A casa parece estar vazia, como tudo o que entremeia as proximidades do lago Kiid. Aguardamos, que o silêncio assim o dita. No nevoeiro frio, um vulto curvado começa a formar-se e o cão robusto que o acompanha quebra a floresta num eco de latidos. Aproximamo-nos e pedimos uma vela. Nada mais simples e preciso para uma casa sem luz, entre arvoredo maciço. Mas Juss – cabelos de neve, rosto cravado de rugas e olhos densos como cavernas – responde-nos com as mãos cerradas. Talvez fale estónio, talvez fale russo, talvez não fale. Insistimos na língua dos humanos, sopramos a vela invisível frente aos nossos olhos para mostrar o que queremos e Juss volta a dizer que não.
Apresenta o cão robusto e conta-nos – na tal língua de todos os homens – que vive ali sozinho desde sempre, no meio da floresta. Tivera tantos geradores quantos os tons que lhe passaram pelo cabelo e cortara a lenha de uma vida inteira, o que foi mantendo os invernos possíveis naquela casa de madeira isolada do mundo. Neste nenhures da região de Põlva, no sudeste da Estónia, a localidade mais próxima é Kooraste, que não chega a ser uma aldeia mas antes uma espécie de sopro no vácuo das árvores.
Voltamos à casa sem luz e às papas de aveia aquecidas à tona de uma salamandra. Às 16h, a noite é tão cerrada quanto a boca do velho Juss, pelo que o lago em frente ao alpendre permanecerá um mistério até à manhã seguinte. Aguardamos, que o silêncio assim o dita. A Estónia é assim, de tempo espaçado e de um espaço imenso: 45.227 quilómetros quadrados para 1,3 milhões de habitantes, ou seja, uma população oito vezes menor que a portuguesa para metade do território.
Diz-se que aqui, no país menos religioso do mundo, segundo um estudo desenvolvido pelo Instituto Gallup em 2009, Deus é a natureza. Até há uma data para abraçar as árvores e muitas noites para mergulhar nu na neve. Prova deste respeito pela “grande mãe” é a rede pública de casas e abrigos de floresta – www.loodusegakoos.ee (o site existe apenas em estoniano, mas os tradutores online dão uma ajuda)– que cobre as 15 regiões do país com o intuito de albergar os amantes do pedestrianismo nas horas de maior frio e cansaço.
Os albergues fazem-se de troncos de árvores com a precisão de Geppetto e grande parte é acessível a custo zero. A única regra é a seguinte: uma vez instalado, é expressamente proibido vedar-se a entrada a qualquer outro caminhante que bata à porta, excepto nos alojamentos em que a estadia é paga (e que apresentam condições acima da média). Na amena casa de Kooraste, por exemplo, uma noite custa 32 euros para um máximo de quatro pessoas.
A manhã acorda na varanda do segundo andar, fria de uns dois graus negativos mas serena na vegetação que irrompe do lago. Pelos olhos desta janela, a Estónia compara-se a um filme turvo de Andrei Tarkovsky com a limpidez de Ingmar Bergman. Situa-se algures entre o romance nórdico e a poesia russa, com o veludo da natureza de um lado e a adstringência da História do outro. E, apesar do frio intenso, a beleza silenciosa faz-nos esquecer os ossos.
Os mais velhos, como Kalju Jõesaar, 55 anos, taxista reformado, provam-no com a pele: “Todos os anos mergulho no mar, desde que não esteja muito frio, o que quer dizer menos de - 7º C. A minha religião, como de todos os meus amigos, é a natureza. Nós acreditamos que se o homem fizer algo de bom receberá da natureza na mesma moeda.” Para os mais jovens, como Kai Raku, 29 anos, coordenadora de uma organização não-governamental centrada na integração social de minorias, é na floresta que se encontram as respostas do mundo. “Quando a vida te coloca questões com as quais não sabes lidar, caminhas, abraças uma árvore, falas com os campos e a magia acontece.”
Abandonamos Kooraste pela margem do rio Põltsamaa, à procura do Norte. Os milhares de canais de água foram os únicos lugares de paz durante os tempos de guerra e de ocupação da Estónia. Desde o século XIII até aos anos 1990, o território foi invadido pelos dinamarqueses, suecos, finlandeses, alemães e russos. Hoje, o país tende a olhar para o Ocidente – há dez anos, entrou na União Europeia e, em 2011, Talin foi Capital da Cultura. Tudo isto trouxe mudanças, como frisa Kai: “O facto de já não examinarem os nossos papéis nas fronteiras e lançarem um olhar inquiridor afectou imenso a nossa auto-estima.”
Na bomba de gasolina, pagamos a despesa em euros, mas o funcionário fala russo. A herança soviética é notória e os factos falam por si: cerca de 40% da população é russófona; no cinema, as legendas dividem-se entre o alfabeto latino e o cirílico; os cafés continuam a servir seljanka (sopa de carne originária da Sibéria) e a ouvir a Russkoe Radio.
