Fugas - Viagens

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    PRAIAS URBANAS. Praia de Tróia-Mar - Grândola - Setúbal, Alentejo Nuno Ferreira Santos
  • PRAIAS URBANAS. Praia de Tróia-Mar - Grândola - Setúbal, Alentejo
    PRAIAS URBANAS. Praia de Tróia-Mar - Grândola - Setúbal, Alentejo DR
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    PRAIAS DE DUNAS. Praia da Ilha de Tavira - Tavira - Faro, Algarve Enric Vives-Rubio
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  • PRAIAS DE DUNAS. Praia do Porto Santo - Porto Santo - Madeira
    PRAIAS DE DUNAS. Praia do Porto Santo - Porto Santo - Madeira Carlos Lopes/Arquivo
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  • PRAIAS DE DUNAS. Praia do Carvalhal - Grândola - Setúbal, Alentejo
    PRAIAS DE DUNAS. Praia do Carvalhal - Grândola - Setúbal, Alentejo DR
  • PRAIAS DE DUNAS. Praia do Carvalhal - Grândola - Setúbal, Alentejo
    PRAIAS DE DUNAS. Praia do Carvalhal - Grândola - Setúbal, Alentejo DR
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  • PRAIAS DE ARRIBAS. Praia do Meco - Sesimbra - Setúbal, Lisboa e Setúbal
    PRAIAS DE ARRIBAS. Praia do Meco - Sesimbra - Setúbal, Lisboa e Setúbal Nuno Ferreira Santos
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    PRAIAS DE ARRIBAS. Praia do Meco - Sesimbra - Setúbal, Lisboa e Setúbal DR
  • PRAIAS DE ARRIBAS. Praia do Meco - Sesimbra - Setúbal, Lisboa e Setúbal
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  • PRAIAS DE ARRIBAS. Praia da Arrifana - Aljezur - Faro, Algarve
    PRAIAS DE ARRIBAS. Praia da Arrifana - Aljezur - Faro, Algarve DR
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  • PRAIAS DE ARRIBAS. Praia de Odeceixe - Aljezur - Faro, Algarve
    PRAIAS DE ARRIBAS. Praia de Odeceixe - Aljezur - Faro, Algarve Pedro Cunha
  • PRAIAS DE ARRIBAS. Praia de Odeceixe - Aljezur - Faro, Algarve
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  • PRAIAS DE RIOS. Praia das Furnas de Vila Nova de Milfontes - Odemira - Beja, Alentejo
    PRAIAS DE RIOS. Praia das Furnas de Vila Nova de Milfontes - Odemira - Beja, Alentejo DR
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  • PRAIAS DE RIOS. Penedo Furado - Vila de Rei - Castelo Branco, Beira Interior
    PRAIAS DE RIOS. Penedo Furado - Vila de Rei - Castelo Branco, Beira Interior DR
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  • PRAIAS DE RIOS. Penedo Furado - Vila de Rei - Castelo Branco, Beira Interior
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  • PRAIAS DE RIOS. Praia Fluvial de Loriga - Seia - Guarda, Beira Interior
    PRAIAS DE RIOS. Praia Fluvial de Loriga - Seia - Guarda, Beira Interior DR
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  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa  e Setúbal
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa e Setúbal Pedro Cunha
  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO Rui Soares
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  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa  e Setúbal
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa e Setúbal DR
  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa  e Setúbal
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia do Guincho - Cascais - Lisboa, Lisboa e Setúbal Pedro Cunha
  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO. Supertubos - Peniche - Leiria, Estremadura e Ribatejo
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO. Supertubos - Peniche - Leiria, Estremadura e Ribatejo Rui Soares
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  • PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia de Ribeira d'Ilhas - Mafra - Lisboa, Lisboa e Setúbal
    PRAIAS DE USO DESPORTIVO Praia de Ribeira d'Ilhas - Mafra - Lisboa, Lisboa e Setúbal DR
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  • PRAIAS SELVAGENS. Fisgas de Ermelo - Mondim de Basto - Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro
    PRAIAS SELVAGENS. Fisgas de Ermelo - Mondim de Basto - Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro DR
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    PRAIAS SELVAGENS. Fisgas de Ermelo - Mondim de Basto - Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro DR
  • PRAIAS SELVAGENS. Lagoa do Fogo - Ribeira Grande - São Miguel, Açores
    PRAIAS SELVAGENS. Lagoa do Fogo - Ribeira Grande - São Miguel, Açores DR
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  • PRAIAS SELVAGENS.  Canto Marinho - Viana do Castelo, Entre Douro e Minho
    PRAIAS SELVAGENS. Canto Marinho - Viana do Castelo, Entre Douro e Minho DR
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  • PRAIAS URBANAS. Praia de Tróia-Mar - Grândola - Setúbal, Alentejo
    PRAIAS URBANAS. Praia de Tróia-Mar - Grândola - Setúbal, Alentejo Miguel Madeira
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  • PRAIAS URBANAS. Praia da Costa Nova - Ílhavo - Aveiro, Beira Litoral
    PRAIAS URBANAS. Praia da Costa Nova - Ílhavo - Aveiro, Beira Litoral DR
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    PRAIAS URBANAS. Praia da Costa Nova - Ílhavo - Aveiro, Beira Litoral DR
  • PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo
    PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo Paulo Pimenta
  • PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo
    PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo DR
  • PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo
    PRAIAS URBANAS. Praia da Zambujeira do Mar - Odemira - Beja, Alentejo Pedro Cunha
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Albufeira do Ermal - Vieira do Minho - Braga, Entre Douro e Minho
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Albufeira do Ermal - Vieira do Minho - Braga, Entre Douro e Minho Nelson Garrido
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Albufeira do Ermal - Vieira do Minho - Braga, Entre Douro e Minho
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Albufeira do Ermal - Vieira do Minho - Braga, Entre Douro e Minho DR
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Vale do Rossim - Gouveia - Guarda, Beira Interior
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Vale do Rossim - Gouveia - Guarda, Beira Interior DR
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Vale do Rossim - Gouveia - Guarda, Beira Interior
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Vale do Rossim - Gouveia - Guarda, Beira Interior DR
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro DR
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro DR
  • PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro
    PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS. Ribeira - Albufeira do Azibo - Macedo de Cavaleiros - Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro DR

