Um livro redondo
Apesar de ler uma média de 40 obras por ano – o que “não é muito”, garante – a “grande paixão” de Sandra são as viagens. Já esteve duas vezes nos Estados Unidos, três na Argentina, viveu um ano no Uruguai, passeou pela Tunísia, Paraguai, Japão ou Malta. Muitas das viagens inspiradas por livros. Foi a Cabo Verde e a Marrocos por causa de Sul, de Miguel Sousa Tavares, visitou a Patagónia depois de ler a obra de Bruce Chatwin e leu Um Estranho em Goa, de José Eduardo Agualusa, quando foi àquela cidade indiana.
No entanto, confessa não ter lido muito sobre os locais que visita nesta viagem, a ansiedade e o entusiasmo levaram-na a “perder terreno nas leituras este ano porque não se conseguia concentrar”. Inspirou-se sobretudo em relatos de “pessoas que deram voltas ao mundo” e leva um guia sobre o Sudeste Asiático. Mas se São Tomé e Príncipe é um dos países que aguarda com mais expectativa, deve-o também aos livros. “As pessoas que conheço e que já lá estiveram dizem que é lindo, muito virgem ainda e pouco explorado, mas admito que o Equador, de Miguel Sousa Tavares, que li em 2003 durante umas férias no Brasil, me marcou muito e fiquei com muita vontade de ir lá por causa desse livro”, conta, entre risos.
Sandra confessa-se viciada na leitura e garante que quando está muito tempo sem ler fica “rabugenta”. Por isso, quando lhe perguntamos como vai ser durante a viagem, admite ser “uma coisa que a preocupa”. “Vou de mochila às costas, por isso não me posso dar ao luxo de levar muitos livros e também já me tenho perguntado como é que vou fazer porque da última vez que estive na Argentina vim carregadíssima de livros, mas não posso fazer isso nem gastar muito dinheiro a enviar para Portugal”, diz Sandra, reflectindo em voz alta, à procura de uma solução. “Talvez compre um livro de bolso uma vez por outra e às tantas deixo-o por aí quando terminar. Com muita pena minha, porque sou obsessiva com os livros”, avança. “Vai ser mais um exercício de desprendimento”.
Talvez perder os livros, mas guardar para sempre as histórias e os leitores, seja o preço a pagar por descobrir novos mundos.