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  • Mais de cem locomotivas
    Mais de cem locomotivas "Dora" foram vendidas a Pyongyang Damir Sagolj/Reuters
  • Ainda hoje circulam no metro da capital da Coreia do Norte
    Ainda hoje circulam no metro da capital da Coreia do Norte Peter Parks/AFP
  • Em Pyongyang, o exterior das carruagens foi pintado de verde e vermelho
    Em Pyongyang, o exterior das carruagens foi pintado de verde e vermelho Peter Parks/AFP
  • Mas em Berlim estão a ser pintadas do amarelo original
    Mas em Berlim estão a ser pintadas do amarelo original Wikipedia/Roehrensee

O que têm Berlim e Pyongyang em comum? Estes comboios dos anos 1950

Por Fugas

Três comboios com cerca de 60 anos estão a ser renovados e, a partir da próxima Primavera, vão circular numa das linhas do metro da capital alemã. Pormenor: Pyongyang, capital da Coreia do Norte, é o único sítio do mundo onde estas locomotivas também são utilizadas.

O que é que as capitais da Alemanha e da Coreia do Norte têm em comum? Pouca coisa, dir-se-ia. Mas a partir da próxima Primavera, há pelo menos um factor a unir as duas cidades: serão as únicas do mundo onde circulam locomotivas de um modelo construído na Alemanha na década de 1950.

No caso de Berlim, trata-se de um regresso, directamente do museu para os carris da linha U-55 do metropolitano. Devido à falta de comboios para servir a rede pública ferroviária, a companhia de transportes da cidade (BVG) decidiu renovar três comboios construídos na década de 1950 para adaptá-los aos actuais regulamentos de segurança e voltar a pô-los a circular. O primeiro de três comboios de duas carruagens já está a ser restaurado, integrando um projecto orçado em quase dois milhões de euros.

O amarelo da carcaça exterior já ganhou novo brilho, os estofos verdes dos bancos originais estão a ser restaurados e há antigos avisos colados nas paredes das carruagens para criar uma sensação de nostalgia e de recuo no tempo. Viajar sem bilhete, por exemplo, dá direito a uma multa de 60 marcos alemães, lê-se num deles, segundo o jornal Morgenpost (a penalização é, actualmente, de 60€).

Ao mesmo tempo, pequenos pormenores estão a ser incluídos para trazer os comboios vintage aos tempos modernos. Os puxadores das portas estão a ser substituídos por botões, foram introduzidos sinais luminosos e sonoros para avisar os passageiros sobre a abertura e fecho de portas, e estão a ser instaladas câmaras de videovigilância no interior das carruagens.

Dentro de poucos meses, as velhas locomotivas, paradas há 12 anos, vão voltar aos carris e circular na linha U-55 – curiosamente a mais recente do metropolitano berlinense. Projectada no rescaldo da reunificação da Alemanha e sucessivamente adiada desde os finais dos anos de 1990 por falta de fundos, a linha U-55 foi finalmente inaugurada em 2009, com menos de dois quilómetros de extensão e apenas três paragens, desde a estação principal de comboios da cidade até Brandenburger Tor, com paragem intermédia junto ao parlamento alemão.

É entre as três estações que os comboios restaurados vão circular, para trás e para a frente na única via da minúscula linha, utilizada sobretudo por turistas. Pelo menos enquanto não estiverem concluídas as obras de extensão da linha, que deverá ligar a estação central de comboios à linha U-5, tal como planeado no final do século passado. O alargamento da linha deverá estar concluído daqui a quatro anos. Nessa altura, as velhas locomotivas serão, de novo, substituídas por veículos modernos e definitivamente transformadas em peças de museu, de acordo com a Lonely Planet. Os comboios modernos que circulam actualmente na U-55 vão ser transferidos para a linha U-6.

As locomotivas “Dora” foram criadas na década de 1950 para servir o metropolitano de Berlim na grande extensão da rede definida pelo Senado no pós-Segunda Guerra Mundial. Quando os comboios, feitos em aço, foram substituídos por novas unidades com partes em alumínio, dezenas de locomotivas antigas foram vendidas à Coreia do Norte, para serem utilizadas no metro de Pyongyang. Em vez de publicidade e avisos, há retratos dos líderes coreanos pendurados nas carruagens.

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