Fugas - Viagens

  • Aldeia da Terra, Arraiolos
    Aldeia da Terra, Arraiolos Rui Farinha
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    Aldeia da Terra, Arraiolos Rui Farinha
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    Amieira Marina, Portel Rui Farinha
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    Amieira Marina, Portel Rui Farinha
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    Amieira Marina, Portel Rui Farinha
  • Atoleiros1384, Fronteira
    Atoleiros1384, Fronteira Rui Farinha
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    Atoleiros1384, Fronteira Rui Farinha
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    Badoca Safari Park, Santiago do Cacém Rui Farinha
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    Badoca Safari Park, Santiago do Cacém Rui Farinha
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    Badoca Safari Park, Santiago do Cacém Rui Farinha
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    Badoca Safari Park, Santiago do Cacém Rui Farinha
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  • Fluviário, Mora
    Fluviário, Mora Rui Farinha
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    Fluviário, Mora Rui Farinha
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    Monte Selvagem, Montemor-o-Novo Rui Farinha
  • Monte Selvagem, Montemor-o-Novo
    Monte Selvagem, Montemor-o-Novo Rui Farinha

O Alentejo é um grande parque de diversões

Por Carla B. Ribeiro

Caderneta (sim, de cromos!) a postos e máquina fotográfica à mão. Falta o mais importante: nestas férias de Páscoa, leve os miúdos a passear. Se não tiver filhos, convide o sobrinho, o afilhado, o primo, o vizinho. É que, para tirar todo o proveito destas aventuras pelos parques alentejanos, vai precisar da visão de uma criança.

Chama-se Aldeia da Terra e depressa se compreende porquê. Esta aldeia não só poderia ser de qualquer uma das terras por onde já passámos, de norte a sul, como é de terra que se alimenta. Mais precisamente de barro. Em poucos metros quadrados, reúnem-se anos de história, tradições e cultura, salpicados por quadros bem-humorados.

O parque, nascido de uma brincadeira transformada em sonho, faz parte do recém-lançado projecto de Dinamização e Promoção Turística dos Parques Temáticos e pólos de animação, da responsabilidade do Turismo do Alentejo e que inclui ainda a Amieira Marina, o Badoca Safari Park, o Centro de Interpretação da Batalha de Atoleiros, o Fluviário de Mora e o Monte Selvagem. Pelo meio, há uma Caderneta de Cromos, que exibimos alegremente, que funciona como uma espécie de passaporte para registar a passagem pelos vários divertimentos. Os cromos referentes a cada espaço podem ser adquiridos no local, em saquetas de seis, e os primeiros a completar a colecção habilitam-se a ganhar bilhetes para assistir a jogos da I Liga de futebol — seja-se adepto do Benfica, do Sporting, do FC Porto ou do Sporting de Braga.

De caderneta em punho, encontramos a Aldeia da Terra numa pequena e maltratada estrada, entre Arraiolos e Évora. A contrapor os buracos no asfalto, um alto e branquíssimo muro separa o Alentejo de uma colorida urbe que, em miniatura, pode muito bem representar qualquer zona do país. É a “aldeia mais caricata de Portugal”, como nos avisa um painel à entrada. Há aeroporto e dentista (“tira 3, paga 2”), hospital e escola — com as típicas brincadeiras retratadas, entre o jogo do berlinde e o salto ao eixo. E há ainda, entre um trânsito imparável, com pães-de-forma, táxis e transportes das autoridades, roulottes de hambúrgueres e cachorros, estádio de futebol (jogam Portugal x Argentina, mas a partida está parada com jogadores lesionados!) e urinóis públicos (com inscrições nas paredes a condizer: “sacudir + 3 x é pecado”). Os quadros repetem-se, sempre com uma pitada de humor, e não há semana em que não cresçam: no dia em que por lá passámos foi a vez de juntar Amália à colecção, que já contava com 1315 personagens, 293 casas, 155 viaturas e 2009 adereços. Um total de 3772 peças, na maioria nascidas na pequena oficina instalada logo à entrada.

