Imagine que chegou à cidade muito antes do período de check-in no hotel ou da hora combinada com o amigo ou o dono do apartamento que alugou no Airbnb; ou que o voo de partida é muito depois de ter entregado as chaves do alojamento; ou que simplesmente percebeu que a mala pesa demasiado para o passeio que se propôs fazer pelo Porto.
Agora há uma loja no centro da cidade que pretende resolver o problema dos “turistas modernos”, que, entre os constrangimentos dos horários dos alojamentos e dos voos low cost, acabam “a andar com as malas pelas ruas”, descreve a proprietária Juliana Torres. A The Biggest Cloakroom in the World abriu a primeira loja a 17 de Dezembro na Rua das Taipas e funciona como um bengaleiro ou depósito de bagagens pensado para os turistas, com segurança 24h por dia (através de câmaras de videovigilância e alarme ligado directamente à central de segurança).
O espaço inaugural tem capacidade para cerca de 40 malas de cabine, sendo que os preços variam conforme o tamanho da bagagem. Guardar itens pequenos, como malas de mão, computadores portáteis, câmaras fotográficas ou capacetes custa 3€ por um máximo de três horas (até cinco horas custa 5€ e a diária é de 7€). Já o depósito de malas de cabine, até 70 cm de comprimento, custa 4€ e as bagagens maiores custam 5€ por três horas (aumentando dois euros em cada período de armazenamento tabelado).
Também é possível deixar as malas na loja por “grandes temporadas”, com preço sob consulta. Um serviço que tem tido mais procura do que o inicialmente previsto por Juliana. “Há muitos turistas que querem viajar pelo país durante uns dias e deixar aqui a mala maior e levar só uma mais pequena”, conta.
Aberto há cerca de três semanas, este deverá ser apenas o primeiro espaço de uma rede de “pequenas lojas de proximidade pulverizadas pela cidade e pelo país”. Juntas formarão então “o maior bengaleiro do mundo” – expressão que dá nome ao conceito, em inglês.
Pelo menos é essa a intenção de Juliana Torres. A publicitária brasileira, de 39 anos, veio viver para Portugal em 2000 e depois de uma longa temporada de trabalhos entre Lisboa e vários países africanos decidiu regressar de vez a Portugal em Abril do ano passado.
“Estava à procura de alguma coisa na área do turismo, que fosse inovadora e que as pessoas precisassem”, recorda. Durante umas férias em Itália, não encontrou um sítio onde pudesse deixar as malas e as compras por umas horas – daí nasceu a ideia de negócio da Cloak Room, para já aplicada no Porto, onde vive actualmente.
No entanto, o objectivo é expandir ao resto do país e já está a estudar duas novas localizações – a segunda no Porto e uma em Braga. Isto para o primeiro semestre do ano. Depois, a ideia é apostar em espaços sazonais. Quer através de uma “loja móvel”, que percorra eventos e festivais – como um campeonato de surf na Ericeira ou uma concentração de motas em Faro, exemplifica; quer através de parcerias com lojas maiores, onde possa ter uma área reservada durante uma época – por exemplo, no Verão em cidades algarvias ou em Maio em Fátima.