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Ian Waldie/Reuters

Por enquanto, o Brexit sorri para o turismo britânico

Por Fugas

Aumento do número de visitantes e de dinheiro gasto no Reino Unido. Estes são os indicadores do turismo britânico desde que o referendo deu a vitória ao Brexit e a libra começou a desvalorizar. 2017 será um ano vintage para a indústria turística do outro lado do Canal da Mancha, apontam especialistas. Mas até quando?

O B-day chegou, com o Reino Unido a pedir formalmente o pedido de divórcio à União Europeia, e, enquanto não se sabe se a separação será amigável ou não, o sector do turismo britânico parece ter razões para sorrir.

Desde que o referendo deu a vitória ao Brexit, a libra tem perdido valor, o que, dizem os especialistas do sector ouvidos pelo jornal The Guardian, está na base do aumento não só do número de turistas como no de dinheiro gasto. Afinal, segundo um relatório do Visit Britain, a autoridade oficial do turismo britânico, Fevereiro de 2017 revelou-se 11% mais barato para turistas estrangeiros no país quando comparado com o mesmo mês em 2016. O que ajuda a prever um Verão em grande, com um aumento recorde do número de visitantes.

Mas há vozes que avisam: “A libra mais fraca torna o Reino Unido um destino atractivo, mas o governo deveria recordar que tal é apenas o benefício a curto prazo”, diz Ufi Ibrahim, da British Hospitality Asssociation; “Tenho falado com membros e muitos viram um aumento no número de reservas que atribuem, em parte, à desvalorização da libra. Mas há uma preocupação real sobre o que poderá acontecer à medida e quando a libra comece a recuperar”, nota Deborah Heather, da Quality in Tourism, que atribui estrelas nos hotéis do Reino Unido.

Por enquanto, todos os números parecem ajudar ao optimismo. O mais recente relatório sobre o impacto económico para 2017 do Conselho Mundial de Viagens e Turismo refere que o sector de viagens e turismo no Reino Unido vai ter um bom ano, apesar das incertezas causadas pelo Brexit. Veja-se: prevê-se que o dinheiro gasto pelos visitantes cresça 6,2%, o que terá efeitos positivos para muitos. Desde logo no emprego, quatro milhões de postos de trabalho que correspondem a 11,9% do total de emprego do Reino Unido e valem 127 mil milhões de libras.

Por exemplo, segundo a Visit Britain, por cada 22 novos visitantes chineses, um novo trabalho no sector é criado. E esse número irá aumentar, segundo algumas empresas do sector: a companhia de reservas de voos Cheapflights verificou um enorme interesse na China por viajar para o Reino Unido, com um aumento da procura de 373% nos últimos seis meses; Itália e França também se movem nessa direcção, com 104% e 97%, respectivamente, de buscas adicionais.

Também nos hotéis se sente a mesma dinâmica. O site de reservas online HotelsCombined.co.uk divulgou um aumento de reservas de Itália (149%), Áustria (135%) e Espanha (122%). Taiwan (134%) e Singapura (132%) também entram na lista, neste caso justificado pela abertura de novas rotas aéreas directas. A Escócia, e sobretudo as Terras Altas, têm registado as melhores performances junto da empresa de alugueres de férias Cottages.com: um aumento de quase 20% previsto para a Páscoa.

Para já, e de acordo com dados do Visit Britain, em Janeiro, estabeleceu-se um novo recorde nas entradas no Reino Unido, 2,85 milhões, com gastos de 1,5 mil milhões de libras (subida de 15% em relação a 2016), enquanto as visitas de férias e de negócios também registaram subidas históricas, com aumentos de 19 e 22% respectivamente. As reservas de voos para o período entre Março e Agosto deste ano subiram 19% e a previsão é que a subida se mantenha no resto do ano, com um total de 38,1 milhões de visitantes e um total de gastos de 24,1 mil milhões de libras.

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