"Na Europa estarão em circulação perto de dois milhões de autocaravanas. Em Portugal não existe registo oficial da viatura autocaravana, mas calcula-se que serão entre 4 e 5 mil. O crescimento destes valores (na Europa e em Portugal) andará pelos 15% ao ano", disse à agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Autocaravanismo (FPA), a propósito do encontro nacional de autocaravanistas que decorreu no fim-de-semana em Idanha-a-nova.
José Pires frisa que o autocaravanismo, conhecido como "turismo itinerante", é um segmento do mercado turístico "em franco desenvolvimento" e projecta que neste ano se ultrapassem os dois milhões de dormidas - cerca de 5% do total de dormidas turísticas no país.
"Em Portugal, anualmente, o número de dormidas já ultrapassará os dois milhões, de que resultarão mais de 100 milhões de euros vertidos diretamente no comércio e restauração dos locais visitados. É possível pensar num forte incremento destes valores de forma sustentada", defende o presidente da FPA.
Mais de 80% destes dois milhões de dormidas são de visitantes estrangeiros que, à semelhança dos autocaravanistas nacionais, preferem as épocas média e baixa e optam por viajar ao longo da costa portuguesa, nomeadamente no litoral alentejano e Algarve.
A Lusa pediu à Secretaria de Estado do Turismo dados relativos à prática de autocaravanismo em Portugal, designadamente o peso que esta actividade tem no total do turismo nacional e se está a ser preparada alguma legislação para este segmento do turismo. Numa resposta escrita, o Ministério da Economia informou que "não existe neste momento informação reunida suficiente" sobre o assunto.
Uma das principais críticas apontadas pela Federação Portuguesa de Autocaravanismo é a falta de legislação adequada. "Não existe uma lei que trate convenientemente a autocaravana, o autocaravanismo e as infraestruturas indispensáveis para o apoiar. As poucas leis que estão publicadas não servem, porque, tendo sido escritas sem escutarem as organizações que representam o autocaravanismo, apresentam erros e são assimétricas", salienta o presidente da FPA.
José Reis diz que existem resoluções do Conselho de Ministros e regulamentos autárquicos de trânsito e de atividades diversas, mas que não servem esta atividade nem o país.
"Todas estas restringem de forma discriminatória e absurda sem oferecerem alternativas credíveis, e não resolvem a verdadeira necessidade: uma rede nacional com diversos tipos de infraestruturas de apoio, inteligentemente situadas, que possam encaminhar os autocaravanistas para locais de interesse, sugerindo circuitos", defende este responsável.
O presidente da FPA acrescenta que a falta de planeamento está a potenciar o aparecimento de infraestruturas incompletas, que não servem os autocaravanistas, os quais têm um tratamento bem diferente na vizinha Espanha.
"Enquanto em Portugal se vive este clima de alguma hostilidade, embora existam algumas câmaras municipais e juntas de freguesia, poucas, mas boas exceções, em Espanha a situação de alguma dificuldade que existia, vai sendo alterada, com grande apoio das autarquias", aponta José Reis.
Cerca de 80% dos autocaravanistas são reformados.
O custo das autocaravanas pode ir dos 60.000 aos 100.000 euros, mas há no mercado de usados, ofertas por valores inferiores. Cerca de 80% dos autocaravanistas são reformados.