A sua praia é uma maravilha?

Por Fugas

Resultados só mesmo em Setembro, até lá vale tudo para fazer campanha - menos atirar areia para os olhos. O objectivo é tornar a praia de cada um uma maravilha de Portugal. Na lista das 21 finalistas há areais para todos os gostos.

PRAIAS DE RIOS

Furnas de Vila Nova de Milfontes
Ligação perfeita rio-mar
Aqui, a junção entre o rio Mira e o oceano Atlântico é perfeita: a terra parece ter sido desenhada de propósito para este efeito. A enorme garganta trava a ferocidade das águas agitadas do mar e oferece ao rio a calma necessária. A praia das Furnas de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira (distrito de Beja), em pleno litoral alentejano, tem uma luminosidade que vai da extensa duna até à água transparente (mas fria). O que, juntando ao sol que ali não encontra fronteiras, faz com que os extremos se toquem. A praia das Furnas - que faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina - fica na margem Sul da foz do Mira, onde se chega de barco ou de carro. Há quem faça a travessia de canoa ou a nado, mas atenção às fortes correntes. Milfontes fica do outro lado do rio, a poucos metros, na margem Norte - o peixe fresco, o arroz de sapateira ou as migas estão logo ali. Reparo: a construção do lado de Milfontes já devia ter parado há anos. Na praia das Furnas, a natureza ainda é o elo mais forte. Pedro Andrade Soares

