Fugas - Viagens

  • Madrid. Chueca, coração gay da capital espanhola
    Madrid. Chueca, coração gay da capital espanhola Nelson Garrido
  • Diogo Vultos
    Diogo Vultos DR
  • Momento Arraial Pride, na Praça do Comércio, em Lisboa
    Momento Arraial Pride, na Praça do Comércio, em Lisboa DR/Arraial Pride
  • Lesboa é uma das grandes atracções LGBT da capital portuguesa
    Lesboa é uma das grandes atracções LGBT da capital portuguesa DR/António Courinha/Lesboa

A agência portuguesa para os viajantes gays

Por Mauro Gonçalves

Portugal é um destino gay "perfeito", diz à Fugas o mentor da Be Out, a única agência de viagens portuguesa especializada no turismo LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgéneros). Diogo Vultos resume um ano de vida da agência, sugere destinos e adianta que está em preparação um guia gay do país.

Viagens de grupo, escapadelas a dois ou aventuras solitárias - tal como noutros segmentos turísticos, há de tudo mas, neste caso, para um gosto específico. A Be Out, criada pelo grupo Geowinds (que detém, por exemplo, os operadores Destinos ou Exótico Online) nasceu em 2011 como resposta a um mercado cada vez mais voraz e em que quase todos os países apostam forte: o do turismo gay ou, mais abrangentemente, LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgéneros).

Diogo Vultos, o mentor do projecto, trabalha no grupo GeoWinds há cerca de dois anos. A experiência no ramo do turismo de luxo, com uma outra agência do grupo - a Be Luxury -, fê-lo aperceber-se da necessidade de criar um produto específico para responder a uma procura que aumenta de dia para dia. Só neste ramo, chegam todos os anos a Portugal, contabiliza, cerca de quatro mil turistas por semana.

Tornar Portugal num destino de eleição para a comunidade LGBT é o propósito assumido pela Be Out, agência que é também operador turístico, e que veio preencher, na opinião de Diogo Vultos, uma falha no mercado nacional, após experiências entretanto descontinuadas (como a agência Saga Escape). "Existia, no mercado português, essa lacuna por não haver uma agência de viagens, nem um operador turístico específico para o mercado LGBT", afirma. Na concorrência, assinale-se o produto LGBT Dreams, proposto pela Almeida Viagens.

Segundo Vultos, a Be Out, a celebrar um ano de existência e que trabalha em parceria com a IGLTA (Associação Internacional de Turismo Gay e Lésbico), soma e segue: actualmente, o número de estrangeiros que traz a Portugal situa-se entre os 100 e os 120, todos os meses. A divulgação é feita junto do público-alvo, embora, refira, o produto proposto também agrade a muita gente fora deste universo.

Se Lisboa e Porto são, por excelência, os principais destinos LGBT em Portugal, já os turistas gay portugueses preferem, recorrentemente, a Europa mediterrânica. Diogo Vultos traça um perfil-exemplo: "Tem à volta de 38 anos, pede um fim-de-semana, por exemplo em Roma, e fica hospedado numa guest house exclusivamente gay, no centro da cidade. Quer um cartão dourado que lhe permita a entrada em todas as discotecas gay". Para os que pretendem paragens mais longínquas, Brasil, México e Estados Unidos são destinos de topo.

Já o turista estrangeiro, regra geral, explica Vultos, nunca fica em terras lusas por menos de sete noites, tão pouco se contenta em conhecer apenas a capital, também quer conhecer o Porto. Outro pefil-exemplo: "Vem do norte da Europa e tem à volta de 27 anos. Fica instalado no Sheraton de Lisboa e adicionamos-lhe um percurso pela noite com um guia certificado", completa. 


