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A presença do ouriço-do-mar nos menus portugueses ainda é invulgar

A presença do ouriço-do-mar nos menus portugueses ainda é invulgar

A Ericeira volta a ser a Ouriceira

Por Francisca Gorjão Henriques

Festival internacional, que acontece de 31 de Março a 9 de Abril, vai colocar o ouriço-do-mar no centro das atenções. Isto é, dos menus.

Não se pode ainda dizer que seja uma moda: há apenas meia dúzia de mariscadores e pescadores a apanhar ouriços-do-mar na Ericeira (que por causa destes bichos chegou a chamar-se de Ouriceira). Mas, entre 31 de Março e 9 de Abril, esta vila de pescadores vai estar ocupada à volta de um tema.

Está quase a terminar a época dos ouriços (de Novembro a Abril), e eles serão a estrela dos menus de 24 restaurantes que aderiram à terceira edição do Festival Internacional do Ouriço-do-mar – na primeira participaram 9, o que dá uma indicação de como o festival tem crescido, indica à Fugas Nuno Nobre, promotor da iniciativa.

Quem quiser poderá perceber por que é que países como França ou Japão dão tanta atenção a esta iguaria. Para além das duas dúzias de restaurantes que os vão preparar, reinventando receitas ou servindo-os ao natural, haverá showcookings no Mercado Municipal (1 e 8 de Abril). As demonstrações serão feitas por António Alexandre, chef do projeto Endògenos (liderado por Nuno Nobre para promover e valorizar produtos locais), o australiano Justin Jennings ou o peruano Roberto Sihuay.

Mas o encontro não servirá apenas para animar o paladar. Nuno Nobre salienta a importância da área científica presente nas jornadas técnicas que vão decorrer na Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva. Como consumir as ovas dos ouriços (que na verdade se chamam gónodas, e que são a parte comestível do animal) sem comprometer os stocks? Como desenvolvê-los em aquacultura? De que forma se pode repovoar certas zonas com ouriços-do-mar? Estas são algumas das questões que vão ocupar especialistas da Universidade de Évora, da Faculdade de Ciências de Lisboa e da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (do Instituto Politécnico de Leiria) durante os debates.

Acredita-se que há potencial de crescimento – afinal, em 2015 venderam-se em lota apenas pouco mais de nove mil quilos. Mas falta resolver não só a questão do repovoamento (a presença dos ouriços entre Cascais e Peniche, por exemplo, diminuiu nos últimos anos devido a maior escassez das algas com que se alimentam, adianta Nuno Nobre), como a da produção em aquacultura, que ainda não se faz em Portugal.

Certo é que há cada vez mais visitantes a chegar à Ericeira e a perguntar pelos ouriços-do mar. E esta relação entre turismo e gastronomia irá estar também em cima da mesa.

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