Penedo Furado
Uma praia verdejante
Por aqui, não há mar a perder de vista. Nem dunas e muito menos gaivotas esvoaçantes ao final do dia. Mas há verde, silêncio e um chilrear contínuo, apenas sobreposto pela tagarelice das várias quedas de água que vão alimentando o leito da ribeira de Codes. Um espelho de água tão verde quanto tudo à sua volta e que se vai revelando à medida que se abandona a estrada e se percorre um estreito caminho talhado na rocha. Em qualquer altura do ano, é a tranquilidade que atrai gentes a estas paragens. Excepto no pico do Verão. Aí, a praia enche-se também de histórias e gargalhadas, além de saltos acrobáticos de quem não teme a temperatura da água. Não mintamos: é gelada. Mas com os termómetros a ultrapassarem os 40 graus, como acontece tantas vezes nesta região, as águas, correntes e cristalinas, são de um frio que consola. E nos impele a um e a outro mergulho.

Loriga
Frescura glaciar
Incrustada num antigo glaciar (extinto no último degelo, ocorrido há 10 a 15 mil anos), é o alvoroço das águas a correr que mais marca uma passagem por Loriga. O barulho não cessa. Mas também não incomoda. Tem, antes, um efeito terapêutico. Com a banda sonora definida, o cenário é de grandiosidade, no qual se destacam o maciço rochoso de todo o Vale Glaciar de Loriga no coração da serra que Miguel Torga descreveu como "alta, imensa, enigmática". As águas correm, livres e límpidas, pelos socalcos, desembocando no que as gentes da terra chamam de Poço do Zé Lages, atraindo refrescantes mergulhos. Principalmente se antes nos decidirmos perder por labirínticos trilhos, outrora usados por pastores e hoje calcorreados regularmente por caminheiros. Para o fim do dia, uma sugestão: descobrir Loriga e o seu bolo negro - sem esquecer o requeijão com doce de abóbora ou a aguardente de medronho.

 

PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS

Ermal
As melhores paisagens
Para encontrar as melhores paisagens minhotas, só precisamos de orientação até Vieira do Minho. A partir daí, dispensa-se mapa, indicações, GPS. Aponta-se ao verde e é impossível falhar: subindo, está o Gerês; descendo, acabaremos por desaguar na albufeira do Ermal. Claro que, para alguém nascido nos anos 1980, o primeiro mergulho nas águas do Ermal aconteceu durante o festival com o mesmo nome. Mas essa memória não conta: impõe-se o regresso no pino do Verão, pelo teleski, pista invulgar de esqui aquático, wakeboard, mono-ski e kneeboard, e sobretudo no sossego da Primavera. É nas primeiras semanas de sol que, fugindo ao frenesim dos desportos náuticos, se enche à-vontade a cara de preguiça e petiscos, lá onde o rio Ave dispõe ainda de águas translúcidas. Se não formos prevenidos, também não se passa fome: a zona balnear tem bar e restaurante. Hugo Torres

Azibo
A praia improvável
Quem hoje trata do bronze e dá uns mergulhos no Azibo (a dois quilómetros de Macedo de Cavaleiros) não poderá imaginar que está na praia mais improvável do país. Encaixada entre as serras de Nogueira e de Bornes, a barragem do Azibo era uma das peças do complexo agro-industrial do Cachão, um projecto de Camilo Mendonça, membro do Governo de Salazar. O Cachão avançou, acabando por entrar em decadência no pós 25 de Abril de 1974, mas a barragem do Azibo só seria construída em 1982. Ao regadio acrescentaram-lhe o abastecimento de água. A vertente turística só chegaria em meados da década de 1990, com a praia da Fraga da Pegada (muitos hectares de areal e mais ainda de relvado), e mais recentemente (2005) com a praia da Ribeira (9200 m2 de areal). A separá-las (uma está localizada a nascente da albufeira, a outra a poente) estão cerca de 600 metros de água que os nadadores mais habilitados cumprem facilmente. Para uma praia improvável, com areia fina vinda de Zamora, pranchas de mergulho, gaivotas, barcos de remos, bares de apoio e tudo o mais a que uma (duas) praia(s) obriga - há mesmo seis nadadores-salvadores em permanência -, o melhor é mesmo ficar por lá uns dias e explorar também a ciclovia entre Salselas e a praia da Ribeira (15,6 km), os três percursos pedestres que dali partem, nomeadamente o trilho dos Caretos entre Podence e o Azibo, tudo isto aproveitanto a mata de carvalhos e sobreiros que cerca toda a albufeira. Raposo Antunes

