Fugas - Viagens

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    Forte de São Francisco, mais conhecido por Forte do Lovelhe Renato Cruz Santos
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Cerveira tem muitos segredos à espera de quem os descubra

A guia leva-nos agora para trilhos que seguem pelo meio de arbustos que nos picam as pernas se não temos cuidado. Ali à frente, no trilho que só Marina parece ver, há uma parede que já serviu para fazer escalada e, uns passos depois, contornando as pedras altas e completamente escondido da estrada, está o Penedo dos Ninhos.

“Olhem para cima”, orienta Marina e, empoleirada num penedo redondo, levanto a cabeça. Ali por cima, a rocha encheu-se de um rendilhado feito de superfícies porosas, de buracos arredondados, como um desenho infantil de um queijo suíço. O vento rendilhou a pedra, criando cavidades naturais boas para albergar pássaros ou filtrar a luz. E assim nasceu o Penedo dos Ninhos.

O forte e o castelo

Quando nos fazemos de novo ao trilho o caminho é sempre a descer. Saltitamos entre pedras, já livres dos espinhos, passamos pelo antigo canal que costumava abastecer Cerveira de água e quando damos conta, com o sol cada vez mais baixo no horizonte, estamos no parque da Nossa Senhora da Encarnação. Não há ninguém sentado às mesas de piquenique, mas junto à capela fechada outro grupo conversa em galego, enquanto aprecia a vista.

Começa a escurecer lentamente quando chegamos ao Forte de São Francisco, mais conhecido como Forte de Lovelhe, por se situar nesta localidade. Aqui, junto ao portão aberto, há uma placa informativa sobre a construção militar, mas nem por isso o espaço parece menos abandonado. O pequeno forte, que faz lembrar uma miniatura da fortaleza de Valença, também está a ser tomado por silvas e musgo, há árvores no seu interior e a página da Internet do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico confirma que o edifício, em vias de classificação, se encontra, desde o século XIX, “ao abandono”.

O forte, construído no século XVII, na mesma altura da Atalaia, acabou por ter pouco uso durante a Guerra da Restauração, mas Marina conta que teve um importante papel defensivo nas invasões francesas. “Diz a lenda que a mulher do responsável pelo forte mandou disparar o canhão durante a noite, na direcção de Espanha, e que isso assustou as tropas francesas, que decidiram recuar e tentar entrar por outro lado. Acabaram por fazê-lo em Chaves. Depois, como vingança, quando já cá estavam, rebentaram com o interior do forte e ele nunca mais foi recuperado”, conta.

A placa informativa é mais comedida. Diz apenas que o forte desempenhou um importante papel no avanço das tropas do general Soult. Não é preciso procurar muito, contudo, para descobrir que, em 1809, quando Soult tentava que as suas tropas atravessassem o rio Minho, foi recebido por disparos de canhão, que afundaram grande parte das embarcações, aprisionando os poucos soldados franceses que chegaram à margem de Vila Nova de Cerveira.

E, por falar em rio, é bem perto dele que ficamos agora. Ele corre muito perto do forte e o pequeno centro histórico de Vila Nova de Cerveira desce quase até às suas margens. Ao final do dia de sábado, a enorme feira semanal está já a desmontar-se e, entre os últimos clientes que por lá circulam, parece não ter restado um único português. Só se ouve galego, galego, galego. No rio, os pescadores da lampreia já regressaram à margem e fazem agora o descanso obrigatório até poderem regressar. Sobranceiro a tudo isto, o castelo da cidade, com as suas muralhas graníticas e construções brancas no interior, tem os portões abertos, mas está vazio de gente.

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