Envidraçada, permitindo uma visão ampla sobre toda a aldeia, é lá que Tiago Cabeça passa os seus dias, entre o prato giratório e uma parafernália de pequenas ferramentas que ajudam as peças a ganhar vida (ali mesmo, à nossa frente, entre dois dedos de conversa, uma carpideira e dois elefantes), sempre com as mãos na massa. Ou, melhor, no barro. Da oficina, seguem para o forno, localizado no exterior, e daí para a mesa de pintura, onde Magda se encarrega de dar cor às formas criadas por Tiago: há peças que ficam nas prateleiras, quer da loja da Aldeia da Terra (acabadinha de inaugurar), quer no espaço que mantêm em Évora, para venda; outras seguem directamente para a aldeia, com respectiva contabilidade actualizada num quadro de ardósia.

O negócio é assim um projecto de família — e até ocupa o jardim da casa onde o casal reside, de acesso vedado —, tendo nascido também em família. Mas não envolve antepassados dedicados às artes manuais. Antes um sobrinho e a tarefa de fazer babysitting, há já 14 anos. Esgotadas as técnicas de entretenimento infantil, Tiago recuperou o gosto que tinha em miúdo de brincar com plasticina, ao mesmo tempo que conseguiu despertar o interesse do miúdo. Os bonecos encantaram o sobrinho e Tiago (re)descobriu, que, afinal tinha jeito para a coisa. Mas a plasticina acaba por quebrar. E foi então que o artesão, seguindo o conselho de Magda, que já nos tempos de estudante se dedicava a pintar loiça para ganhar dinheiro, se dirigiu à Olaria Guimarães Velho, em São Pedro do Corval, para arranjar um bocado de barro e experimentar.

Pouco tempo depois, a dupla ganhava o primeiro Prémio Nacional de Artesanato Contemporâneo na FIL Artesanato, o que aconteceu dois anos consecutivos, em 2000 e 2001, e abria uma loja em Évora. Desde aí, multiplicaram-se os prémios e o desejo de criar um parque temático de Banda Desenhada a três dimensões foi crescendo, acabando por se desenvolver como todo um projecto de vida.

Numa e noutra volta, observa-se uma vara em intelectual jogatana de xadrez, tem-se vontade de saber o que pensa da vida a senhora dona Maria Vinagre, presidente do clube das sogras e esposa do senhor António Sim Querida da Silva, ou de nos juntarmos ao retrato de casamento com ambas as famílias (bizarras) dos noivos (o original pode ser visto no Centro de Artes Tradicionais - Museu de Artesanato de Évora).

A aldeia pode não ser gigantesca, mas é de reservar pelo menos uma tarde inteira para a percorrer, de tantos pormenores que há a descobrir — se aos mais pequenos arrancam brilhos nos olhos, aos crescidos muitas vezes sacam gargalhadas. E, no fim, guardar tempo para as crianças darem forma à imaginação numa bancada para o efeito. No que diz respeito à aldeia, fica a promessa: as peças serão cozidas e ficarão à espera dos autores que as quiserem resgatar.

 

Por este rio abaixo

Ou acima. No Grande Lago, o tempo passa ao sabor do Guadiana. E, na Amieira Marina, no concelho de Portel, a ordem é para rumar com as correntes tranquilas deste plácido espelho de água.

As opções podem incluir até alugar um barco-casa que qualquer um pode pilotar (para estas embarcações não é necessária carta de marinheiro): albergam entre quatro e 12 pessoas e incluem tudo o que se pode precisar numa casa de férias, desde forno a um lugar ao sol. 