Pontes e pantanais
“Não vão por aí. A ponte ruiu e o terreno é perigoso.” O aviso da criadora de cavalos, que entrançava o cabelo louro à soleira de uma porta sem sol, caiu no vazio. Como muitas casas e balouços gigantes voltados para o mar, também as pontes e passadiços dos pântanos de Endla hão-de fazer-se dessa madeira que vai envelhecendo com o mundo. Nada contra.
Vidoeiros de oito metros cobrem-nos de tal forma a cabeça que perdemos o paradeiro às nuvens pesadas e, à medida que avançamos, as botas impermeáveis afundam no terreno lamacento. Aqui e ali, os abetos vermelhos erguem-se solitários e, ao primeiro pé no trilho, surge o sinal de alerta: uns centímetros ao lado e transformamo-nos em presas desta terra que suga. Pântano adentro, o percurso é de sete quilómetros sobre tábuas de madeira, sem guias nem corrimões, com duas torres de observação pelo meio.
Uma das maiores defesas utilizadas pelos estonianos contra o inimigo foi, desde sempre, saberem movimentar-se nos pântanos. “Só nós conhecemos estes terrenos e sabemos como andar neles. Conta-se que dois irmãos viveram dez anos no pântano, durante e após a II Guerra Mundial. Dormiam em covas, debaixo da terra, e comiam o que a natureza lhes dava”, relata Kristi Jüristo, 38 anos, consultora na área da educação. “Mas como se caminha num pântano?”, perguntamos. Contudo, não há resposta. Amanhã, o inimigo podemos ser nós.
Visto de uma torre de cinco metros, é como se esta capa de terra inundada fosse dos monstros mais belos que pudessem existir, tão sumptuoso que não lhe podemos tocar. Nunca a paz fora tão longa como em Endla. Olhamos, que o silêncio assim o dita.
Matar ou desistir
Um pouco de urbe viria equilibrar-nos a noção de espaço, pelo que decidimos ir a Talin, a capital estónia, para desenhar o resto da viagem com calma e para uma passagem pelo KUMU, um dos maiores museus de arte moderna e contemporânea da Europa nórdica, que só pela arquitectura (assinada pelo finlandês Pekka Vapaavuori)vale a visita.
Na Estónia, mudar a rota radicalmente é uma decisão fácil, já que o país se faz em pouco mais de quatro horas, de lés-a-lés. À mesa do Kohvik Energia, um café-cantina ao estilo soviético no centro da cidade, Kai Raku deita os olhos ao mapa. “Andar à boleia é bastante comum para nós, sobretudo no Verão”, solta, já depois de comentar que, uma vez na Estónia, “é obrigatório ir a Narva”, a cidade de onde se avista a Rússia pelas muralhas de um castelo. Ponderamos, mesmo sabendo que nenhum caminho vai dar a Narva, como verificaremos a seguir.
Ânimo e um pedaço de cartão onde se lê Narva tão nitidamente quanto os reclames luminosos bastam. Aguardamos, que o silêncio assim o dita. Trinta minutos. Um Saab 900 bordeaux encosta no passeio húmido. Para quem aprecia clássicos, a Estónia é um stand de raridades ao ar livre. Desde os modelos da Lada, Skoda e Tatra até aos alemães Trabant, todos resistem estoicamente ao Inverno, alérgicos a garagens e abruptos no arranque. Salivamos na ânsia de experimentar os estofos daquele Saab, mas no momento em que fitamos o vidro embaciado, o arranque abrupto do motor confirma-se. Pela estrada fora. Uma hora, uma hora e meia, duas horas, 0 graus no termómetro matutino e a cabeça desiste antes que o corpo fale. Boleias sim, mas apenas no Verão. Fica o lembrete.
Palmilhamos a estrada no sentido inverso, já com os dedos enregelados e desobedientes. Um trago de vodka ia bem, mas o charmoso eléctrico azul e branco convida a seguir até Balti Jaam, a estação de comboios que partilha os portões com o mercado russo de Talin, ponto magnético da cidade, quer pela experiência mundana, quer pelos achados do orbe da segunda mão. Entre casacos de pele por 20 cêntimos, objectos de culto da ex-URSS, posters de Estaline e câmaras fotográficas Zenit e Praktica, o único pensamento é o de não perder o foco. Cruzamos comerciantes inflamados de cigarros e chapéus ushanka presos aos queixos. Ao fundo, avistamos Natascha (nome ficcionado mas irresistível), vendedora de pirukad, uma espécie de pastéis de carne, peixe ou legumes para matar fomes rápidas. Para Narva, o letreiro dos comboios anuncia partida tardia, noite adentro. Mesmo não havendo Lada nem Trabant para alugar, a opção é regressar à estrada num automóvel da geração XXI, a 30 euros por dia.
