Quando chegámos, a procissão ainda ia no adro, mas já mexia. Na verdade, perdemos apenas as entradas do jantar de boasvindas aos peregrinos - e ainda estávamos como um peixe fora de água. Sabíamos que não era uma peregrinação normal e não era sequer pelo espírito (mais) penitente do ano santo. O destino era Santiago de Compostela, mas esqueçam-se os bastões de peregrino com a vieira no topo (esse, havemos de tê-lo, mas já às portas da catedral) e as longas caminhadas por montes e vales em condições austeras - afinal, esta era a comitiva do BMW X Experience Caminhos de Santiago e se vamos fora de estrada é para testar as capacidades das viaturas (o que, havia de dizer um dos participantes, José Pinho, é o mesmo que estar “num sofá com rodas”).
Em sofá com rodas, portanto, pelos Caminhos de Santiago portugueses (e nunca é de mais lembrar que os Caminhos de Santiago foram considerados o “Primeiro Itinerário Cultural Europeu”) - aqui, o plural faz todo o sentido uma vez que não há, nem nunca houve, um caminho unificado em Portugal.
Há ramificações que se encontram em determinados pontos, para depois divergirem novamente. Mas todos sabem o destino, Santiago de Compostela, que em ano de Xacobeo até tem direito a convidados especiais - o Papa Bento XVI também vai ser peregrino, a 6 de Novembro, e por isso quase que perdíamos a cerimónia de Botafumeiro. Quase - porque tivemos a experiência total de Santiago, com a cerimónia no final da missa do peregrino que até teve o Bispo da Guarda entre os cocelebrantes. Mas ainda estamos em Trancoso preparados para descobrir, mais uma vez, que não há caminho.
Faz-se o caminho caminhando, como escreveu António Machado. Não caminhámos muito (sejamos honestos: seis quilómetros, já em Santiago, não é nada), mas descobrimos muito caminho.
Helena Veigas disse-o melhor: “Aqui o que interessa não é o destino, é o percurso”. E, então, em 500 quilómetros que marcaram a nossa estreia em todo-o-terreno (e onde experimentámos conduzir o BMW X3) fomos onde pensáramos que nunca poderíamos ir - e agora quando passarmos pelo IP4 no Marão, nunca nos vamos esquecer de que, afinal, é possível chegar lá acima -, estivemos onde sempre pensáramos ir, voltámos onde nunca imagináramos regressar, revisitámos sítios de toda a vida e descobrimos novos sítios para toda a vida - em contínuo sobressalto pela simples constatação: há sempre mais país para trilhar.
Passámos por montes e vales, caminhos estreitos e abismos relativos, aldeias emigradas e rochedos impetuosos, cenários calcinados e florestas verdejantes, ribeiros inquietos, rios plácidos e represas preguiçosas. Vimos parques eólicos no cimo de (quase) todos os montes, igrejas, capelinhas, mosteiros, santuários (alguns apenas abertos pela dedicação de anónimos), visitámos castelos e torres medievais e encontramos o oceano. Deparámonos com o inusitado, como postes de electricidade no meio de campos de futebol, casas com banda desenhada nas paredes, árvores a fazerem de triângulos no meio da estrada. Cruzámonos com carroças de burros, cavalos, bodes e porcos selvagens nas estradas. Confundiram-nos com um casamento e com uma corrida. E chegámos a Santiago de Compostela com vontade de repetir a jornada que percorremos entre 1 e 5 de Outubro.
Prólogo
Aqui o rei D. Dinis casou-se com Isabel de Aragão (que seria a Rainha Santa); aqui nasceu Bandarra, o sapateiro-poeta-profeta que “viu” o Quinto Império; aqui o padre Costa se tornou “um grande povoador” mercê dos 299 filhos que concebeu. Aqui, em Trancoso (cidade que é Aldeia Histórica), começamos o caminho que milhares de peregrinos percorreram antes: e começamos na sexta-feira à noite, com visita à cidade - o mesmo que dizer, à parte amuralhada, o verdadeiro exlíbris que data de 1159.