Mas, ao longo do ano, há ainda a possibilidade de embarcar em passeios a bordo do grande Guadiana (capacidade para 120) ou dos mais modestos Alcarrache e Degebe (até 25 pessoas por barco). Para quem prefere traçar o seu próprio curso pelo Guadiana, as canoas podem revelar-se uma boa aposta, já que é fácil ancorar em qualquer ponta de terra, dar uns mergulhos e usufruir do sossego, ou aldeia ribeirinha, com direito a garantidos repastos alentejanos. E, entre os miúdos, as “bananas” e as bóias conquistam adeptos e são ideais para passar o tempo a chapinhar. O resto? Bom, o resto é natureza no seu estado puro, sem postes de alta tensão, ou de qualquer outro género, à vista. Para observar: à noite, estrelas naquela que é a primeira Reserva Dark Sky, usufruindo de baixíssimos níveis de poluição luminosa; de dia, uma multiplicidade de espécies de aves que nos acompanham numa imersão ao Grande Lago. Nas suas águas, abundam peixes de muitos feitios, com especial destaque para o ameaçado saramugo. É para o encontrar e também saber mais sobre ele que invertemos marcha, agora para descer um rio muito especial: o rio ibérico à volta do qual se ergue o Fluviário de Mora.

Assim que se entra para a sala que dá início à simulação de um curso de água ibérico — sobretudo depois das largas vistas experienciadas na Amieira —, a primeira impressão é de que é tudo muito pequeno e até se estranha o ar abismado com que os mais pequenos investigam o que nos parecem ser simples tanques de água com alguns peixes. Nada mais errado. O rio em exibição não é pequeno. Nós é que somos grandes. Hora de alguma ginástica: flictam-se as pernas e chegue-se o nariz bem pertinho do vidro. Assim! De repente tudo ganha outra dimensão: já não estamos a ver tanques; sentimo-nos a entrar por aquelas águas adentro, que se transformam a cada passo.

O municipal Fluviário de Mora, na freguesia de Cabeção, junto ao Parque Ecológico do Gameiro, está aberto desde 2007 e, com o aniversário a aproximar-se (21 de Março), há novidades em grande. Um novo lontrário, alimentado por uma gigantesca árvore fotovoltaica no exterior do corpo principal do edifício e acompanhando o percurso do lago, é inaugurado a 23 de Março para acolher a vasta família de lontras-de-garras-pequenas que, até agora, ocupava um tanque ao lado da cafetaria/restaurante. Já a árvore, além de garantir uma redução anual de emissões de CO2 na ordem das 4,5 toneladas, serve também como sombra aos simpáticos bichos. E há razões extra para ir ver a nova estrutura: com a nova casa chega um novo casal de lontras, desta feita europeias.

Mas comecemos pelo princípio, que no caso será pela foz. Este rio é como qualquer outro: inicia-se com um pequeno caudal, habitado pelos também pequenos góbios ou bordalos. A quantidade de água cresce, assim como a vegetação se altera, e aparecem os ruivacos, o barbo-comum ou o eficiente chanchito (a espécie argentina, que se alimenta de larvas de insecto, contribuiu para a erradicação da malária durante a década de 1960). Seguem-se os achigãs, cuidadosamente separados do resto das espécies, tal o seu apetite, as tainhas e os robalos. A meio, outro aquário, habitado por trutas (arco-íris e mariscas), reproduz a agitação de uma turbulenta queda de água. Depois, os peixes maiores — e agora já quase conseguimos encostar os olhos ao vidro sem nos termos de baixar: esquivas enguias, carpas, esturjões. E uma adivinha: onde está o peixe? O chachorro, talvez embaraçado pela sua estranha aparência, disfarça-se tão bem que nem sempre é fácil descobri-lo. Mas é provavelmente o que mais companhia tem, tendo em conta o tempo que se demora a encontrá-lo (“Ali! ao lado daquela rocha!”). A despedida é graciosa. O rio desagua embalado por uma coreografia encenada por uma raia que até parece querer prender-nos ali ao seu majestoso encanto.