Vale do Rossim
No tecto do mundo
Não havia ecoresorts. Havia víboras, abelhas, talvez ainda lobos. Os cães ladravam ao fundo da estrada, cães-leões, com sangue de pastor. Os pastores vendiam queijos em mão, coisa de palpar o cheiro, a serra como era há muito. Ao fundo da estrada começava o ziguezague para a barragem, uma praia no tecto do mundo. Lembro-me de não haver ninguém, mas talvez já não fosse Verão, água transparente, fundo grosso. E em volta aquelas pedras com forma de cabeça, cabeças gigantes. Agosto era mês de fogos, tendas, crianças, guinchos na água. Depois as férias acabavam, ia ser Outono. Um espelho voltado para o céu, mais alto do que qualquer outro. E em Dezembro, neve. Alexandra Lucas Coelho

 

PRAIAS URBANAS

Zambujeira do Mar
Vida de praia
A Zambujeira não é a minha praia. A Zambujeira é a minha vida. Cresci aqui, entre aparições da Ti' Maria Jacinta na mercearia dos meus pais a revelar-me, uma e outra vez, a sempre primordial revelação. "Sabes que fui eu que te fui buscar ali à praia, não sabes?". "Estavas numa cestinha no mar e eu trouxe-te para a tua mãe, vê lá a sorte que tiveste!" E tive. Com a mãe, com o pai, com a praia e com toda esta costa de prodígios. Por causa do meu mitológico nascimento, cada mergulho na Zambujeira é um renascimento. Reconheço à praia os traços da beleza mas é no seu mar que me torno religioso. Por isso, parece-me de natural redundância que lhe chamem maravilha. E, entre cada elevação, olhos na rocha, aquela lá ao fundo, quase no ar, quase ilha, aquela que dá o equilíbrio da perfeição a todas as fotografias. É o Palheirão e, para nós, é mais que uma rocha, é uma espécie de divindade, imagem que persegue todos os caídos sob o feitiço da Zambujeira, o símbolo de toda a presença, de toda a saudade, o coração da terra. Luís J. Santos

Costa Nova
Só para alguns, os nossos
O que se segue não é o melhor que se pode dizer de uma praia, mas a Costa Nova não é para todos, só para alguns, os nossos. Portanto, toda a verdade: mesmo em Agosto, não se sai daqui vivo sem um bom casaco de malha, que as noites são de fazer fila na roulotte do Zé da Tripa e o Verão, entre a ria e o mar, não é de ferro (enfim, tem os seus momentos). Expliquemo-nos: não há praia como a Costa Nova - ou melhor, há, mas nenhuma tem um areal tão enorme e tão branco, nem um mar que dê tanta luta, nem uma nortada tão capaz de acordar os mortos -, mas não vale a pena esperar milagres tropicais. Estamos verdadeiramente no Atlântico Norte, um banho de mar pode ser uma grandessíssima tareia e o corta-vento é da tradição. Posto isto, a Costa Nova continua a ser, para citar um gigante, Eça de Queirós, "um dos mais deliciosos pontos do globo", onde estamos sempre "em grande alegria" - mesmo que o palheiro do republicano José Estêvão, onde o escritor se alojou em 1844, já não receba forasteiros e os pescadores tenham trocado as suas casas às risquinhas por apartamentos com marquise. Teremos sempre as enguias, uma estrada encantada para ir de bicicleta até à Vagueira - e o plano B de ir para a ria, quando a bandeira está vermelha. Certo, guardámos o melhor para o fim: a Costa Nova não é uma praia, são duas. Inês Nadais

