Alguém realça insistentemente "a força da natureza" e suspira. Mas é mesmo isso: os fiordes são uma formação geológica inigualável. Continuamos no "ferry" até Balestrand, estância circundada pelo Sognefjorden. Já dissemos antes que tudo parecia um postal? Um livro encantado para crianças? Uma terra irreal? Balestrand existirá mesmo? Não perca o próximo capítulo...
Balestrand
Estamos na sala de um enorme hotel de madeira, recheada de obras de arte. De repente, como que saída das páginas de um livro, ela aparece, trajada a rigor, uma guia turística que conta histórias a cantar. Dá vontade de esfregar os olhos. Não, não é possível.
Mas é. Ela está ali, de carne e osso, a contar, perdão, a cantar, qual fada de Balestrand. É Bjørg Frøisok Bjøberg, nome artístico que adoptou desde que deixou de ser professora para passar a ser pintora. E a primeira música que canta fala de um homem que queria saber o que estava por detrás das montanhas que rodeiam Balestrand.
Aquelas montanhas gigantes tanto transmitem uma sensação de protecção como de isolamento. Sobretudo no Inverno, se pensarmos na neve e na escuridão. O que não conseguimos é ficar indiferentes diante de tão imponente cenário.
Bjørg Frøisok Bjøberg canta mais uma, desta vez sobre um homem que jurou que se ia embora no Inverno, que ia ganhar coragem para atravessar as montanhas ameaçadoras. Mas depois a estação do frio passou e ele concluiu que, quando a Primavera chegava, não havia outro sítio tão bonito para viver como Balestrand.
"Quem vem de fora apercebe-se mais da qualidade de vida e das qualidades de Balestrand do quem vive cá", diz a guia. Toda a gente repara na qualidade do ar, nos relvados impecáveis.
Balestrand, que significa "o campo verde entre o vale e a montanha", está rodeada de montanhas de 1450 metros. O fiorde mais extenso da Noruega o Sognefjorden, que se estende ao longo de 206 quilómetros e atinge uma profundidade de 1308 metros serve de cenário a esta pequena cidade que tem atraído muita gente ao longo dos séculos.
Além da paisagem, também o hotel que existe bem no centro da cidade, virado para o Sognefjorden, tem sido o grande chamariz para os turistas. É muito antigo, quase mágico. É o Hotel Kviknes, uma enorme casa de madeira que data de 1877. Se quiser descansar, faça as malas. Até pode ser que se cruze com alguma personalidade. Por lá já passaram Kofi Annan, Eric Clapton, Yoko Ono...
A história deste hotel é longa, começa no século XVIII, e está ligada à família Kvikne. Foram precisos muitos anos para construí-lo a obra só ficou concluída em 1930. É na parte antiga, totalmente em madeira, que está todo o charme do hotel. Porém, e para manter tão grande e delicada casa, foi preciso construir um bloco moderno, mesmo ao lado, com a mesma vista sobre o fiorde, mas com outras comodidades. As receitas geradas pela parte nova, construída em 1973, serviram para restaurar a casa mãe, que tem umas idílicas varandas onde à meia-noite, nesta altura do ano, ainda é dia e se vêem as águas claras que banham o fiorde. Ninguém tem pressa para se deitar.