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Gonçalo Viana

O novo guia de Lisboa não tem mapas, mas literatura

Por Liliana Borges

O Guia: Ler e Ver Lisboa reúne a visão de 40 artistas, dos quais 20 escritores e 20 ilustradores, e assinala os 20 anos da EGEAC na coordenação da actividade cultural da capital portuguesa.

Um passeio por Lisboa com um dos seus escritores favoritos ou um dos seus locais de eleição desenhado por um dos seus ilustradores preferidos? A partir desta quarta-feira isso é possível e está tudo no Guia: Ler e Ver Lisboa.

Mas se está à espera de encontrar um mapa com os percursos desenhados e aconselhados por cada autor, esqueça. Este guia é tudo menos o convencional guia turístico. Composto por histórias que tornam a sua literatura e ilustração tão real quanto imaginária, a ideia do guia partiu originalmente de Patrícia Portela e Afonso Cruz, que rapidamente arrastaram mais 38 cúmplices consigo. No total, são 20 escritores e 20 ilustradores que convidam a uma viagem diferente pela cidade de Lisboa.

O número 20 não é inocente. O projecto assinala os 20 anos de gestão da EGEAC – Empresa de Gestão Cultural de Lisboa, que começou por se dedicar ao Castelo de São Jorge, ao Museu do Fado e às Festas de Lisboa, e assina uma parceria com a editora-associação cultural Prado. Entre os 40 artistas que assinam o livro, listam os nomes de André Carrilho, Maria Imaginário, Rui Zink, Catarina Fonseca, Gonçalo M. Tavares e Alice Vieira.

O guia começa com a ilustração de Alex Gozblau do teatro municipal S. Luiz, primeiro a sua fachada, depois o seu interior. Abrem-se as cortinas e um par de páginas depois podem ler-se as primeiras frases do guia. “Chego a Lisboa pelo estuário do Tejo. Como Ulisses”. Entre a Praça do Comércio e a Ribeira das Naus, a cidade ganha vida a cada avenida reconhecida e a cada ruela escondida.

Há eléctricos amarelos, um Padrão dos Descobrimentos cinzento e debaixo de chuva e um outro, feito de folhas quadriculadas, onde uma diversidade de pessoas ganham asas e voam para o céu. Há Campo Grande, Benfica e medos superados no Elevador de Santa Justa. Um calceteiro que desenha uma rota dos ventos para “trazer o Norte de volta à terra, a ver se mais ninguém se perde”.

Pela caneta de um autor que se sente “cercado de ventos, fumos de escape e buzinas” , o guia reúne retratos ficcionados que descrevem a realidade de todas as Lisboas dentro de Lisboa e de guias dentro de guias. É o caso da ilustração de Madalena Matoso que colecciona sequóias, jacarandás, pinheiros-mansos, cipestres dos pântanos e tantas outras árvores, distribuídas pelo Príncipe Real, pelo jardim Botânico e pelos museus de Lisboa.

O lançamento do guia acontece nesta quarta-feira, pelas 18h30, no auditório central da Feira do Livro. Todas as ilustrações do guia serão expostas na galeria abysmo até 30 de Junho, cuja inauguração acontece também esta quarta-feira, às 21h.

Nos dias 11, 18, 19 e 25 de Junho, alguns dos autores do guia marcam presença em visitas guiadas pela cidade. O programa pode ser consultado na página do evento, mas está ainda sujeito a alterações.

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