Fugas - Viagens

  • Mateus Brandão no seu transporte de estimação
    Mateus Brandão no seu transporte de estimação DR/Mateus Brandão
  • Noruega. Fjords nos arredores de Narvik
    Noruega. Fjords nos arredores de Narvik DR/Mateus Brandão
  • Cabo Norte, ponto de partida da odisseia De Cabo a Cabo
    Cabo Norte, ponto de partida da odisseia De Cabo a Cabo DR/Mateus Brandão
  • Na Lituânia, Klaipèda
    Na Lituânia, Klaipèda DR/Mateus Brandão
  • Polónia, Gdansk
    Polónia, Gdansk DR/Mateus Brandão
  • De comboio pela Ucrânia
    De comboio pela Ucrânia DR/Mateus Brandão
  • Bulgária, Plovdiv
    Bulgária, Plovdiv DR/Mateus Brandão
  • Turquia, Istambul
    Turquia, Istambul DR/Mateus Brandão
  • Chipre, desembarque em Girne
    Chipre, desembarque em Girne DR/Mateus Brandão
  • Em Israel, Shakshuka - um pequeno-almoço israelita
    Em Israel, Shakshuka - um pequeno-almoço israelita DR/Mateus Brandão
  • Na Jordânia, a sombra do viajante em Wadi Rum
    Na Jordânia, a sombra do viajante em Wadi Rum DR/Mateus Brandão
  • Nascer do sol no monte Sinai
    Nascer do sol no monte Sinai DR/Mateus Brandão
  • Sudão - Pirâmides de Nuri
    Sudão - Pirâmides de Nuri DR/Mateus Brandão
  • Etiópia - Igrejas enterradas de Llibela
    Etiópia - Igrejas enterradas de Llibela DR/Mateus Brandão
  • Quénia - A caminho de Mombaça
    Quénia - A caminho de Mombaça DR/Mateus Brandão
  • Tanzânia - Kilimanjaro Express, Dar Es Salaam - Kapiri Mposhi
    Tanzânia - Kilimanjaro Express, Dar Es Salaam - Kapiri Mposhi DR/Mateus Brandão
  • Namíbia - Swakopmund
    Namíbia - Swakopmund DR/Mateus Brandão
  • Zâmbia
    Zâmbia DR/Mateus Brandão
  • África do Sul, o fim de uma viagem é sempre o começo de outra
    África do Sul, o fim de uma viagem é sempre o começo de outra DR/Mateus Brandão
  • O mapa do projecto De Cabo a Cabo
    O mapa do projecto De Cabo a Cabo DR/Mateus Brandão
  • O mapa da jornada por Portugal a pé
    O mapa da jornada por Portugal a pé DR/Mateus Brandão
  • Mateus Brandão e o irmão na caminhada pelo país
    Mateus Brandão e o irmão na caminhada pelo país DR/Mateus Brandão
  • Uma
    Uma "Paradela" DR/Mateus Brandão
  • A andar é que se descobrem imagens como esta...
    A andar é que se descobrem imagens como esta... DR/Mateus Brandão
  • Folgosinho
    Folgosinho DR/Mateus Brandão
  • Vista na subida para o Sabugueiro
    Vista na subida para o Sabugueiro DR/Mateus Brandão
  • Barragem de Vilarinho das Furnas
    Barragem de Vilarinho das Furnas DR/Mateus Brandão
  • Descendo para Loriga
    Descendo para Loriga DR/Mateus Brandão
  • A caminho da Ericeira
    A caminho da Ericeira DR/Mateus Brandão
  • Estação do Pinhal Novo
    Estação do Pinhal Novo DR/Mateus Brandão
  • Entre Almodovar e Malhão
    Entre Almodovar e Malhão DR/Mateus Brandão
  • A caminho da Ilha do Farol
    A caminho da Ilha do Farol DR/Mateus Brandão
  • Mateus Brandão no farol de Santa Maria
    Mateus Brandão no farol de Santa Maria DR/Mateus Brandão

O sonho de fazer das viagens profissão

Por Mara Gonçalves

Cruzou o mundo "de cabo a cabo", calcorreou Portugal a pé, foi somando viagens pelo país e mundo. E assim se aproximou Mateus Brandão do seu ideal: dedicar-se de alma e profissão às viagens. Já é guia especializado e prepara-se para lançar o primeiro livro, "Destino: Sul".