A 1/E20 é de espírito calmo – a velocidade máxima permitida são os 90 quilómetros por hora –, o que nos incute a vontade do desvio ao acaso. Estamos a dois quilómetros de Tapa, centro nevrálgico da antiga linha ferroviária soviética e palco de treinos do exército estoniano, quando duas placas nos atiram contra a parede: a esquerda leva-nos a Tapa; a direita conduz-nos a Loobu. Traduzindo, as hipóteses são “matar” ou “desistir”. Opção feita, já no hall do Tapa Muuseum, a directora ri a bandeiras despregadas quando mencionamos as duas terras com olhos de espanto. Mas “aquelas placas não estão ali por acaso”, traduz Teno Lehtpuu, o filho mais novo. “Em tempos de guerra, as opções eram mesmo essas e era assim que os militares se treinavam para as ocasiões.”
Não fosse provavelmente mentira e sentir-nos-íamos tentados a afirmar que este é o “micromuseu” mais interessante da Europa. Tanto pela dimensão do espaço e sorriso farto dos responsáveis, como pelo absurdo que une os diferentes espólios da casa. Debruçamo-nos sobre os quadros de escola onde se aprendia a escrever com metal porque não havia giz, espreitamos a bazuca encostada a um canto da sala e conversamos nos telefones made in Tartu. Os galardões, fardas militares e máscaras de gás, rádios e álbuns de família, centenas de pins e caixas de fósforos ficam para trás. “No primeiro piso também temos coisas muito interessantes”, alerta Teno, fazendo-nos subir as escadas em ritmo acelerado. O jovem pálido e magriço abre a porta alta do armário com um sorriso prenunciador, olhando-nos como se fosse mostrar um tesouro, mas o que salta aos olhos são brinquedos de plástico e garrafas de cerveja estónia dos anos 1990. “Esta é a história da [cerveja] Saku”, aponta a mãe de Teno, radiosa por cada rótulo contado. Na Estónia, muitos preferem os copos às armas.
Ainda não é desta que vamos a Narva. O convite da enfermeira Liina Heinvere para uma visita a Vergi, no Parque Nacional de Lahemaa, surge pelo telefone, precisamente quando nos encontramos a 40 minutos daquela aldeia piscatória. Caricaturando, os estonianos são um povo que, ao primeiro contacto, estende a mão fria como cumprimento, mas depois do terceiro tere (olá em estónio) e primeiro abraço convidam para almoços de domingo. Foi o que aconteceu com Liina.
Na casa dos Heinvere, o termómetro avisa os 16 graus negativos que se fazem sentir lá fora, em noite de lua cheia, pelo que os cornos de carvalho suspensos na parede vergam ao peso dos casacos. Enquanto Märt espalma colheres de mulgikapsad (guisado de carne de porco com batatas e chucrute) contra os pratos, lembramos a descrição de Kai no café Energia: “Se colocarmos na mesma sala pessoas de diferentes países, os estónios serão aqueles que se sentam juntos, falam em silêncio e sentem-se perfeitamente bem com isso.” As palavras de ordem são “jätku leiba” (que o pão dure), uma vez que o palato não é prioridade nestas latitudes.
Terminada a refeição, Liina e a vizinha Maarja guiam-nos à sauna. Homens para um lado, mulheres para o outro. Já sem toalhas sobre a pele, a temperatura sobe dos - 16 para os 90 positivos. “Aqui sinto-me uma africana”, brinca Liina, tornando à ciência que a fez enfermeira para dizer que, “quando o tempo se torna agressivo, muito frio e húmido, a sauna é o único remédio”, limpando o corpo e a alma. Ao fim de vinte minutos, Liina e Marja correm em direcção à porta. São agora duas ninfas boreais na neve macia, ressuscitando o sangue nas veias e gritando aos lobos de Lahemaa. Copiamos, que o silêncio assim o dita.
No segundo dia em Vergi, vemos o sol derreter os ramos pela janela e os mantos brancos põem-se brilhantes. Na Estónia, os dias soalheiros têm cara de milagre, o que nos conduz à certeza que já temíamos: nenhum caminho vai dar a Narva.
Das mil ilhas, Muhu
Até aqui tudo certo. Kooraste ensinou-nos a paz, Endla fez-nos temerários, Tapa já lá vai sem mortes e Vergi deu-nos o uivo do ano. Mas no Norte também ficam algumas ilhas. Nos meses glaciais, entre Dezembro e Fevereiro, a Estónia abre caminhos até Hiiumaa, por exemplo, desenhando a mais longa estrada de gelo da Europa, com 26 quilómetros. Uma nota importante: o cinto de segurança é proibido, já que, caso algum bloco parta, pode tornar-se um obstáculo à sobrevivência. Mesmo assim, os estónios insistem: estas estradas são 100% seguras. Fosse ainda Inverno e as paredes do estômago estalariam de calafrios ao saber que acelerávamos sobre blocos gelados, mas já é Primavera e a travessia faz-se em meio líquido.