Double income, no kids

Existem "extravagâncias específicas", quando o assunto é este nicho de turismo que, à semelhança do turismo de luxo, assegura Vultos, não foi afectado pela crise. Antes da concretização deste projecto, este profissional analisou o mercado e deparou-se com "diferenças demasiado grandes para simplesmente fecharmos os olhos". Enquanto um casal heterossexual gasta, em média, 100 dólares em extras (cerca de 76 euros), durante uma viagem, a pesquisa realizada no mercado norte-americano mostra que as mesmas despesas de um casal homossexual rondam os 800 dólares (cerca de 609,50 euros). Regra geral, são gastos feitos em diversão nocturna, spas, entre outros serviços de topo que fazem disparar os valores. O grande mote do turismo gay visto pelo mercado é, internacionalmente, "double income, no kids", isto é, "dois salários, nenhum filho"...

Regra geral, refere Vultos, são "pessoas com um elevado nível de cultura e escolaridade e que procuram outro tipo de tratamento". Os padrões de procura que a Be Out regista falam por si - hotéis de quatro e cinco estrelas, aventuras com uma pitada de programação cultural, vontade de passear pela cidade e viver a movida nocturna.

Em Portugal, em 60 hotéis considerados, o mercado de turismo LGBT valerá já cerca de 1,5 milhões de euros por ano. Mesmo assim, há barreiras que continuam por transpor. "Criar uma comunicação e um marketing específico para este mercado é imã das lutas que estamos a travar com o Turismo de Portugal", revela. Até porque o turista gay não integra os mercados-alvo do Turismo português.

Afinal, o que é que têm grandes cidades europeias, como Madrid, Amesterdão ou Berlim, que são grandes destinos gay, que Lisboa e Porto não possam ter? "A meu ver, mais perfeito que Portugal, em toda a Europa, não existe. Somos hospitaleiros, com uma vida nocturna muito activa, excelentes restaurantes e cultura", defende Diogo Vultos. A legalização do casamento entre pessoas do memo sexo, eventos como o Arraial Pride ou as festas Lesboa (maior festa lusa sazonal dedicada à comunidade LGBT) também projectaram Portugal como um destino mais apetecível para a comunidade.


Evasões LGBT

A Be Out dispõe de programas, por Portugal e pelo mundo para todos os gostos e carteiras, sublinha Vultos. De algumas dezenas de euros em hostéis a muitas centenas nos mais luxuosos resorts gays do mundo (como o maior do mundo, o Adonis Tulum, na Riviera Maya, México). As grandes vantagens de o cliente recorrer à agência em lugar de tratar tudo sozinho, passam não só pelo aconselhamento como pelo acompanhamento, além de a Be Out ter parceiros noutros países: a agência assegura estar disponível para apoiar em qualquer lado, 24 horas por dia. E o tratamento tanto pode ser muito pessoal como absolutamente privado: se o cliente preferir nem há necessidade do contacto cara-a-cara, tudo pode ser tratado à distância.

A agência está também ligada a eventos e actividades gay em Portugal: é patrocinadora oficial da Lesboa Party (tem, inclusive, programas turísticos específicos criados em redor deste evento), bem como da Dark Horses, a primeira equipa de râguebi gay portuguesa. Entretanto, está em plano um Guia Gay de Portugal, que deverá reunir o que de melhor existe no país destinado à comunidade LGBT.


Três destinos Be Out

Paris

Paris City Break:
Uma proposta para um fim-de-semana a dois na capital do romacne. Inclui duas noites no hotel gay Lussac, em quarto duplo e em regime de alojamento e pequeno-almoço. Para a noite, inclui estrada VIP e bebida na célebre boîte Les Bains Douches. Voos na TAP incluídos. Desde 229 euros por pessoa.

Madrid
Madrid Crazy Time:
Um pacote com três noites em quarto duplo no Madrid House, sem pequeno-almoço, é a sugestão para conhecer a capital espanhola. A escapadela não fica completa sem um último luxo, como jantar no restaurante Agora, no hotel Ada Palace. Voos na TAP incluídos. Desde 279 euros por pessoa.

Santorini
Um programa para desfrutar de um fim-de-semana em Atenas e de mais cinco dias no cenário paradisíaco das ilhas gregas. Inclui duas noites em double room deluxe no Hotel Royal Olympic, na capital grega, e cinco noites em double room deluxe no boutique hotel Avaton Resort e Spa, com pequeno-almoço incluído. Voos incluídos. A partir de 1760 euros por pessoa. 

--%>