Entramos pelas Portas d’ El Rei para um novelo de ruelas que se abre em grandes largos. As igrejas são românicas, sobretudo, e há casas brasonadas. A nossa direcção é a do castelo, onde não resistimos à torre de menagem, e até lá cruzamos a Rua da Alegria, onde a comunidade judaica fez casa, e entre o colorido floral que a invade, tentamos discernir os símbolos dos seus edifícios. Regressamos ao hotel ainda espreitando sepulturas antropomórficas escavadas na rocha e a nascente do rio Távora, na Fonte Nova (que é quinhentista).
E, chegados ao hotel, fazemos o que os outros já fizeram, mas o nosso atraso não permitiu: vamos buscar as credenciais, incluindo documentação sobre os percursos, ofertas (o que teria sido de nós sem o impermeável?) e autocolantes publicitários que ainda vamos colar no jipe.
De Trancoso a Mondim de Basto
O dia começa cedo - mas não tão cedo quanto temêramos. Em anos anteriores, a saída era feita pelo número de inscrição, este ano há apenas uma regra para os 50 carros participantes (para cerca de 120 pessoas): sair até às 9h00.
A essa hora, já rodamos, com o road book na mão (religiosamente devolvido no final de cada etapa) e o alerta (que viria a ser recorrente): “Ponham os quilómetros a zero.” Estamos em companhia experiente, por isso relaxamos. Trancoso fica rapidamente para trás e o alcatrão também - começamos a levantar pó até chegarmos à Capela de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, padroeira de Sernancelhe. Há montes até ao infinito, vistos ali da igreja branquinha, nas redondezas de um parque de merendas e um moderno parque infantil. Vamos para a aldeia da Lapa e ainda estamos em domínios pedestres (passamos pela Rota da Castanha e do Castanheiro), mas rapidamente reencontramos o alcatrão - “Isto é muito ‘pouca terra, pouca terra’”, brinca o nosso companheiro de aventura. Por enquanto, estamos numa encruzilhada que seria para nada (o “nada” é paisagem de afloramentos rochosos) se não houvesse o sinal “Nossa Senhora da Aparecida”. Entretanto, é a Lapa que surge, granítica. “Terras do Demo”, chamou Aquilino Ribeiro, que estudou aqui no colégio de jesuítas, ao cenário agreste aqui em volta; mas na Lapa é de devoção que se fala - Nossa Senhora da Lapa.
O santuário pétreo erguido sobre rochas - e, a espaços, não sabemos onde termina um e começa outro - é do século XVII, mas o culto anterior. Há quem fale em século X e invasões mouras, porém a história oficial começa no final de quinhentos, com uma pastora muda que deixou de o ser. Entre paredes de azulejo e sob tectos de madeira, seguimos na capela até ao teste: passar a estreita passagem na gruta, o que, diz a lenda, só consegue quem não tem pecados graves.
Passamos e continuamos a embrenhar-nos no edifício-rocha, passando a Via Sacra e defrontando o “sardão” (ou crocodilo). No Colégio dos Jesuítas adjacente, pausa para um novo pequeno-almoço, antes da visita ao museu, instalado na antiga cadeia, que prolonga a experiência do santuário, com várias peças ligadas ao culto. Novamente no largo, empedrado novo e edifícios que apaziguam a severidade da cantaria em granito com flores nas varandas, não resistimos às castanhas que se vendem (juntamente com queijo artesanal e maçãs, por exemplo), mesmo defronte à placa que proíbe a venda ambulante.
Novamente a rolar, atravessamos uma povoação de casas fechadas e a paisagem suaviza-se. Numa ermida, há um corvo no altar e em Alvite, onde há um museu do Futebol Clube do Porto nas traseiras de uma casa, as mulheres tricotam na rua - sentadas e a caminhar.
Nestas “terras antigas”, avistamos o Mosteiro de São João de Tarouca: do alto é só paredes - o tecto destruído por um incêndio -; no vale é fachada grandiosa. E é o mais antigo mosteiro cisterciense português - “D. Afonso Henriques assistiu ao lançamento da primeira pedra”, diz-nos António Vieira Caetano, o zelador informal (e isso foi em 1152). A igreja resistiu ao tempo, orgulhosa no seu misto de românico e gótico com portal renascentista e invólucro de tesouros - a talha dourada entra nos olhos, os azulejos surpreendem, o cadeiral barroco impressiona. Detemo-nos perante o maior sarcófago português - de D.Pedro Afonso, filho bastardo de D.Dinis - e contemplamos São Pedro pela mão de Grão Vasco. “Devia ter segurança”, declara, “mas os funcionários foram embora” - António, 72 anos, é um voluntário irredutível: se não fosse ele, reivindica, a igreja só abriria para a eucaristia semanal, aos domingos.
