Não importa quantas personagens construiu David Bowie – pouco haverá mais reconhecidamente Bowie em termos visuais do que o relâmpago que lhe pinta a cara na capa do álbum Aladdin Sane.
Agora, os moradores de Brixton, o bairro londrino onde David Robert Jones cresceu, querem que o relâmpago mais icónico da história da música ganhe vida e faça parte da paisagem de Londres como (mais) uma monumental peça de arte pública – mais propriamente em frente à estação de metro de Brixton, diante do mural Aladdin Sane, de Jimmy C, e diante da famosa Electric Avenue, a apenas algumas ruas de Stansfield Road, onde nasceu.
Será um relâmpago “a desafiar a gravidade”, lê-se na página do projecto, em aço inoxidável pintado a spray vermelho e azul e da autoria de This Ain't Rock'N'Roll. “Assim como David Bowie aterrou nas nossas vidas como um ser do outro mundo, o memorial (é demasiado cedo para chamar-lhe ZiggyZag?) emerge do pavimento de Brixton – um relâmpago com altura de três andares. Uma missiva de nove metros vinda de outra dimensão, atirada de longe. Inexplicada, e, contudo, profundamente familiar; uma lembrança pungente de que a vida existe para além do quotidiano. De que a música, a arte e a curiosidade são vitais, contribuições positivas para a nossa existência colectiva.”
Mas para que Brixton consiga contribuir positivamente para a nossa existência colectiva é preciso dinheiro e por isso, desde 21 de Fevereiro (um dia antes de David Bowie ganhar, a título póstumo, dois Brit Awards, para melhor artista a solo masculino e para álbum do ano, com Blackstar, que muitos vêem como o seu “testamento musical”), há uma campanha no site Crowdfunder.com (www.crowdfunder.co.uk/bowie) para angariar até ao próximo dia 21 de Março as 990 mil libras (1.172.000 euros).
Essa é a verba que os promotores consideram necessária para realização do projecto que “de manhã terá o sol a brilhar directamente na estrutura” e “à noite será iluminado”, trazendo nova energia a todos os que se deslocarem à zona conhecida pelas salas de espectáculos, como a Brixton Academy, a Windmill e a Electric. E que desde a morte, há pouco mais de um ano, de Bowie se tem tornado local de peregrinação de todos os fãs do “camaleão do rock” – o local onde “The Man Who Fell to Earth” realmente caiu na terra, como um verdadeiro “Brixton boy”, lê-se no manifesto.
Até agora participaram 432 doadores e foram angariadas 36.885 libras (43.731 euros). Qualquer quantia é bem-vinda, mas para doações entre 200 e 600 libras estão previstas recompensas-presentes. Desde a inclusão do nome na página oficial da Internet do monumento até um pendente (e fio) em ouro com o relâmpago, passando por t-shirts, posters, impressões limitadas em vários tamanhos, pins, um livro de fotografia sobre Brixton, não só da coleção de This Ain’t Rock ‘n’ Roll, mas também de outros artistas como Daniel Fisher, Jon Daniel e Robert Glen que trabalharam sobre a iconografia de Bowie.