O conceito é o mesmo, estejamos a falar de Vila Nova de Gaia ou do Pinhão: oferecer aos turistas razões para ficar mais tempo nos locais ligados ao Vinho do Porto e outras tantas para que os visitem durante todo o ano. A forma de lá chegar, diz o director-geral do The Fladgate Partnership, Adrian Bridge, é “estimular o mercado, diversificando” a oferta. Em Gaia, ou “na margem sul do Porto”, como diz este responsável, o projecto da Cidade do Vinho ainda não está fechado, mas no Pinhão, o grupo já sabe exactamente o que quer fazer, num investimento de dez milhões de euros que vai mudar a marginal da vila.
O projecto da Fladgate para Gaia ainda não está definido porque o grupo ainda não sabe “a escala” a que o poderá concretizar. “Podemos estar a falar de um investimento de cem milhões ou de vinte milhões, se não tivermos escala suficiente para fazer tudo”, diz Adrian Bridge. A Cidade do Vinho ainda precisa de ser aprovada, nomeadamente, pela Câmara de Gaia, por isso, o responsável do grupo que é dono da Taylor’s ou do The Yeatman diz que ainda é cedo para revelar tudo o que pretende fazer nos antigos armazéns abandonados abaixo do hotel de luxo. Mas, a expectativa é que uma vasta área, propriedade do grupo, possa ser transformada em “museus, lojas, restaurantes, estacionamentos e locais de novas actividades”. No fundo, diz, ter “novos produtos” para oferecer a quem visita a cidade. “Não preciso de mais festivais de vinho no Verão, preciso é de um festival de vinho e gastronomia em Janeiro e de uma feira do bom artesanato local no início de Dezembro”, afirma, deixando antever o que poderão ser algumas das apostas para o futuro.
“Temos aqueles armazéns velhos onde podemos estimular novos produtos e o consumidor precisa de produto diversificado, para estimular e prolongar a visita ao Porto. As pessoas passam em média 2,5 dias na cidade, no que temos estado a trabalhar é como podemos fazer para que fiquem 3,5 dias. E isto faz-se com nova oferta”, explica. Esta é “a base” da Cidade do Vinho, que conta já com importantes trunfos no Porto e Gaia e que será indissociável do investimento que o grupo pretende fazer no Pinhão.
Em termos de hotelaria, o grupo passou, nos últimos meses, de detentor de um único hotel para três, com o Hotel Infante Sagres (Porto) e o Vintage House Hotel (Pinhão) a juntarem-se ao The Yeatman. Na marginal de Gaia, a Taylor’s espera abrir em Junho o novo centro de visitas, cuja inauguração chegou a estar prevista para a Páscoa. E os dois barcos que farão a ligação entre Gaia e o Porto, as “rabelas”, também deverão começar a operar no próximo mês, depois de ultrapassada toda a parte burocrática que atrasou o processo.
A diversificação de que Adrian Bridge fala vai começar pela nova forma de visitar as caves da Taylor’s, com o público a fazer o percurso ao seu próprio ritmo, sem ninguém a guiá-lo, para lá de um áudio-guia, à semelhança do que já acontece em vários museus. Na prática, cada um será livre de escolher se quer ver tudo – há vídeos e muitas fotografias a contar a história da marca, a juntar-se às pipas, tonéis e à zona dos vintage – e ficar pelas caves durante umas boas duas horas, ou se quer apenas sentir a atmosfera e obter a informação básica, podendo fazer o percurso em 20 minutos. E essa diversificação de oferta continua com a possibilidade de cruzar as duas margens do Douro a bordo de um barco inspirado nos rabelos e que, apesar de aberto a todos, tem claramente uma vocação turística, com os preços previstos de 3 euros por trajecto único ou 5 euros se se optar por comprar um bilhete de ida e volta.