Fugas - Viagens

Kimimasa Mayama/Reuters

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Desconcerto em Tóquio, harmonia em Kamakura

O Yakitori consta de pequenos acepipes feitos no churrasco e servidos em forma de mini-espetadas. A variedade é grande e pode ir desde o ovo de codorniz, ao pimento recheado com carne, aos tentáculos de polvo, ao espargo com bacon e ao cogumelo envolvido em carne de porco. É boa ideia sentar-se ao balcão: assiste-se à preparação e torna-se mais fácil a escolha, basta apontar.

No Okonomiyaki, que significa ‘cozinhe o que quiser', o cliente senta-se em torno de uma enorme placa de eléctrica (alguns restaurantes japoneses em Portugal têm a modalidade) onde é frita uma amálgama de ingredientes, que juntam ovos, farinha, água, couve em pedaços e outros, como a carne e gambas, formando o produto uma espécie de panqueca.

O assunto da cozinha japonesa é tão variado que até o famoso semiólogo francês Roland Barthes decidiu dedicar-lhe um ensaio no seu livro sobre o Japão, Império dos Signos. Na sua opinião, os pratos japoneses são como paletas de alimentos à escolha, em que, contrariamente à cozinha ocidental, não existe sequência de ingestão nem uma hierarquia em que se começa no aperitivo, se avança para o primeiro prato, segundo prato e sobremesa. Tudo pode ser comido pela ordem que se desejar. É aliás normal que os restaurantes não tenham sobremesa; as casas de vistosos doces, onde o chá verde é presença constante, estão por todo o lado.

Barthes nota também que, enquanto a comida ocidental exige a faca e o garfo que de "forma predadora" cortam aquilo que vai ser ingerido, os pauzinhos orientais pressupõem um delicado fraccionamento da comida apresentada em porções "infinitesimais". Até o arroz japonês, mais pegajoso do que o chinês, é separável em porções que se comem com elegância. Diz Barthes que na cozinha oriental os pauzinhos funcionam como uma extensão das mãos que vão depenicando uma selecção de fracções de comida que pode ser ingerida a seu bel-prazer.

Como ir
Não há voos directos para o Japão e as opções de ligação para o aeroporto de Narita (Tóquio) podem ser várias dependendo das companhias. Muito depende da época do ano em que decida viajar, mas a viagem nunca deverá custar-lhe menos de 900/1000 euros (com taxas incluídas).

Quando ir
A melhor altura para visitar o Japão é na Primavera, de Março a Maio, ou no Outono, entre Setembro e Novembro, períodos do ano em o tempo é mais estável. Se optar pelo primeiro período evite aquela que é conhecida como a semana dourada (de 29 de Abril a 7 de Maio), período de pico de turismo doméstico por ser a altura em que muitos japoneses aproveitam para tirar férias.

Como se deslocar no Japão
Há uma compra que lhe pode poupar algum dinheiro e facilitar-lhe as deslocações dentro do país. O Japan Rail Pass só pode ser comprado fora do Japão, em Portugal apenas é vendido pela agência de viagens Frontia, em Lisboa (213528945) e custa entre 193 euros (sete dias), 14 dias (295 euros) ou 21 dias (372 euros), em classe económica. Quando chegar ao Japão tem que trocar o voucher que recebeu na agência pelo passe que mostra em todas as estações ferroviárias. Só há um senão, só pode andar nos shinkansen (comboios-bala) das duas velocidades mais lentas, que mesmo assim são muito rápidas, os kodoma e hikari. Ficam de fora os super-rápidos nosomi. Esteja atento aos cais de embarque nas estações.

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