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Quem participar no encontro de geocaching da próxima semana vai percorrer e descobrir paisagens como o Monte do Colcurinho

Quem participar no encontro de geocaching da próxima semana vai percorrer e descobrir paisagens como o Monte do Colcurinho

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Na montanha. seguindo o mapa dos tesouros

Entre passadas firmes de quem já fez quilómetros de deserto marroquino a pé, vai-nos contando, como se fosse testemunha viva dos factos, episódios da História destas pequenas aldeias, marcadas por terrenos de declives acentuados, entre cenas do quotidiano e marcos importantes que servem de pontos de referência a Nuno Veríssimo e Tânia Costa, a dupla que, desde 2009, mantém uma empresa especializada em geocaching. Nas pequenas caixas que estes dois carregam e que tratam de camuflar entre a paisagem beirã, umas tirinhas em papel, designadas de logs (por futuramente reunirem os dados de vida daquela caixa e de todos quantos se cruzarão com ela), explicam de forma sucinta a razão de se ter escolhido aquele local para uma cache.

Caches de rabo de fora

A prática de geocaching, embora não esteja associada a nenhuma actividade física em especial, por estas nove aldeias que compõem a rede pressupõe algumas caminhadas (ou incursões em BTT) e várias voltas de automóvel para fazer frente aos quilómetros que as localidades distam entre si. Mas se é verdade que o nível de dificuldade está entre os mais baixos, não são de desprezar os declives naturais que a montanha impõe, a começar pelo Monte do Colcurinho, ainda na serra do Açor, e caminhando em direcção à Torre que encabeça a Estrela.

A forma como se faz geocaching não é, porém, linear. "Pode-se fazer geocaching de todas as formas: de carro, a pé, em escalada... até debaixo de água", explica Tânia Costa. Facto que ajuda a multiplicar os adeptos um pouco por todo o mundo e que em Portugal já reúne mais de 30 mil praticantes. Já caches activas, encontram-se assinaladas mais de 20 mil. Podem estar camufladas de tal forma - uma pedra da calçada, um caracol, um tijolo... - que passamos por elas diariamente sem as ver. É que, nesta coisa do geocaching, olhar não basta.

"O objectivo é levar as pessoas a conhecer os sítios mais marcantes destas aldeias - escolhidos ora pela beleza da paisagem ("cântaros monumentais, lagoas lendárias, vales esplendorosos, covões arcaicos, cascatas sublimes") ora por algum facto histórico - e dar-lhes informação sobre cada um desses locais", resume Paulo Loução. E é importante salientar que, "de outra forma, seria difícil indicar determinados aspectos", escondidos quer entre as novas edificações quer entre o pinhal. É o caso dos vestígios de arte rupestre que, não obstante a sua importância, continuam longe de atrair visitantes em números significativos.

À medida que se avança Estrela adentro e mais caches vão sendo deixadas, também a paisagem se altera. Já longe do pinhal de Vide, enfrenta-se uma paisagem cada vez mais despida, embora monumental, e sempre marcada pela água: por vezes em poços, cristalinos e serenos, outras em sobressaltadas e barulhentas quedas naturais.

Enquanto Nuno trata de esconder mais uma cache, Tânia ocupa-se com a recolha das coordenadas geográficas. "Neste tipo de situação, não pode ser de muito difícil acesso para não desanimar, mas também não pode estar à vista de todos." É que uma cache visível é uma cache desprotegida, estando mais susceptível de ser alvo de vandalismo. "E, infelizmente, há muitos casos." Por outro lado, com coordenadas que dão uma margem de erro de 3m, estando assim o perímetro de busca definido, também não será complicado a quem está à procura encontrar estes "tesouros". Que isto do geocaching é acima de tudo um jogo - quanto mais caches encontradas, mais pontos somados à estatística pessoal. Daí que caches de difícil acesso, "que também as há, especialmente as camufladas", não sejam incluídas nesta rota: "O objectivo é dar ânimo para ir em busca de outra e outra". Afinal, só nesta rede de Aldeias de Montanha, estão escondidas entre 70 e 100 caches

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