Nos finais de 2011, Mateus Brandão, 31 anos, já com muito mundo conquistado, confessava-nos que, apesar de ser arquitecto, o que queria mesmo era fazer das viagens profissão. “É a viajar que me sinto completamente realizado”, dizia-nos. Agora, com mais duas grandes viagens no currículo, está cada vez mais perto de realizar o sonho: este ano, tornou-se guia especialista da agência de viagens Papa-Léguas (será um marcante périplo, já em Maio e Agosto: Berlim-Moscovo de comboio) e em Junho lançará o primeiro livro, “Destino: Sul”, onde relata a odisseia De Cabo a Cabo, a descida por três continentes, desde o ponto norte da Europa ao ponto mais sul de África.

"A estrada não é senão um caminho esburacado de terra batida, que nos faz saltar no banco improvisado, e por onde o condutor acelera – qual piloto de ralis – deixando atrás de nós um enorme rasto de poeira. Meia hora depois paramos no meio do nada. Um dos meus companheiros de viagem salta fora da carrinha, regressando de espingarda carregada, que faz repousar entre as pernas. Diz-me pertencer aos serviços secretos e que tenho muita sorte por estar a viajar com eles… Apenas um pensamento me ocorre: 'onde foi que me vim meter!?'”

Atravessar o norte do Quénia, entre lutas tribais e a possibilidade de um ataque de rebeldes somali, foi “sem dúvida a parte mais difícil” da primeira grande viagem que Mateus Brandão fez sozinho, do Cabo Norte, na Noruega, até [quase] ao Cabo Agulhas, na África do Sul. Ao longo de sete meses, o arquitecto de Santa Maria da Feira foi “descendo” por mais de vinte países em três continentes, no encalce daquilo que procura em cada viagem: “o encontro com as pessoas, a descoberta de outras culturas e o aprender” que daí advém.

Para Mateus Brandão, viajar não “é tanto a ideia de visitar determinado local ou ir à procura do museu ou do palácio, é ir à procura das pessoas”. “A essência da viagem está no encontro”, escreveria mais tarde no blogue. É assim que vai desenhando uma “geografia de amizades” a cada partida. E é assim que mede o que de melhor lhe aconteceu, a cada chegada.

Por isso, da primeira grande viagem destaca precisamente experiências marcadas pelo contacto com as pessoas. A estadia no Cairo, onde passou o primeiro Natal fora de casa, entre amigos de estrada. A travessia do Sudão, “um país lindíssimo”, onde andou “o tempo todo à boleia, com pessoas super simpáticas”. Ou a família que o acolheu na Jordânia, “muito humilde”, mas que “pôs tudo à disposição, deu-me de comer, alojou-me, nunca me deixou sozinho” e que no fim se despediu “em lágrimas”. “Foi talvez a história mais marcante, porque resume tudo aquilo que são para mim as viagens e o porquê de viajar e viajar desta forma”, conta.

A primeira grande travessia acabaria, no entanto, com um travo amargo: não chegou ao destino, o Cabo Agulhas. Tinha deixado a chegada simbólica ao ponto mais sul de África para o último dia, “porque coincidia precisamente com os setes meses da partida”, mas “umas peripécias no rent-a-car” impediram-no de percorrer os 200 quilómetros que separam o cabo da capital do país. Ficou com “alguma pena”, mas, mais uma vez, para Mateus “aquilo que realmente importava acabou por acontecer na Cidade do Cabo”: “uma série de amigos que tinha feito pelo caminho” juntou-se na capital sul-africana para a despedida do português.

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