Mas há mais para ver: numa ala à parte, estão as espécies de habitats exóticos: casos das carnívoras piranhas-vermelhas, das enguias-eléctricas ou da gigantesca Alzira, nome com que se baptizou a enorme anaconda amarela. E, claro, os saramugos, que até dão nome a uma sala expositiva onde ainda se podem encontrar crustáceos, anfíbios, moluscos, insectos e anelídeos de espécies que ocorrem em Portugal.

Depois de ver, ao vivo e a cores, como é um rio, estuda-se numa sala multimédia tudo o que há a saber sobre a água. Para os mais pequenos, uma boa oportunidade para escaparem até uma sala onde podem aprender, de forma lúdica, sobre os animais visitados.

Já a Fugas, após uma incursão aos impressionantes bastidores de onde se gere e alimenta a estrutura, segue rumo a Atoleiros para uma viagem ao passado. Embora não tão passado como aquele em que apareceram os primeiros mata-mata, uma espécie de cágado de água doce que levamos na memória e que parece ter faltado à evolução das espécies, mantendo uma aparência a lembrar os animais pré-históricos.

Contra Castela, marchar

Também poderia fazer parte de um hino ao nacionalismo luso. Mas faz certamente parte de um passado que a vila de Fronteira, no distrito de Portalegre, está decidida a honrar: a Batalha de Atoleiros (1384).

Era Abril e os campos permaneciam alagados com a água de um generoso Inverno. Em plena crise de sucessão, João I de Castela, que entretanto desposara a infanta D. Beatriz, única filha de D. Fernando, entra em Portugal, com o apoio de alguns membros na nobreza portuguesa. Do lado oposto da barricada, outros nobres ligados a D. João, Mestre de Avis e filho bastardo de D. Pedro I, incluindo Nuno Álvares Pereira, entretanto nomeado fronteiro do Alentejo. É então que, perante a ameaça castelhana, e não temendo o facto de a sua guarnição ser incomparavelmente menor, o futuro Condestável do reino avança para a luta, escolhendo como terreno de batalha Atoleiros, por onde corria um pequeno riacho e cujos terrenos lamacentos se revelariam fulcrais à vitória portuguesa. Com um bónus: não só ganharam a batalha, como — atestam os escritos da época — não sofreram qualquer baixa.

É, assim, por este encanto medieval e embalados por um áudio-guia mais personalizado do que o habitual, que se desenrola uma visita ao Centro de Interpretação da Batalha de Atoleiros, um projecto desenvolvido a partir de um fresco de Jaime Martins Barata (1899-1970) para a parede da sala do tribunal do Palácio da Justiça de Fronteira e assente num projecto arquitectónico que, vermelho terra e numa forma piramidal, se destaca na pacata vila alentejana.

Tudo começa num possível estúdio do artista: há tintas e pincéis, mas também calhamaços e documentos soltos que terão permitido a Martins Barata estudar exaustivamente o episódio histórico antes de recriar a batalha. Depois, mais à frente, as figuras ganham tridimensionalidade em tamanho real: aqui o convite é para estudar cada detalhe. As armas empunhadas por cada facção, a distribuição dos homens. Por fim, a tela ganha vida e voz num filme — com Gonçalo Waddington, Adriano Luz e Rui Morrison entre o elenco, o mesmo do filme Aljubarrota, que pode ser visionado no Centro de Interpretação homónimo — de 20 minutos e que pode ser visto numa sala onde não faltam efeitos. Mas a visita só acaba depois de a pequenada encetar a sua própria batalha num espaço destinado a brincar com a História.

De marcar na agenda, o 6 de Abril: é feriado no município e Fronteira recebe uma reconstituição da Batalha de 1384 e uma feira medieval. (devido ao mau tempo, a recriação da batalha foi reagendada para os dias 21, 22 e 23 de Junho)

Por entre a bicharada

Visitar uma reserva animal ou embarcar num safari africano no coração do Alentejo? Se não se conhece nem o Monte Selvagem nem o Badoca Safari Park, a tentação poderá ser para visitar um ou outro. Se já se conhece um, o instinto pode dizer que não vale a pena ir ao outro. Mas as semelhanças ficam-se por serem parques que albergam um extenso número de espécies (quer em cativeiro, quer em liberdade) e pela cooperação que é mantida. De resto, são parques totalmente distintos e com diferentes missões. Além de que, comprovámos, as emoções sentidas num não substituem o entusiasmo experienciado noutro.