Não vemos parapente no Monte de Santa Helena e chegamos à ponte de Ucanha para Luís Celínio (presidente do Escape Livre, que organiza a aventura) a declarar “aberta aos peregrinos de Santiago sem cobrança de portagem”. Esta ponte fortificada do século XII (reconstruída em 1465) constitui um conjunto raro - a sua travessia obrigava a um pagamento do qual só estavam isentos peregrinos de Santiago e de Salzedas. Agora domina um cenário bucólico, com o rio que se alarga nas redondezas para logo se embrenhar entre a vegetação (e mais à frente, haveremos de ver, faz-se piscina com árvore de saltos), e alberga um pequeno museu etnográfico. “Nem sabia da sua existência”, comenta Carlos Bandeira, na varanda da torre. “É bonito”. E um dos motivos por que vem a estes passeios é mesmo esse.
Já estamos no Paraíso do Douro - terraço ajardinado sobre o rio - para a pausa de almoço. “Há sítios que se vêem nestes passeios que seria difícil de ver de outra forma. Não são visíveis”, constata. António e a mulher, Isabel, sabem do que falam, este é já o terceiro BMW X Experience que fazem.
E, pelo que viram do programa, consideram que este “agora é mais turístico”, afirma António. Nada que incomode Isabel - “Preciso de história, arte” (e aqui há muito de ambos) - mas que deixa alguma melancolia no marido - “Os outros passeios eram mais técnicos. Passámos por vaus e corta-fogos íngremes.” Luís Celínio confirmá-lo-á.
Mas a técnica de todo-o-terreno está prestes a ser testada. Lamego fica para trás e na Régua resistimos aos rebuçados vendidos na beira da estrada. Damos por nós novamente no meio de pó a subir os trilhos da Senhora da Serra - o topo do Marão, portanto. O IP4 serpenteia lá em baixo e nós passamos brandas e inverneiras, espantalhos, mini-lagos e cicatrizes dos incêndios que assolam constantemente estas paragens. É de compasso de espera que se faz também este assalto ao Marão: a tal técnica quer-se apurada para ascender aos “céus”, por um cortafogo íngreme. Pé no acelerador sem hesitações, um carro de cada vez.
E, lá no alto, milhafres que planam mesmo à nossa frente, montanhas que são paredes rochosas e raios de sol que são sabres de luz. Mal damos por isso, já estamos em Terras de Basto, no Parque Natural do Alvão. Entramos e saímos de Ermelo em duas curvas: há quem colha maçãs, nós procuramos as Fisgas do Ermelo em cenário calcinado - e chegamos a elas com o respeito que a imponência rochosa em abismo desamparado impõe. O dia chega ao fim à sombra da Senhora da Graça. Estamos em Mondim de Basto.
De Mondim a Ofir
Domingo amanhece sombrio e encharcado - e, podemos dizer, o pó de ontem hoje far-se-á lama. Chuva, nevoeiro, vento - o Outono a fingir Inverno e manhã cedo já há caçadores nas estradas. Na nossa rota, o Castelo de Arnóia e o Santuário de Nossa Senhora do Viso, vistos do carro. Entre asfalto e terra - “parece o rally da Finlândia”, dizem-nos, e nos arredores de Fafe percorremos caminhos do Rally de Portugal - a paisagem é quase fantasmagórica.
Capelas, moinhos de vento e espigueiros - Agra, Aldeia de Portugal, é isto: ruas estreitas e casas de pedra; chove e não podemos sair. A Serra da Cabreira é, ainda assim, território encantado que o Outono enche de cores exuberantes. Abrimos caminho entre mimosas, e descobrimos rios, regatos, represas, cascatas - não vemos a nascente do rio Ave, mas ela está por aqui.
