Fugas - Viagens

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Um hotel entre os hotéis, numa Maiorca dentro de Maiorca

A baía das laranjas


Dia 2: ao contrário do que a noite fresca do dia anterior fazia prever, o sol espreita na janela do quarto, vista para a montanha à esquerda e para a piscina à direita. O pequeno-almoço é como se imagina: mesa de queijos, zona de produtos regionais maiorquinos (destaque para a sobrasada, um enchido típico, da qual visitamos a fábrica em Sóller), zona internacional e pedidos à carta: ovos com bacon, tortilha, omeletes... Depois é só desfrutar o momento: a comida, a paisagem e a leitura de jornais que chegam diariamente. Não fosse a passagem pelo spa que tínhamos marcada para pouco depois e deixar esta mesa para trás teria sido complicado. “Desligue o telefone e relaxe...”, dizem-nos à entrada deste spa premiado. E o pensamento imediato: “Mais?!”. Sim, era possível mais. Meia hora depois, com uma massagem ao pescoço e à face achamos que o mundo é um lugar bonito. Este spa foi um dos apenas dois espanhóis que em 2012 foi reconhecido pela Leading Hotels of the World como um spa líder e, em 2010, ficou em quarto lugar no top 10 dos melhores hotéis-spa da Europa na lista da Condé Nast Traveller. Há uma infinidade de tratamentos disponíveis, desde terapias de relaxamento a massagens faciais e corporais, passando por tratamentos de autor. O jacuzzi  exterior com vista para a montanha é imperdível e, para quem aprecia, há sauna e sala de vapor e um ginásio completo para não perder a forma.


O sol vai alto quando nos servem o almoço na piscina: um “pequeno” buffett e pizzas com vinho rosé a acompanhar. Por esta altura já percebemos que as três noites (e menos de quatro dias) que por lá vamos ficar são, afinal, coisa pouca para o tanto que há para ver e fazer. Sem tempo a perder, e ainda que a vontade de deixar o hotel seja pouca, rumamos ao Puerto de Sóller — um bom sítio para recuerdos, almoços e jantares, gelados e bebidas. Há por aqui duas pequenas praias, mas o que mais nos encanta é o ambiente e os barcos que por lá atracam, tanto os vistosos iates como os típicos llaud. Valeu a pena sobretudo pelo passeio que se seguiu: num eléctrico centenário em madeira fizemos a viagem por cinco euros até Sóller, uma pequena cidade com pouco mais de 12 mil habitantes. Por aqui, quase todos têm família em França e se falam connosco no maiorquino local (não confundir maiorquino com catalão, sob pena de algo correr mal com os habitantes) a coisa pode não funcionar. A este local chama-se frequentemente “baía das laranjas, fruto que era muito exportado para França”, conta Louise Davis, relações públicas e assistente da direcção do La Residencia que nos acompanhou na excursão. Em toda a cidade há apenas um supermercado — tudo o resto é comércio tradicional na rua. Confirma-se a tendência na Calle Luna, a rua principal cheia de lojas encantadoras: padaria, livraria, drogaria, talho, há de tudo.


A cinco minutos dali encontra-se a Fábrica La Luna, a única que continua a funcionar depois do pico da Revolução Industrial de Sóller, no final do século XIX, e a mais antiga na confecção de sobrasada maiorquina. Aberta desde 1900, a fábrica equipou-se com tecnologia moderna nos anos 80 e tem agora um pequeno museu onde se pode ver como eram feitos os produtos noutros tempos, vão explicando Tomeu e Maria, o simpático casal que gere o espaço e nos faz uma rápida visita guiada.
Não tarda o sol põe-se e por isso apressamo-nos a descer até Deià (lembram-se da promessa do pôr do sol?). Depois do jantar no Café Miro do dia anterior (e que jantar! Aqui há sempre uma carta com 20 tapas requintadas, cinco delas sempre novas; provámos um delicioso presunto de pato com melão, uns espargos verdes, almôndegas... e acompanhámos com um vinho branco local), espera-nos um jantar no restaurante El Olivo — algo que se repetiria na noite seguinte, a da despedida. O chef executivo Guillermo Mendéz, que gere os três restaurantes do La Residencia, fez deste espaço o mais requintado dos três. O aviso “telefone proibido” afixado à entrada e repetido no menu é apenas um dos pormenores deste local-refúgio. Luzes baixas, velas acesas e decoração refinada. O melhor vem depois: no robal

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