Uma coisa é certa: são ambos destinos de um dia inteirinho. Horas a fio para se conhecerem as histórias por detrás de cada bicho, sem esquecer tempo para as tropelias da pequenada, presenteadas com atracções que prometem conquistá-as. É o caso do Monte Selvagem, próximo de Lavre, no concelho de Montemor-o-Novo, onde escorregas tubulares e um trampolim gigante são seguramente propostas vencedoras. Mas também o é a quintinha, onde sobretudo os mais pequenitos, munidos de mãos-cheias de ração para as cabras-anãs, para as ovelhas ou para os pequenos porcos do Vietname, não passam sem ir.

A reserva animal, aberta há quase uma década, tem vindo a transformar-se ao longo dos tempos. As emas já não nos recebem quase à entrada, tendo conquistado lugar nos hectares que se percorrem num passeio de tractor (ou de jipe, em dias com poucos visitantes) e onde coabitam majestosos elandes, tímidos gamos, agressivas avestruzes ou nervosas zebras. Já os lémures-de-cauda-anelada permanecem como grandes estrelas entre os animais em cativeiro — até porque é possível observar a tratadora a alimentá-los. À mão. E cativeiro no Monte Selvagem significa apenas que os animais estão confinados a um espaço delimitado por uma vedação, na maioria dos casos electrificada. De resto, cada cativeiro é um habitat per si, privilegiando-se o bem-estar e necessidades de cada espécie. Por isso, o Monte Selvagem tornou-se lar (feliz) para vários animais excedentes de outros zoos, para bichos que são resgatados a lares domésticos ou mesmo à via pública (caso de uma piton albina) e para espécies a precisarem de uma boa reforma. Como um grupo de macacos-rabo-de-porco provenientes de um santuário holandês que se dedica a recuperar animais vítimas das redes de tráfico.

Por todo o parque, os pavões parecem seguir-nos, julgando talvez que não reparámos na sua beleza logo à chegada. Mas não os vimos a aproximarem-se da casa dos imponentes e pachorrentos crocodilos-do-Nilo — difícil mesmo é vê-los a mexer! Fruto do frio que faz com que também os lémures se enrolem numa compacta bola de pêlo que só se desfaz quando um movimento mais brusco lhes desperta o sentido de sobrevivência.

No Badoca Safari Park, em Vila Nova de Santo André, concelho de Santiago do Cacém, o instinto de sobrevivência dos lémures parece ir apenas num sentido: o da alimentação. De resto, o seu habitat pode ser invadido. E não se assuste quando um qualquer saltar para cima de si (como, entre alguma euforia,  confessemos, aconteceu connosco). São bichos curiosos e não resistem a um visitante novo. Mais difícil será acariciar-lhes o pêlo. Mas também o conseguimos.

Tocar nos animais pelo Badoca não é impossível. E só isso transforma a visita numa experiência única. As aves de rapina, que parecem conversar avidamente com o seu tratador-mãe (os nossos ouvidos quase se apercebem que os sons de uma gaivota africana ainda novinha incluem algumas queixinhas), deixam-se acariciar; as zebras não fogem; as girafas parecem compreender o que se lhes diz. São tratadas por tu. E pelo nome. Às vezes fingem não ouvir, como Melman que, ao escutar o seu nome, vira o olhar noutra direcção. Já Kimani, uma fêmea (que se desconfia estar prenhe — a confirmar-se, será a primeira cria girafa do Badoca), responde docemente à chamada e posa para a fotografia antes de recolher (as girafas, como vários outros animais de grande porte, são fechadas à noite por terem uma dieta muito específica).