Tróia-Mar
A palavra mágica
Quem conhece bem a Margem Sul do Tejo sabe que a praia do Barreiro é como a convocatória de Ricardo Costa para a selecção nacional de futebol: está lá, mas é inutilizável. Para um adolescente que vivia naquela zona, no cruzamento entre as décadas de 1980 e 1990, as alternativas não eram muitas: Costa da Caparica, Fonte da Telha, Fonte da Telha ou Costa da Caparica. Também havia o Portinho da Arrábida, mas quem lá chegava de bicicleta passava o dia a recuperar o fôlego e a preparar as pernas para o regresso. Era chato. "Tróia" surgia então como uma palavra mágica, que podia ser hoje repetida até à exaustão nos livros de Harry Potter. Quase uma hora de comboio, uma longa caminhada até ao ferry e o paraíso ali à frente. Água limpa, areia fina. Não sei que magia há hoje em Tróia, depois das implosões de José Sócrates. Mas fiquei com vontade de lá voltar, mal escreva este ponto final. Alexandre Martins

 

PRAIAS DE ARRIBAS

Meco
Esta praia é um spa
Foi um aniversário memorável. Saímos cedo de casa e aterrámos na Praia do Meco, com os pés na areia grossa e o mar a perder de vista. Avistávamos os nudistas ao longe mas esta praia é para todos, pais e filhos, amigos e avós e ainda hoje se ruma ao Meco em família. Chapéu de sol aberto, toalhas estendidas e o primeiro mergulho naquele mar revolto. Entrar custa, há um fundão logo à beira que mete medo e as ondas não param de desafiar. Saímos a correr directos à toalha para sentir o sol escaldar na pele e o cheiro da vegetação que cobre a falésia. Esta praia é um spa. Há argila a sair das rochas e antes de mergulhar mais uma vez no mar azul cobrimos a cara e o corpo com esta pasta cinzenta. Voltamos ao banho, à toalha. E, por fim, atacamos a falésia coberta de areia, transformada em pista de esqui em pleno Verão. Ganha quem chegar primeiro. E é ver-nos a rebolar encosta abaixo. O sol gigante já se põe e acendemos as velas do bolo. Um aniversário tem de ter um bolo. Apago as velas a ouvir uma salva de palmas. E nunca mais me esqueço do Meco. Ana Rute Silva

Odeceixe
O tudo-em-um
Odeceixe é o dois-em-um. Ou o três-em-um. Ou mais ainda. Passo a explicar: é mar e piscina, é espaço e luz. É Alentejo e é Algarve. É uma praia que, conforme as marés, é duas. Aliás, três. Confuso? Na verdade, é tudo muito simples... e maravilhoso. Deixando a pequena vila de Odeceixe para trás, o caminho evolui conforme os caprichos da ribeira de Seixe, que faz a fronteira entre o Alentejo e o Algarve. As casas desaparecem para ressurgir três quilómetros à frente, quando já se adivinha o mar. Chegamos junto com a ribeira, que contorna o imenso areal e despeja no Atlântico. Este enlace dá origem a duas praias - a de água doce, onde se toma banho com peixes, caranguejos e lebres-do-mar e se escrevem juras de amor em pequenas pedras de xisto colocadas em frágil equilíbrio na falésia, e a praia de vagarosas ondas, ladeada por imensas falésias, onde saltitam os miúdos da escola de surf e os nossos munidos de pranchas de bodyboard. Mas o mais fabuloso é a amplitude de marés, que lembra o recuo das águas de um tsunami, deixando para trás pequenas piscinas naturais. É esse recuo que nos abre as portas à praia dos nus (terá outro nome mas não é assim que lhe chamamos por razões óbvias). A praia do lado, onde há a gruta onde vivem ursos (pelo menos é a teoria dos meus filhos), onde se apanham caranguejos e onde a imensa luz nos consegue sempre, anos e anos a conhecê-la, deixar extasiados. Odeceixe é isto tudo, e mais ainda, em-um. Ana Fernandes

