A única excepção, ou seja, a única estrada que atravessa a Basse-Terre no sentido este-oeste, chama-se justamente Route de La Traversée (D23). Percorrê-la é programa mínimo obrigatório para todo o turista em Guadalupe, sobretudo para aqueles que querem dizer "Eu estive lá!" sem se meterem em grandes aventuras. A estrada, que os locais também designam de Route des Mamelles, são 30 quilómetros sinuosamente recortados numa mancha de floresta tropical protegida, com um generoso punhado de desvios pelo meio. O mais popular é a Cascade Aux Écrevisses, uma pequena queda de água que se precipita num lago, perfeitamente recomendado para banhos. Convidativos são também os trilhos sinalizados que se embrenham no mato a partir da vizinha Casa da Floresta.
A Route de La Traversée e a Cascade Aux Écrevisses são muito agradáveis, mas acabam por ser diversões ligeiras se comparadas com a experiência forçosamente mais radical de subir o Soufrière. Elevando-se a 1467 metros, é o ponto mais elevado da Basse-Terre e, na verdade das Pequenas Antilhas. Como vulcão é relativamente jovem e mantém-se activo (erupções em Julho de 1976 e Março de 77). Alcança-se em duas horas de trilho de exigência moderada (a partir do estacionamento de Bains-Jaunes), atravessando uma paisagem que começa por ser de floresta tropical cerrada e depois, em geral acima das nuvens, exibe uma vegetação mais rara e escassa. Actualmente, e por razões de segurança, não se pode percorrer o caminho em volta da caldeira.
Uma excelente alternativa consiste em rumar às Cascatas do Carbet (a partir de Saint-Sauveur). São três quedas de água que se elevam a 20, 110 e 115 metros de altura no meio da floresta, uma visão espectacular sobretudo em dias de céu limpo, quando contracenam triunfalmente com a chaminé do vulcão. A segunda queda é a mais impressionante e alcança-se em vinte minutos de caminhada pelo meio da floresta com algumas pontes sobre cursos de água pelo meio. O acesso à plataforma da cascata está infelizmente interditado, devido aos deslizamentos de terra, mas pode-se sempre saltar a cancela e chegar mais perto quando ninguém estiver a ver.
Uma nota de rodapé sobre as "cidades do vulcão": Basse-Terre, a antiga capital colonial, e a vizinha Saint-Claude não serão cidades monumentais, mas têm centros urbanos castiços, onde se passa bem um par de horas sem se dar por isso, até porque a recepção costuma ser calorosa.
Tesouros submarinos
Guadalupe é um dos destinos de mergulho mais famosos da Antilhas. Os seus fundos marinhos são, porém, uma maravilha ameaçada, justificando que os ambientes mais sensíveis estejam hoje classificados como áreas protegidas. Admitem visitantes, ou seja, mergulhadores, mas a pesca submarina e outras actividades susceptíveis de interferir com os referidos ecossistemas são estreitamente proibidas.
Deste colar de delícias submarinas as mais populares são, sem dúvida, as ilhas Pigeon, que ficam um quilómetro ao largo da praia de Malendure, na costa ocidental da Basse-Terre. São mais conhecidas como Reserva Cousteau, designação apelativa, sem dúvida, mas também bastante equívoca. Tudo o que Jacques Cousteau tem a ver com o assunto é ter comentado, algures nos anos 1960, que "as ilhas Pigeon são um dos dez melhores sítios de mergulho do mundo". Na verdade, nem sequer é uma reserva, mas um parque submarino de 400 hectares, o primeiro declarado em França. Agora recebe 80 mil visitantes em média por ano - o que, apesar do caderno de boas práticas, acaba por ser uma pressão excessiva para um paraíso aquático, onde crescem corais, esponjas, lagostas, tartarugas e um batalhão de peixes de espécies diferentes.