Chegamos à hora de alimentar os outros animais: búfalos-do-congo, elandes, gnus, veados, órixes, avestruzes. E, tal como se pode observar em documentários de natureza animal, aqui, assim que o sol começa a descer, quase todos se dirigem ao caudal de água. Menos Rudolfo, o gamo. Que, apesar de guloso (é vê-lo lamber-se enquanto nos “rouba” petiscos de entre os nossos dedos), continua a acompanhar-nos como se de um cão se tratasse.

Não estamos em África, mas, lá como cá, tudo nos parece tão grande: as árvores abraçam o céu e os trilhos abrem corredores para o infinito. Deixamo-nos estar a observá-los e, então, damos por finalizada a nossa missão: seis parques, seis saquetas de cromos, caderneta completa. Próxima tarefa: levar os miúdos à bola. E, mais importante, voltar depressa ao Alentejo.

 

Guia prático 

Aldeia da Terra

Quinta das Canas Verdes
Estrada das Hortas 202 - Arraiolos
Tel.: 266746049
E-mail: oficinadaterra@oficinadaterra.com
GPS
: N 38º 42’ 30’’ W 7º 59’ 02’’
Horário: Todos os dias das 10h às 17h (Inverno) ou às 18h (Verão)
Preços: 5€ (3€, crianças dos dois aos 12; 3,50€, seniores).

Amieira Marina

Amieira – Portel
Tel.: 266611173
E-mail: geral@amieiramarina.com
GPS
: N 38º 16’ 38’’ W 7º 31’ 58’’

Passeios: 9,50€ a 21€. Actualmente decorre promoção: passeio + refeição no restaurante panorâmico por 32€/pessoa (desconto de 50% para crianças dos três aos 10).

Barcos-casa: para quatro, idealmente dois adultos e duas crianças, os preços arrancam nos 170€/noite (noite de semana num barco para quatro, de Novembro a Março) e chegam aos 504€ (noite de fim-de-semana em barco-casa para dez, no pico de Agosto).

 

Atoleiros 1384

Av. Heróis dos Atoleiros - Fronteira
Tel.: 245604023
E-mail: atoleiros1384@cm-fronteira.pt
GPS
: N 39º 07’ 29’’ W 7º 35’ 28’’
Horário: de terça a sáado, das 10h às 17h30
Preços: 5€ (3€, dos cinco aos 16 anos e mais de 65).

 

Badoca Safari Park

Herdade da Badoca - Vila Nova de Santo André
Santiago do Cacém
Tel.: 269708850
E-mail: badoca@badoca.com
GPS
: N 38º 2’ 29’’ W 8º 44’ 36’’

Horário: Diariamente, das 10h às 17h (Fevereiro a Abril) e das 10h às 18h (Maio a Outubro)

Preços: 17,50€ (15,50€, crianças dos quatro aos dez e seniores). Interacção com os lémures: 12€ (10€, crianças). A decorrer até 19 de Abril, campanha para escolas: €3/criança

 

Fluviário de Mora

Parque Ecológico do Gameiro
Cabeção - Mora
Tel.: 266448130
E-mail: fluviariomora@mail.telepac.pt
GPS
: N 38º 95’ 58’’ W 8º 10’ 70’’
Horário: Todos os dias das 10h às 17h (Inverno) e às 19h (Verão)
Preços: 7,20€ (4,90€, crianças dos três aos 12; 5,20€, seniores)

 

Monte Selvagem

Monte do Azinhal – Lavre
Montemor-o-Novo 
Tel.: 265894377
E-mail: geral@monteselvagem.pt
GPS
: N 38º 48’ 09,6’’ W 8º 18’ 16,4’’

Horário: de terça a domingo, das 10h às 17h (Fevereiro e Março) e das 10h às 19h (Abril a Outubro)

Preços: 13€ (10,50€, crianças dos três aos 12; 11,50€, seniores); 38€ (bilhete família de dois adultos + duas crianças)

 

Onde ficar

Villa Extramuros
Horta do Chaveiro
Estrada das Hortas – Arraiolos
Tel.: 911192550 ou 266429506
www.villaextramuros.com
Preço: A partir de 130€ por noite em quarto duplo

Um refúgio imbuído num espírito design, cercado por oliveiras e com Arraiolos à vista. São apenas cinco quartos, mas todos incluem terraço e vistas largas. O pequeno-almoço, entre compotas e queijos caseiros, é um hino aos sabores tradicionais alentejanos.

