O imenso arco que a natureza tinha esculpido na costa Oeste da ilha de Gozo, em Malta, formava uma moldura perfeita para encaixar o Mediterrâneo e as falésias rochosas, o cenário ideal para enquadrar as fotografias das férias. Era, por isso, um dos principais ícones turísticos da segunda maior ilha daquele arquipélago europeu. Foi ali que Daenerys Targaryen e Khal Drogo se casaram na primeira temporada de Guerra dos Tronos. Foi cenário de filmes como Choque de Titãs (1981) ou O Conde de Monte Cristo (2002).
Reports commissioned over the years indicated that this landmark would be hard hit by unavoidable natural corrosion. That sad day arrived.
— Joseph Muscat (@JosephMuscat_JM) 8 de março de 2017
Esta manhã, a mesma força da natureza que o tinha criado, deitou-o no mar. O Tieqa tad-Dwejra – também conhecido como “Azure Window” – colapsou depois de ventos fortes terem atingido a ilha. “Os estudos encomendados ao longo dos anos indicavam que este monumento [natural] seria duramente atingido pela inevitável erosão natural. Esse triste dia chegou”, lamentou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, no Twitter. “Desolador”, comentava pouco depois o governante na mesma rede social, num post acompanhado por uma fotografia do local.
The site from where one could admire it-Tieqa tad-Dwejra. Heartbreaking. pic.twitter.com/S4XV6MyKRu
— Joseph Muscat (@JosephMuscat_JM) 8 de março de 2017
Não só desabou a “ponte” gigante que a estrutura formava, como o “pilar” que se erguia do Mediterrâneo parece ter sucumbido por completo à força do vento e do mar. Nas fotografias publicadas esta quarta-feira nos media internacionais e nas redes sociais, é como se a “Janela Azul” nunca tivesse existido.
#Dwejra #AzureWindow site today. Picture by @Armed_Forces_MT pic.twitter.com/9reBk7nmr5
— Joseph Muscat (@JosephMuscat_JM) 8 de março de 2017
“Surgiu um mar violento debaixo da ‘janela’. De repente, o arco desabou no mar com um estrondo, criando um esguicho enorme. Quando o jacto desapareceu, o monte tinha desaparecido também”, contou Roger Chessell, habitante da vila vizinha de Xaghra, ao Times of Malta.
De acordo com o jornal local, um estudo realizado em 2013 dava conta da inevitabilidade da erosão da estrutura, mas avançava que esta não estava em perigo iminente de colapso. Os geólogos davam-lhe, então, décadas de vida.
No entanto, no último ano, aumentaram as preocupações em relação ao futuro do arco no longo prazo. Recentemente, as autoridades tinham proibido a travessia da “ponte” que se formava no topo da estrutura, com sinalização no local e a aplicação de multas em caso de incumprimento, embora muita gente continuasse a ignorar as advertências.
Segundo o ministro do Ambiente de Malta, José Herrera, nenhuma intervenção humana poderia ter evitado que o arco desabasse, disse esta quarta-feira numa conferência de imprensa.