É aqui na lama que se dá o furo - não nosso, do único grupo só feminino do passeio. “Imaginei que tivesse rebentado o pneu, quando batemos numa pedra, mas depois segui e pareceu-me normal. Só no asfalto percebi que realmente tinha problemas”. Como a organização tem todos os percalços previstos - e uma carrinha para tratar estas mazelas -, Helena Veigas conta-nos o episódio descansada, à hora do almoço. É a condutora do grupo de quatro, a filha a navegadora. Tem o bichinho do TT e da descoberta, por isso é repetente no BMW X Experience. O ano passado “deu para ver as potencialidades do jipe” - pela primeira vez: “Nunca tinha activado o botão”. Que é o XDrive e que, basicamente, faz (quase) tudo em todo-o-terreno, o condutor tem apenas que controlar o volante. Nada mais.
Não é à toa que falamos do tempo. Por causa dele as etapas de todo-o-terreno desta tarde são canceladas, mesmo depois de a organização limpar alguns caminhos (incluindo remover árvores dos caminhos) - afinal, em 24 anos de organizações Escape Livre, nunca tinham encontrado situações tão adversas, confessaria Luís Celínio. Asfalto, portanto, entre São Bento da Porta Aberta e o Santuário de Nossa Senhora da Abadia. Já estamos em Terras do Bouro e em plena natureza - muitos plátanos e água que agora corre em grande estrondo contra as rochas. A igreja setecentista tem fachada imponente de barroco e rococó, cantaria de pedra e antes de entrarmos ouvimos as vozes que cantam ali ao lado. Não é modesta esta igreja, profusão dourada e tectos pintados. Nas naves laterais vários altares alinham-se - o principal está acima do púlpito: subimos até ele e somos parte do altar-mor. Mesmo ao lado, o museu do santuário é um albergue para etnografia religiosa: vejam-se os ex- votos e espreitem-se os quartos dos peregrinos (alguns mais espartanos do que outros).
E, mesmo em asfalto, antes de chegarmos ao Mosteiro de Tibães ainda temos árvores a cortarem caminho e a dividirem o pelotão em dois. Mas todos chegamos ao Mosteiro de São Martinho de Tibães, nos arredores de Braga, a mais importante etapa das peregrinações portuguesas compostelanas - e um dos mais ricos do Norte do país. Beneditino, do século XI, são as marcas da reconstrução e ampliação dos séculos XVII e XVIII que lhe configuram o rosto e a grandeza.
A igreja é riquíssima, uma explosão dourada e pictórica, com coro em varanda e órgão gigante. O mosteiro é enorme, com longos corredores onde se sucedem as celas monásticas e outros aposentos menos austeros - e, entre estas divisões, os peculiares “secretos”, as “casas de banho”. Por estes dias, os Encontros da Imagem ocupamlhe alguns espaços com fotos e instalações e há aulas de ioga.
O descanso é em Ofir - e com ele a confirmação da cerimónia do Botafumeiro em Santiago de Compostela. E de trabalho-extra para a organização, que vai limpar os percursos de amanhã afectados pela intempérie.
De Ofir a Santiago de Compostela
As previsões são chuvosas, mas o dia soalheiro. E o esplendor matinal é vivido em Viana do Castelo - num dos mais bonitos miradouros do país, o Monte de Santa Luzia. O rio e o mar a encontrarem-se no horizonte sob manto diáfano de luz e Manuel Cerqueira Gonçalves a tirar as suas fotos à la minute a alguns membros do grupo em frente ao santuário. Debaixo da abóbada interior da igreja, muitos peregrinos ajoelham e rezam.
Voltamos novamente costas ao mar para a serra de Arga, resplandecente com o xisto molhado a brilhar. No entanto, é entre pinheiros, cedros, sobreiros e carvalhos centenários, aninhado num vale, que descobrimos o Mosteiro de São João de Arga e nos vemos quase na Idade Média.
Não falta sequer o ruído da água para compor o idílio bucólico, em torno dos edifícios de pedra antiga (a igreja e os alojamentos dos peregrinos, dois andares em varandas rústicas) coberta de musgos intemporais - diz-se que terá sido mandado construir em 661 por São Frutuoso, Bispo de Braga, mas está apenas documentado a partir do século XIII. O portão enferrujado já está aberto - Dionísio Azevedo é o guardião das chaves e só se abre por marcação - para o pátio que é como um adro. Na igreja o altar é barroco - em pedra, branco, rosa, azul e dourado - mas singelo.
