Fugas - Viagens

Continuação: página 2 de 3

Na Tomatina, é mesmo preciso ter tomates

Manual de sobrevivência

Toda a gente deve enfrentar a Tomatina ao menos uma vez na vida, mas há alguns cuidados a observar se se quiser viver para contar-la:

# Antes de mais, faça a sua própria avaliação física - se é claustrofóbico ou tem aversão a germes, é melhor alugar uma varanda e ver a festa a partir dela do que ficar horas de pé entre milhares de pessoas coladas umas às outras e quase todas em tronco nu. Sol quente, peles alheias, suor e tomate não é realmente uma combinação para qualquer estômago e também é preciso um grande poder de encaixe para assimilar que, uma vez no meio da confusão, se precisar de ir a algum lado... não vai conseguir. 

# Use roupa a que não tenha grande estima, porque nódoas de tomate são difíceis e rasgões acontecem. Aos machos recomenda-se peito nu porque os puristas não os deixarão ilesos se circularem vestidos, mas as meninas estão à vontade, que o cavalheirismo ainda não morreu por aqueles lados. Quanto a calçado, quer-se com boa aderência e fechado, porque o tomate é escorregadio e as calcadelas vão ser algumas. 

# Prescinda de acessórios. A Tomatina não deixa de ser uma batalha e, quando os soldados tombam, arrastam consigo brincos, colares, etc. Com tanta proximidade, pequenos furtos também podem verificar-se, portanto jogue pelo seguro. 

# Recorra aos acessórios de natação. O tomate parece inofensivo, mas arde bastante nos olhos e óculos de mergulho são uma boa estratégia para evitar perdas de visibilidade. 

# Proteja a sua máquina fotográfica. Não tirar fotos na Tomatina é pecado, mas, depois dessa experiência, a sua câmara nunca mais será a mesma e, passados anos, ainda lá terá vestígios de tomate. Prefira bolsas próprias para mergulho ou descartáveis à prova de água.

# Faça o reconhecimento do local até às 8h00, o mais tardar, para escolher um bom posto de batalha na Plaza del Pueblo, que é algo estreita e afunila nos extremos. Opte por um local de onde possa ver o palanque dos mangueiristas e o palojabón, mas que seja afastado do eixo onde circulam os camiões.

# Mantenha-se no chão porque, se subir a postes, muros e outras elevações, estará a oferecer às tropas um alvo privilegiado e, lá do alto, a coisa pode acabar mal.

História da tradição

Na última quarta-feira de Agosto de 1945, estava na Plaza del Pueblo um grupo de jovens que, sem nada melhor para fazer, decidiu intrometer-se numa parada de artistas. O seu ímpeto fez com que um participante caísse e esse, em fúria, começou a agredir a vizinhança. A resposta da multidão foi acorrer a uma banca de legumes e disparar tomates para todo o lado, até que as  autoridades acabaram com a festa. Um ano depois, os mesmos jovens muniram-se dos seus próprios tomates e retomaram a brincadeira, que foi proibida nos anos 50 e chegou a motivar prisões, mas nunca deixou de repetir-se. Em 1957 a lei autorizou finalmente a Tomatina e, dois anos depois, a autarquia assumia a organização anual do evento, cujos tomates fornece desde 1980.

Onde ficar

Em Buñol, o alojamento é modesto e quase todo está reservado com um ano de antecedência. O "La Carreta", no entanto, está a apenas 10 quilómetros e, mesmo na véspera da Tomatina, ainda tem disponíveis muitos quartos, aceitando até adiar o check-out para facilitar o banho dos hóspedes após a festa. Depois, há ainda a oferta de Valência: está só a 40 quilómetros e inclui de pensões baratas a hotéis cinco estrelas.

--%>