É o fim de uma era: a mais antiga coffee shop de Amesterdão, a pioneira que contribuiu para que estes estabelecimentos se tornassem uma marca da cidade, Mellow Yellow, vai fechar no final do ano. No próximo ano cumpria meio século de vida, mas no dia 1 de Janeiro já não vai abrir. A primeira coffee shop à moda holandesa, ou seja, que vende e permite o consumo de cannabis, é (mais) uma vítima da regulamentação que obriga a encerrar qualquer estabelecimento deste tipo que se localize até 250 metros de uma escola.
A nova regulação tem como objectivo evitar o início do consumo desta droga leve entre os jovens – porém, argumenta o proprietário, a escola em questão é uma academia para cabeleireiros e a maioria dos estudantes tem mais de 18 anos. Em declarações ao britânico Daily Telegraph, Johnny Petram afirma que serve milhares de pessoas todos os dias, turistas e locais. “Mesmo pessoas que não fumam vêm aqui para tirar uma foto. Fazemos parte da história de Amesterdão.”
Esta é apenas uma entre os 28 estabelecimentos que vão ser agora encerrados, numa altura em que a cidade está a reforçar a aplicação do regulamento para evitar ter de implementar o Weed Pass que o governo holandês introduziu em 2012 para proibir que turistas tivessem acesso aos famosos coffee shops – apenas os holandeses o poderiam fazer.
Até agora, Amesterdão tem conseguido contornar o “passe da erva” – adoptado e, entretanto, abandonado em muitas cidades holandesas (as grandes resistentes ao abandono são as cidades do Sul do país, perto das fronteiras com a Alemanha e Bélgica, como Maastricht) –, mas os locais onde os estrangeiros continuam a poder consumir cannabis em Amesterdão são cada vez menos.
Na verdade, desde a década de 1990, o número de coffee shops na cidade desceu para metade (são agora cerca de 175), nomeadamente no famoso "Red Light District”, que a autarquia está empenhada em “limpar”. Tudo para evitar o que alguns chamam de “turismo de droga”. No entanto, os números não enganam e a cultura das coffee shops continuam a ser uma dos grandes atractivos turísticos de Amesterdão: entre 25% e 30% dos turistas frequentam pelo menos uma coffee shop durante as visitas.