Quando as ilhas estónias respiram de verde, dizer que os dias se fazem até às dez da noite não é erro de português. No lugar do branco absoluto saltam flores de toda a estirpe, crescem barbecues em cada atalho e admiram-se sóis nascentes às quatro da madrugada. Atracado o ferry, a única marca humana em Muhu é a estrada larga que divide a floresta e uma discreta paragem de autocarro. Fazemo-nos à boleia, que ainda não é Verão, mas quase. Ahto, um viajante desconhecido a caminho de Saaremaa, a ilha seguinte, comprova-o. Abre a porta do carro preto e em cinco minutos estamos a beber cerveja feita pelo avô. Conta-nos que se pudesse morava aqui, mas “o trabalho está todo em Talin”. “Tanto as ilhas como as outras zonas rurais da Estónia estão abandonadas, completamente isoladas. O meu avô gostava que viéssemos para Saaremaa tomar conta da casa, mas a nossa geração já não quer isso. É difícil passar o Inverno na ilha, dependente de geradores e com pouco ou nada para fazer. Mas depois acontece isto, este sol, esta paz, e sinto-me melhor aqui do que em qualquer outro lugar. As pessoas são mais felizes na ilha…”
No respeito do silêncio, compreendemos. Agradecemos a boleia até à casa de Kaisa Masso, 28 anos, coordenadora de projectos no Kinobuss, uma ONG que leva cinema às comunidades esquecidas do país. Kaisa junta alguns galhos sobre a terra e confirma que os estónios não sabem viver nas cidades. Nas estações amenas, as vidas pertencem a isto: fazer fogueiras, plantar morangos e compor as paredes da casa para o Inverno seguinte.
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Guia prático
Como ir
Não existem voos directos entre Portugal e a Estónia, mas a TAP e a Estonian Air fazem escala em Amesterdão e apresentam os melhores preços, que variam entre os 180 e os 300 euros, dependendo da antecedência da compra e das datas da viagem.
Quando ir
A Estónia gaba-se de manter as quatro estações do ano, apesar das alterações climáticas, sendo que cada uma reserva encantos muito particulares. O Inverno é ideal para desfrutar da neve, praticar esqui, ir à sauna, observar a pesca nos rios e lagos gelados e conduzir sobre as estradas de gelo. A Primavera é o despontar de toda a natureza, a chegada dos pássaros migratórios e o recomeço da vida cultural no país, sendo uma óptima altura para explorar os parques naturais. O Verão reserva-se ao fenómeno único das noites brancas, aos festivaise à energia desmedida de uma população que passou mais de sete meses enclausurada no Inverno. O Outono abre-se às paisagens coloridas, tornando-se a estação indicada para visitar os pântanos e para participar na apanha de mirtilos e cogumelos.
Onde ficar
As casas na floresta são uma das opções de alojamento mais sui generis da Estónia. É possível procurar casas, abrigos e trilhos pedestres em www.loodusegakoos.ee. O website está exclusivamente em estónio.
O que visitar
Parque Nacional de Soomaa
Compõe-se de cinco extensos pântanos e constitui uma das mais importantes áreas florestais protegidas da Europa.
Parque Nacional de Lahemaa
É um dos maiores parques naturais da Europa e um dos primeiros a receber esta designação. Repleto de trilhos pedestres, é habitat de lobos, ursos e linces.
Lago Peipus
O maior lago transfronteiriço da Europa, ocupa uma área de 3500 quilómetros e é partilhado pela Estónia e pela Rússia.
Ilha de Kihnu
Classificada pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade, Kihnu alberga uma comunidade cujas tradições ligadas ao folclore, artesanato e agricultura se mantêm praticamente intactas. No Inverno, é possível chegar à ilha através de uma estrada de gelo. No Verão, a viagem pode fazer-se de ferry ou de avioneta.
Viljandi
Todos os anos, no último fim-de-semana de Julho, a localidade com maior actividade cultural da Estónia recebe o grande evento do país: o Festival de Música Folclórica de Viljandi, que atrai cerca de 25 mil visitantes.
Informações
O cartão multibanco é o modo de pagamento mais comum no país.
A Estónia é particularmente dada às novas tecnologias, tendo criado o Skype e o Kazaa. Em todo país – mesmo em plena floresta – há wi-fi.
No dia 24 de Junho, o país pára para comemorar o solstício de Verão. Trata-se do dia mais longo do ano, com 19 horas de sol. O dia mais curto é a 21 de Dezembro e dura seis horas.
Cerca de 10% do território está classificado como reserva natural.