Fugas - Viagens

DR

Continuação: página 2 de 3

Madrid das arábias

A sequência clássica consiste em começar com a água morna para efeitos de ambientação, evoluir para a quente visto que a transição é suave dos 36 para os 40 graus, e depois experimentar o choque que se acredita fazer bem à circulação sanguínea, ou seja, o tanque com água a 15 graus. Rapidamente, porém, os utentes desistem desta rotina, trocando-lhe a ordem e sobretudo passando a evitar a água fria. Há quem namore, passe pelas brasas, ou medite, e há instantes em que só se ouve mesmo o suave ruído da água. Mas estamos em Espanha e, apesar das recomendações, há momentos em que os banhos ameaçam tornar-se em algazarra de esplanada e tem de ser o pessoal da casa a chamar os banhistas ao silêncio. Os espaços mais exíguos, em particular a sauna, são mais serenos, ao passo que as piscinas, e sobretudo a entrada do tanque de água fria, com as suas sensações fortes, são mais dados à comunicação e à brincadeira.

Uma coisa é certa: quando se volta a sair à rua e a enfrentar a balbúrdia da Plaza Jacinto Benavente, a única coisa que apetece mesmo é fugir de Madrid, de preferência por essa gruta de Ali Babá que é a Medina Mayrit. Fica bem, em qualquer caso, à capital madrilena isso de ser uma das poucas cidades do mundo onde o paraíso fica no subsolo.

Mundo árabe
Delícias turcas

Os banhos turcos ou hammams são um sucedâneo das termas romanas e dos banhos bizantinos. Foram introduzidos no mundo árabe como parte dos rituais das abluções, recuperando os banhos romanos ou dando lugar à construção de anexos nas mesquitas. Rapidamente se vulgarizaram e autonomizaram nas principais cidades Império Otomano, tornando-se instituições complexas e mesmo monumentais, caso por excelência do famoso Çemberlitas Hamam de Istambul.

A estrutura básica de sala morna, sala quente e tanque com água fria, complementada por salas de massagem e relaxamento, ganhou crescente sofisticação arquitectónica, na mesma medida em que os banhos se converteram em centros da vida social. Tornaram-se lugares de encontro quotidiano, mas também de entretenimento (dança, refeições) e cenários de várias cerimónias. Foram também capelas de luxúria, que empregavam como trabalhadores sexuais rapazes e raparigas muito novos, na maior parte recrutados entre os países não islâmicos subjugados pelos otomanos. Hábitos que se foram perdendo no mundo árabe com a introdução dos modernos sistemas de canalização, ironicamente na mesma época vitoriana que viu os ingleses inaugurarem banhos turcos nas principais cidades do Império Britânico.

Informações

Calle Atocha, 14
Reservas (obrigatórias) pelo telefone: +34 902333334
E-mail: mailto:madridreservas@hammam.es?subject=Reserva
Site: http://www.medinamayrit.com/

Horários e preços

Estadias de 90 minutos com o primeiro turno às 10h00 da manhã e o último às 24h00.
De segunda a sexta das 10h00 às 16h00, o banho custa 24 euros (mais quatro com massagem), depois 26 euros. A meia hora seguinte a cada turno é usada para limpezas. Existem pacotes de "mil e uma noites", que incluem banho, massagem, jantar e espectáculo, a partir de 65€; e "manhãs de hammam", com banho, massagem e comida, desde 37,50€ (Preços de 2011).

--%>