Para um pouco de vida relaxada na praia já não é suficiente ir para sul, diz o jornalista Paul Richardson: agora é necessário ir também para oeste. Esqueçam o Algarve com os seus condomínios, os cartazes com noites de festa, os centros comerciais, os parques aquáticos. Recuperar os prazeres das férias europeias à beira-mar antes das multidões chegarem só se consegue na linha costeira que parte do cabo de São Vicente até Sagres, onde se encontram algumas das mais belas praias da Europa, especialmente a norte de Odeceixe, onde está provavelmente, diz, o menos desenvolvido litoral do Sul da Europa. Mesmo nos meses do Verão, quando o jornalista por lá andou, diz, é possível encontrar pedaços do paraíso quase por sua conta.
Nada que os portugueses não soubessem já, mas que deixa o jornalista deslumbrado também pelo contraste entre largas praias, as dunas, as falésias, as grandes ondas atlânticas.
Fala-se da fortaleza de Sagres e do Infante D. Henrique, da ausência de glamour substituída por restaurantes simples com grelhadores à porta e nada de menus de degustação, alojamentos rústicos e acolhedores e ausência de eventos sociais estivais: à parte, escreve, do Festival Sudoeste, na Zambujeiro do Mar, o maior acontecimento é o ritual diário do pôr do sol no cabo de São Vicente que reúne centenas de pessoas com cerveja na mão e apenas o som das ondas por baixo. Abre, porém, uma pequena excepção para a Comporta, onde a discrição e a simplicidade se transformam num enclave de elegante pé descalço, com frequentadores como Carla Bruni e Christian Louboutin.
Se o surf como grande motor de atracção não é esquecido, também não é esquecido o interior, com os campos de milho e de trigo, as florestas de eucaliptos e de sobreiros, as vinhas e os pomares, os rebanhos e os tractores, as pequenas casas brancas. Mas, sendo este um trabalho sobre o litoral selvagem da Europa, é nele que se centra sobretudo, maravilhando-se por tantas praias se manterem “intocadas”. Não são versões das Caraíbas, com banhos quentes, “onde pequenas ondas apáticas vêm aninhar-se em areias de coral branco”, avisa. São “teatros poderosos de falésias e dunas”, com excepção de “algumas enseadas abrigadas ou rasas”, e os banhos de mar devem ser ocasionais, mas sempre emocionantes, no Atlântico frio.
As suas praias favoritas são a Praia do Amado, “uma imensa obra da natureza de beleza descontraída, composta de dunas, falésias gigantescas e ondas estrondosas”; a dos Alteirinhos, onde gosta de parar o carro na falésia, ouvir Mozart e olhar a cascata que salta pelas rochas escuras para a areia bem lá em baixo; a praia das Furnas, pelas suas águas calmas e pintadas de uma cor turquesa muito pouco atlântica. Há ainda uma “praia secreta”, perto da Herdade do Touril, o seu lugar preferido para ficar na Costa Vicentina. Mas não o único: refere ainda a Casa da Diná e a Casa das Lupas e bares como o O7 Ocean Drive (Praia das Furnas) e o Bar da Praia (Odeceixe).