Pela serra continuamos, e mais um teste à viatura (com breve briefing da organização): descida abrupta, em duas fases, a segunda bem mais íngreme - o carro bate no chão, que não vemos, mas tudo se passa sem sobressaltos de maior, com ajuda HDC. O que significa estar em primeira, pés fora dos pedais por maior que seja a tentação de travar e deixar o computador fazer a leitura do terreno.
Ao início da tarde, já é a Galiza que atravessamos. Um miradouro inicial para observar a foz do rio Minho e Portugal do lado de fora. Depois, seguimos por serra, sempre entre densos pinhais, antes de começarmos a descer para a borda de água, uma estreita faixa de terra entre o mar espumoso e a montanha, até ao Mosteiro de Oia, o único da Ordem de Cister à beiramar plantado.
Alguns participantes já estão a arrancar, mas nós deixamonos preguiçar um pouco em frente à pequena baía rochosa. No mosteiro não podemos entrar - é propriedade privada - por isso seguimos logo para a igreja, fachada barroca (final do século XVIII) para interior gótico (final do século XII), com coro seiscentista.
É Ester Estevez quem recebe os turistas, na nave principal, abóbadas altas e janelas estreitas, a contrapor aos tectos mais baixos sobre as naves laterais e altar. “A todo el mundo encanta”, observa.
E é só quando há visitas que ali vai - de resto, tem medo de estar sozinha na igreja: “Já me roubaram duas vezes”. De Oia a Santiago é um pulo, primeiro seguindo a costa recortada até Baiona, depois pela auto-estrada, que os peregrinos estão cansados. E a seguir ao jantar, ainda há caminhada até à catedral - poucos quilómetros seguindo o caminho oficial - para lá chegar depois da meia-noite. Está frio e na esplanada da catedral - um dos locais de peregrinação mais importantes do mundo, cidade Património da Humanidade - não se vê muita gente, mas ainda há um músico nas redondezas com alguns discípulos ao redor. A fotografia de grupo encerra o dia - e quase a peregrinação.
Epílogo
Quase, porque ainda falta a missa do peregrino. É terça-feira de manhã e a chuva regressou. Na catedral, ainda temos tempo para uma visita rápida, mas depois é guardar lugar para a missa - ficamos numas escadarias e damonos por satisfeitos. Está apinhada, a catedral, já em obras para receber Bento XVI e a cerimónia de Botafumeiro a que assistimos (com o turíbulo de metro e meio de altura a oscilar assustadoramente sobre a nossa cabeça) é a última até à visita papal.
Cá fora, as últimas despedidas - agora é cada um por si no regresso a casa. Alexandre e Lídia Simões aguardam para dizer adeus a alguns amigos. A viagem já vai longa para eles: saíram de Coimbra na quinta-feira e fizeram 800 quilómetros para irem a Sevilha, assistir ao concerto dos U2 (que neste fim-de-semana em que andámos pelos caminhos de Santiago até estiveram duas noites na sua cidade); na sexta-feira, outros 800 quilómetros até Coimbra para irem buscar Diogo, de cinco anos, e seguiram até aqui. São as peregrinações do século XXI, profanas e sagradas.
Edição 2011, da serra da Estrela à Figueira
Ainda não tinha terminado, o 5.º BMW X Experience, e já estava anunciado o próximo. Centro de Portugal é a designação do percurso que vai ligar a serra da Estrela à Figueira da Foz. Das terras altas do interior até às planícies do litoral, passando por serras e arrozais, aldeias históricas e do xisto, castelos e monumentos, revelou Luís Celínio, do Clube Escape Livre, que, com sede na Guarda, se especializou na organização de passeios todo-o-terreno.
O trajecto ainda não está definido - normalmente são seis meses de preparação (para os Caminhos de Santiago foi quase um ano) - mas será “mais difícil” (tecnicamente) do que o deste ano.
A quilometragem do próximo não está definida, ainda é necessário harmonizar percursos com “as visitas que enriquecem estes passeios”, mas vai voltar ao formato habitual: em vez dos cinco dias deste ano (à boleia de uma ponte), será novamente um fim-de-semana.
Que, apostamos, vai durar muito mais na memória dos participantes - e eles sabem-no: não é à toa que há muitos “repetentes”. O preço da experiência ainda não sabemos - para referência, este ano foram €695 por carro e duas pessoas, com estadias em hotéis de quatro estrelas e todas as refeições incluídas.
A Fugas viajou a convite do Clube Escape Livre