Arrifana
Descer é fácil...
Felizmente nem todas as praias estão à distância de dois passos do sítio onde estacionamos o carro. A praia da Arrifana, em Aljezur, é uma dessas, daquelas praias que nos obrigam a andar, mas que nos compensam pelo esforço. Há dois momentos de chegada à Arrifana. Quando temos a visão de cima, do topo do morro, e olhamos para a envolvência perfeita entre a arriba, a areia e o mar. Depois, descemos o sinuoso caminho (que teremos obrigatoriamente de fazer no sentido contrário, e essa será a parte do esforço) até à areia e podemos escolher o nosso spot preferido no longo manto dourado, sem o risco de sermos massacrados pelo vento. E é uma praia multiusos: dá para surf, para banhos, para sol. Um conselho: não ir muito carregado. Ao fim do dia, a subida é de categoria super, íngreme e longa. Marco Vaza

 

PRAIA DE DUNAS

Carvalhal
Como numa ilha deserta
Se é daqueles adeptos da animação balnear esqueça e passe à praia seguinte: se há coisa que dificilmente encontrará no Carvalhal é berraria, confusão e actividades grupais tipo vamos-lá-todos-fingir-que-fazemos-ginástica. Por estas dunas sem fim, por estes areais onde se caminha horas a fio sem encontrar quase ninguém, como numa ilha deserta, reina a tranquilidade. Ao final do dia, ou às vezes antes, as gaivotas afoitam-se por entre os escassos banhistas. Em fins-de-semana mais movimentados basta andar algumas centenas de metros a partir da entrada da praia do Carvalhal ou da vizinha praia do Pêgo para mergulhar outra vez no sossego. As águas, essas, não são nem tão mansas nem tão quentes quanto as do clássico litoral algarvio - mas também não são de enregelar os ossos. Dois restaurantes no Carvalhal e um no Pêgo fazem as honras à mesa à beira-mar. Ana Henriques

Ilha de Tavira
Natureza, convém respeitar
A ida à praia da Ilha de Tavira é uma aproximação diferente ao Algarve. Só pelo facto de começar com uma viagem de barco é uma primeira experiência, assim estejamos atentos ao ambiente, com fauna e flora observáveis, no rio, na ria. É que entrámos num parque natural, que tem regras. Vamos deparar-nos com cordões dunares que não devemos pisar, garante de um ecossistema lagunar sensível, e se há um parque de campismo, relativamente tranquilo e que só abre em época balnear, os apoios de praia (em excesso, é um facto) poderão ser a única nota dissonante à tranquilidade, por serem ruidosos, demasiado permeáveis à publicidade, policromáticos. Mas há "cantinhos" - basta abrir o olho. O melhor está lá para baixo, areia fina e a temperatura da água da praia-capital do Sotavento. No Algarve, é difícil encontrar mais tépida. O melhor de tudo é o fim de tarde, com maré vazia, seguindo o pôr do sol, onde o naturismo é tolerado, mesmo legal lá mais para a frente, passando a Terra Estreita e o Barril, em caminhada até à praia do Homem Nu. Mas atenção, há um barco para apanhar de volta. Carlos Filipe

Porto Santo
A linha do horizonte
Porto Santo, a praia: quase nove quilómetros de areia fina e amarela, água límpida, temperaturas amenas, a da água e a do ar. Mar calmo excepto em dias de calema. Dizem-na única pela composição da areia, com propriedades terapêuticas. Que convida a fazer? Mergulhar, nadar, andar de barco, conhecer a escarpada costa norte, dar longos passeios na beira-mar, repousar. A vida urbana não tem interesse. A nocturna resume-se praticamente aos restaurantes. Os guias turísticos dizem o resto. É aconselhável mesmo fora do Verão pelo clima ameno. Menos atraente, pela muita população, na primeira metade de Agosto, excepto se o viajante quiser cumprimentar na praia Alberto João Jardim. A ilha ainda não foi "formatada" pelo turismo de massas. As melhores zonas da praia têm uma razoável densidade de crianças - os pais não têm medo de as perder de vista ou, se perdem, é fácil reencontrá-las. O maior prazer é contemplar a infinita e límpida linha do horizonte. Jorge Almeida Fernandes

 

