PRAIAS DE RIOS
Furnas de Vila Nova de Milfontes
Ligação perfeita rio-mar
Aqui, a junção entre o rio Mira e o oceano Atlântico é perfeita: a terra parece ter sido desenhada de propósito para este efeito. A enorme garganta trava a ferocidade das águas agitadas do mar e oferece ao rio a calma necessária. A praia das Furnas de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira (distrito de Beja), em pleno litoral alentejano, tem uma luminosidade que vai da extensa duna até à água transparente (mas fria). O que, juntando ao sol que ali não encontra fronteiras, faz com que os extremos se toquem. A praia das Furnas - que faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina - fica na margem Sul da foz do Mira, onde se chega de barco ou de carro. Há quem faça a travessia de canoa ou a nado, mas atenção às fortes correntes. Milfontes fica do outro lado do rio, a poucos metros, na margem Norte - o peixe fresco, o arroz de sapateira ou as migas estão logo ali. Reparo: a construção do lado de Milfontes já devia ter parado há anos. Na praia das Furnas, a natureza ainda é o elo mais forte. Pedro Andrade Soares
Penedo Furado
Uma praia verdejante
Por aqui, não há mar a perder de vista. Nem dunas e muito menos gaivotas esvoaçantes ao final do dia. Mas há verde, silêncio e um chilrear contínuo, apenas sobreposto pela tagarelice das várias quedas de água que vão alimentando o leito da ribeira de Codes. Um espelho de água tão verde quanto tudo à sua volta e que se vai revelando à medida que se abandona a estrada e se percorre um estreito caminho talhado na rocha. Em qualquer altura do ano, é a tranquilidade que atrai gentes a estas paragens. Excepto no pico do Verão. Aí, a praia enche-se também de histórias e gargalhadas, além de saltos acrobáticos de quem não teme a temperatura da água. Não mintamos: é gelada. Mas com os termómetros a ultrapassarem os 40 graus, como acontece tantas vezes nesta região, as águas, correntes e cristalinas, são de um frio que consola. E nos impele a um e a outro mergulho.
Loriga
Frescura glaciar
Incrustada num antigo glaciar (extinto no último degelo, ocorrido há 10 a 15 mil anos), é o alvoroço das águas a correr que mais marca uma passagem por Loriga. O barulho não cessa. Mas também não incomoda. Tem, antes, um efeito terapêutico. Com a banda sonora definida, o cenário é de grandiosidade, no qual se destacam o maciço rochoso de todo o Vale Glaciar de Loriga no coração da serra que Miguel Torga descreveu como "alta, imensa, enigmática". As águas correm, livres e límpidas, pelos socalcos, desembocando no que as gentes da terra chamam de Poço do Zé Lages, atraindo refrescantes mergulhos. Principalmente se antes nos decidirmos perder por labirínticos trilhos, outrora usados por pastores e hoje calcorreados regularmente por caminheiros. Para o fim do dia, uma sugestão: descobrir Loriga e o seu bolo negro - sem esquecer o requeijão com doce de abóbora ou a aguardente de medronho.
PRAIAS DE ALBUFEIRAS E LAGOAS
Ermal
As melhores paisagens
Para encontrar as melhores paisagens minhotas, só precisamos de orientação até Vieira do Minho. A partir daí, dispensa-se mapa, indicações, GPS. Aponta-se ao verde e é impossível falhar: subindo, está o Gerês; descendo, acabaremos por desaguar na albufeira do Ermal. Claro que, para alguém nascido nos anos 1980, o primeiro mergulho nas águas do Ermal aconteceu durante o festival com o mesmo nome. Mas essa memória não conta: impõe-se o regresso no pino do Verão, pelo teleski, pista invulgar de esqui aquático, wakeboard, mono-ski e kneeboard, e sobretudo no sossego da Primavera. É nas primeiras semanas de sol que, fugindo ao frenesim dos desportos náuticos, se enche à-vontade a cara de preguiça e petiscos, lá onde o rio Ave dispõe ainda de águas translúcidas. Se não formos prevenidos, também não se passa fome: a zona balnear tem bar e restaurante. Hugo Torres