Entre 2010 e 2011, Kien Lam passou 343 dias a viajar por 17 países. Apaixonado pela fotografia, este ex-estratega de uma empresa financeira, baseado em São Francisco (EUA), dedicou-se a captar momentos únicos em cada sítio, registando lapsos de tempo que criam uma representação viva e metafórica do quotidiano e cenários de cada destino. De milhares de registos - "dez mil sequências temporais e mais umas 15 mil fotos e vídeos" captados usando uma máquina digital -, escolheu 6237 imagens que, divididas por 150 cenas, fazem a transição do dia para a noite em dezenas de localizações. Até passou por Portugal e ficou fã de Lagos. A cidade algarvia é uma das estrelas do vídeo que Lam publicou na net no início do ano e que se tornou um fenómeno instantâneo: no YouTube aproximava-se velozmente dos dois milhões de visualizações e o sucesso repete-se também na plataforma vídeo Vimeo, além de já ter sido reproduzido em muitos outros sítios e estar a fazer um pleno mediático mundial.
À Fugas, Lam lamentou não ter tido tempo para conhecer mais de Portugal, até porque ficou fã de Lagos e arredores. "Infelizmente, por questões de tempo, nesse momento da minha viagem, só pude visitar o Algarve", explicou numa troca de mails. Mas Lagos conquistou-o à séria: "Foi um dos meus sítios preferidos de toda a viagem", "adorei as belíssimas praias e grutas naturais". Para uma próxima viagem a Portugal, garante, não lhe vão escapar Lisboa e o Norte. No vídeo, Lagos surge em dois momentos "tradicionais": de dia, por uma bela praia (Dona Ana, confirmou-nos) e, à noite, em diversão de copos (no bar Shaker, de que ficou fã).
Em "Time is Nothing" (O tempo não é nada), o título do vídeo, viajamos também - ao som de um tema composto por William Lam, irmão mais novo do fotógrafo - por Las Vegas ou Nova Iorque, Londres ou Bath, Paris ou Istambul, Málaga ou Granada, Fez ou Marraquexe, Chefchaouen ou Cairo, Luxor ou Petra, Lima ou La Paz. Vamos ainda, entre muitos outros destinos, a Cusco e Machu Picchu, San Pedro de Atacama e Montevideu, Buenos Aires e Salta, Banguecoque ou Bali. Observamos o sol do Monte Sinai, o rumo do Nilo, mergulhamos nas águas do Mar Negro ou nas areias do Sara. Do dia para a noite, a um ritmo que oscila entre a paz de uns segundos com o olhar no fluxo de um rio ou entre o ritmo alucinante da praça marroquina de Djemaa el-Fna.
Lam, confesso admirador da fotografia de Cartier-Bresson, que trocou as finanças pela arte de fotografar profissionalmente casamentos ou eventos, explica no seu site cada passo e destino da viagem e adianta mais sobre a sua estada em Lagos, não lhe poupando elogios: "Podia ser bom demais para ser verdade. Mas não é". Esta "pitoresca pequena cidade" tem "uma vida nocturna vibrante" e até "um pequeno restaurante [Cantinho dos Petiscos, há-de confessar-nos] que serviu alguma da melhor comida que provei em todas as minhas viagens", além de "algumas das mais belas falésias, enseadas e praia de todo o mundo".
Um êxito viral e mundial
À Fugas, Lam manifestou-se "muito" e "positivamente surpreendido com o sucesso do vídeo e toda a cobertura dos media". "É fantástico ver que atinge tantas pessoas", diz. Foi "apenas" a 17 países desta vez mas na verdade já viajou por muitos mais e já tem planos para uma sequela, admitindo que não se importaria de ter agora um patrocinador, já que a viagem que deu origem ao vídeo não contou com outros apoios que não as suas poupanças. A sua grande inspiração para criar a obra: Matt Harding, o senhor de Where the hell is Matt?, que também se tornou um fenómeno mundial com os vídeos em que junta pessoas por todo o mundo a dançar e pular.