-los como em nossa casa, onde, quando os convidados chegam, a primeira coisa que fazemos é contar as cadeiras".

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