PRAIAS SELVAGENS

Canto Marinho
Escondida no litoral de Viana
A praia de Canto Marinho, em Carreço, Viana do Castelo, conserva quase intactos valores ambientais únicos que lhe conferem singularidade e riqueza. Com uma área de apenas um quilómetro de comprimento e cerca de 50 metros de largura, mais de metade ocupada por rochas, encerra uma biodiversidade notável, emprestando-lhe uma elevada importância ecológica. A avifauna tem aí uma zona de refúgio, alimento e nidificação, destacando-se a presença de salinas, camboas e estruturas de defesa da costa. Pela sua situação selvagem, a praia de Canto Marinho, que ostenta desde 1998 a bandeira de Praia Dourada, não é vigiada e não tem infra-estruturas de apoio. É indicada para passeios no passadiço que se estende paralelamente à linha do mar, permitindo um percurso interpretativo que abrange um conjunto de valores naturais e culturais, singulares no Noroeste Ibérico. É possível observar testemunhos e memórias dos últimos dois milhões de anos da história da Terra (período Quaternário da era Cenozoica). É ainda indicada para a prática do mergulho e o branco areal convida a uns bons banhos de sol, apesar do difícil acesso. Andrea Cruz

Fisgas do Ermelo
A maior queda de água
É grande a tentação de deixar Miguel Torga falar: "Cá me vim debruçar também sobre o despenhadeiro das Fisgas, com os pés seguros pelos companheiros por causa das vertigens. E apreciei devidamente este misto de espanto e terror. A contemplação dos abismos naturais é necessária de vez em quando a quem tem a atracção dos outros (...)", escreveu no seu Diário VIII, no dia 2 de Outubro de 1959. Nós fomos às Fisgas do Ermelo (Mondim de Basto) meio século depois, regressámos algumas vezes, e não há tempo que apague o deslumbramento primordial diante do precipício que se deixa abrir num leito de quartzitos por onde o rio Olo se despenha de uma altura de 200 metros. É a maior queda de água de Portugal, uma das maiores da Europa, mas não se precipita em vertical absoluta, vai brincando fora e dentro das rochas. No topo, formam-se lagoas, bacias rochosas onde o Verão se refresca (responsáveis pela presença das Fisgas do Ermelo entre as 21 finalistas das 7 Maravilhas), mas o miradouro para a cascata está a meio caminho do despenhadeiro, uma plataforma de rochas indisciplinadas defronte da parede rochosa onde escorre a água, mais ou menos explícita, dependendo da altura do ano. Se nos aproximamos da beira podemos espreitar o fundo da garganta, se o terror vencer olhamos em volta para a paisagem que se multiplica em cume horizonte dentro - estamos na serra do Alvão, em pleno Parque Natural, e o cenário vale por si só. Andreia Marques Pereira

Lagoa do Fogo
Uma aventura na lagoa
Não há conversa sobre os Açores em que não me lembre daquele dia na Lagoa do Fogo. Recordo perfeitamente a sensação de espanto - quando a olhamos de cima, antes de começar a descer a encosta, parece saída de um livro de aventuras juvenil, com direito a bruma e tudo. Foi nessa primeira ida à lagoa que perdi quase toda a minha fé nos placards de informações do Turismo dos Açores (já lá vão anos, devem tê-lo alterado entretanto). O que li naquela altura dizia que o percurso que contornava a lagoa, classificado como "fácil", era de 12 quilómetros, demorava quatro horas a fazer e, eventualmente, poderia exigir aos caminhantes que entrassem na lagoa para cumprir parte do trilho, mas sem que a água passasse do joelho. O que posso dizer passado todo este tempo é que eu e os meus amigos - todos habituados a andar a pé na natureza - demorámos mais de sete horas a concluir o percurso e para transpor algumas das "etapas" tivemos de nadar e de fazer escalada livre. Pelo meio soltámos uma cria de garajau e escrevemos mentalmente várias cartas ao turismo das ilhas. No fim do dia, a grande língua de areia da lagoa parecia-nos muito pouco uma praia, mas diz quem mora em São Miguel que é boa. Lucinda Canelas