 

Monte dos Arneiros
Monte dos Arneiros – Lavre
Tel.: 265894254 / 937319508
www.arneiros.com
Preço: A partir de 60€ por noite em quarto duplo.

Um monte que poderia ser uma pequena aldeia e em que a hospitalidade se assume como uma das suas grandes mais-valias. Mas também inclui picadeiro, sala de cinema e multimédia, salas para reuniões, piscina e lagoas para a prática de canoagem.

 

Casas de Juromenha
Juromenha - Alandroal
Tel.: 268969242 / 934086554
www.casasdejuromenha.com
Preço: A partir de 60€ os quartos; casas desde 120€.

Cinco casinhas com capacidade para quatro adultos cada e uma casa principal, com dois quartos duplos, compõem a oferta de uma unidade de turismo rural que recria uma aldeia ribeirinha.

 

Monte Xisto

Herdade do Juncalinho - Vale das Éguas
Vale de Água - Santiago do Cacém
Tel.: 269900040 / 939221386
www.montexisto.com
Preço: Um quarto duplo reserva-se entre 110€ e 140€

Conforto, decoração singular, tranquilidade. É sob estes signos que se impõe o Monte Xisto, um hotel rural na Herdade do Juncalinho Vale das Éguas, a cerca de 20km sul de Santiago do Cacém. Pelo monte, é possível optar entre a privacidade de uma Casa de Campo, um T2 localizado numa zona exterior ao hotel e com jardim privativo, e um dos dez quartos que compõem o edifício principal.

 

Onde comer

Restaurante Afonso
R. Pavia, 1
Mora
Tel.: 266403166
Preço médio: 20€/pessoa

Os sabores do Alentejo à mesa logo nas entradas: cogumelos de vinagrete, ovos de codorniz com azeite e coentros, orelha de porco… O espaço exibe orgulhosamente a história dos que dão vida ao Afonso e acolhe refeições regadas a conversa.

 

Taberna Quarta-feira
Rua do Inverno 16 - 18
Évora
Tel.: 266707530
Preço médio: 25€/pessoa (inclui vinho)

Aqui ninguém pede nada: a ementa resume-se a um prato. Entra-se e logo José Dias, antigo tipógrafo, enche de entradas, garrafa de água e vinho (um Paulo Laureano especial para a casa). O prato principal vem logo a seguir: um generoso naco assado, com esparregado, arroz, batatas… E para sobremesa tudo o que há para provar.

 

Chez Daniel
Lagoa de Santo Andr
Vila Nova De Santo André – Santiago do Cacém
Tel.: 269749779
Preço médio: 20€

Airoso e cheio de luz, um restaurante bem pertinho do mar que dele se alimenta. Os peixes são reis, mas não é de descartar uma passagem pela secção de carnes da carta. Encerra à 4.ª.

 

L’AND
Estrada Nacional 4 - Herdade das Valadas
Montemor-o-Novo
Tel.: 266242400
Preço médio: 50€/pessoa (menu degustação: 70€)

A interpretação dos sabores alentejanos em particular e portugueses no geral pelo chef Miguel Laffan. Destaque para o salmonete de Setúbal na salamandra, açorda de caldeirada com lulas salteadas e salada crocante e, entre as sobremesas, tiramisu de pistacho com chocolate branco e cerejas confitadas, gelado de café e crocante de chocolate tainori.

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A Fugas visitou os parques a convite do Turismo do Alentejo

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