 

PRAIAS DE USO DESPORTIVO

Ribeira d'Ilhas
As ondas perfeitas
E de repente temos 18 anos e a carta de condução. Porquê ir para a praia de sempre, aquela cujo percurso se faz caminhando pelo centro da vila, onde estão a família e os amigos da família, quando podemos descobrir as praias vizinhas, aquelas aonde se chega de carro? Partimos de janelas abertas e o rádio no máximo. Saímos do centro da Ericeira e, 1,5 ou dois quilómetros de estrada depois, ligamos o pisca para a esquerda, descemos a ladeira de terra batida e estacionamos junto ao canavial, em frente ao mar. As ondas perfeitas e certas chegam à praia, trazendo com elas os surfistas. É verdade, admitimos entre risos, foram os surfistas que nos levaram a Ribeira d'Ilhas. São lindos, de olhos claros, cabelos encaracolados e louros nas pontas. Saem da água numa corrida, pousam as pranchas e despem os fatos. Seguimos os seus movimentos e comentamo-los como se fosse preciso legendagem. E é! Muitos são estrangeiros, alemães, holandeses, franceses. Tantas línguas que precisamos de saber melhor, reconhecemos. Vinte anos depois, Ribeira d'Ilhas continua igual, mas com mais condições. Afinal, é ali que se realiza uma das etapas do Campeonato do Mundo de Surf. É possível chegar a pé ou de bicicleta pela pista ciclável e descer, até à praia, uma escadaria de madeira que parece não ter fim. O estacionamento faz-se no asfalto, ao lado de um pequeno café e do Surf Camp, onde se pode comer, dormir, alugar equipamento ou comprar aulas para a prática da modalidade. As carrinhas "pão de forma" parecem as mesmas, assim como os rapazes. Bárbara Wong

Supertubos
O estrangeiro ao pé de casa
Dia de Supertubos era dia de viagem longa, para nós que estávamos habituados a ir até a Peniche de Cima e, em dias de festa, ao Baleal, do outro lado da enseada. Mas a ida a Supertubos era como ir até um país exótico. Na altura, o vai-vem dos surfistas era essa paisagem exótica e, sentados na areia, lancheiras cheias a derreter ao sol, era ver o modo como pareciam naturais dentro daquelas ondas. Gestos que imitávamos driblando as horas de digestão, correndo para apanhar a espuma que chegava à areia como se essa espuma fosse a onda e as nossas sandálias transparentes contra os peixes-aranha a prancha indefectível. Havia vento, claro, e havia risco, que nunca calculávamos, mas aquele areal, queimado pelo sol, às vezes mergulhado em limos que os velhos usavam para o reumatismo e nós usávamos como cabeleiras e bichos que enfiávamos dentro dos fatos de banho dos primos, eram o que de mais aproximado tínhamos de férias no estrangeiro. Tiago Bartolomeu Costa

Guincho
Vulcão e deserto
Em certos dias de fúria, a praia morde. A areia ergue-se no ar com a ventania e ataca a pele nua dos turistas até fazer sangue. Isto não é lenda. Quem frequenta a Praia do Guincho com regularidade já presenciou alguma vez esta cena de pesadelo: raparigas de biquíni correndo aos gritos pelo areal, ou estrada acima com as pernas vermelhas de agulhadas. Sangue. Quem não acredita não conhece o Guincho. Não é uma praia para descansar. Pode ficar desmaiada num lençol de tons púrpura, quase silenciosa, estralejando como lava a conspirar nas profundezas. A rebentação das ondas é sempre distante, as vagas longas, de alto-mar. Mas a qualquer momento uma brisa nasce ao nível dos pés, num zunido de remoinhos que em minutos se transforma em tempestade de areia. Há algo de vulcão e de deserto neste areal rodeado de falésias tingidas de névoa rósea e chamejante apontando o Cabo da Roca, entre Cascais e a serra de Sintra. Do Guincho quem se atreve a dizer: é a minha praia? Paulo Moura

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