Dia 1
Vai na sua 15.ª edição e pela primeira vez levanta arraiais e dá um salto até à cidade, Miranda do Douro, para um aquecimento. Não é por isso que o Intercéltico de Sendim perde a sua identidade folk, com raízes profundas nas sonoridades do mundo celta. Isso está patente a 1 de Agosto, primeiro dia já no Parque das Eiras de Sendim, que vai ter Calum Stewart & Heikki Bourgault vindos da Escócia, nação irredutivelmente celta, numa noite em que os Galandum Galundaina iniciam, em casa, as celebrações dos 20 anos de carreira. Dia 2, os míticos Celtas Cortos, banda incontornável do folk-rock, tomam conta do palco que será celta-ibérico, com Cahórnega a fechar. Grupos de gaiteiros e pauliteiros pelas praças e ruas, apresentação de discos e de livros e a omnipresente Taberna dos Celtas para terminar as noites, Sendim é por estes dias uma festa folk.
Em Penafiel, na Quinta do Lobo Branco, comemora-se o fim do Verão — celta, bem entendido. O Festival da Paz estreia-se sob esse pretexto, propondo três dias (1 a 3 de Agosto) zen, onde a festa também tem lugar. Meditação, terapias alternativas, trance dance, capoeira, “cozinha do amor” (natural), permacultura, sauna sagrada, fire walking, música ao vivo, dança, palestras e actividades infantis são algumas das propostas.
Em Lagos, outra estreia, a da Feira das Almas, que sai de Lisboa até ao Algarve para uma edição especial. Os ingredientes são os de sempre: artigos vintage e em segunda mão, novos designers, performances, concertos, exposições, petiscos e concertos — uma proposta alternativa aos areais.
Dia 2
Depois de oito anos ausente, o Festival de Vilar de Mouros, o mais antigo português, regressa em 2014. Dia 2 de Agosto é o último dia (arranca a 30 de Julho) e tem como grande atracção o britânico Tricky. Nas margens do rio Coura vão passar ainda Deolinda, Xutos & Pontapés e Guano Apes.
Entretanto, os Açores recebem o seu primeiro festival de música electrónica na ilha de São Miguel. O Santana Fest termina dia 2, depois de três dias em que Rabo de Peixe (na Ribeira Grande) terá noites brancas e dançantes.
Por estes dias, as estradas da Madeira serão invadidas pelos carros do Rally Vinho da Madeira, que no segundo dia de provas andará pelas zonas do Funchal, Chão da Lagoa e Santana.
Dia 3
Têm mais de um século de história, acontecem sempre no primeiro fim-de-semana de Agosto e dia 3 têm o seu ponto alto, com a procissão em honra de São Gualter. As Festas Gualterianas são cartaz turístico de Guimarães e um bom pretexto (mais um) para visitar o “berço” nacional, Património da Humanidade. Além das actividades religiosas, as festas oferecem um cartaz de eventos intenso (música ao vivo, cortejos históricos e fogos de artifício, por exemplo).
Porque o Algarve não é só praia, a Feira do Livro de Tavira, que chega dia 3 ao fim, é uma boa alternativa; e porque o Algarve é sobretudo praia, a feira é um bom complemento e o local ideal para encontrar leituras para os longos dias junto ao mar.
Junto ao mar, mas na praia da Foz do Sisandro (Torres Vedras), acontece dia 3 uma aula de zumba. A moda deste misto de aeróbica e dança promete juntar no areal uma multidão ao som de ritmos latinos, para começar bem o dia (é às 10h30).
Dia 4
Começa o baile do mundo que é o Festival Andanças, novamente na barragem de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide. O festival, que já anda nestas danças (tradicionais) há 14 anos, continua a ser o ponto de encontro de todos os que buscam o conhecimento de outras culturas através de uma das suas formas mais populares, a dança, mas agora expande o seu ecossistema por forma a reflectir o ar do tempo. Isto significa que entre projectos artísticos mais tradicionais — algo como “danças do mundo” — encontram-se também propostas contemporâneas e urbanas, para desfrutar e aprender em cenário natural que vale só por si. Assim, entre danças guerreiras aztecas, africanas, índias, balcânicas, colombianas, holandesas, irlandesas, portuguesas, italianas, escocesas (e a lista poderia continuar), haverá dança criativa e até astrodanças. Tudo acompanhado de muita música (do mundo, claro), oficinas de teatro e musicais, workshops diversos. Para que não haja desculpa para pés de chumbo (até 10 de Agosto).
Dia 5
É o seu segundo dia, mas o tempo não é importante no Boom Festival. Afinal, dizem os organizadores, o Boom não é apenas um festival, é um estado mental — e em Idanha-a-Nova vive-se uma realidade alternativa enquanto se vê a lua crescer (lua cheia: dia 10; fim do festival, dia 11). Com o psytrance como porta de entrada privilegiada para essa outra dimensão, o Boom concentra num entorno natural uma tribo de espíritos livres e que portanto também abre a porta a música acústica, clássica. Servida em concertos ao vivo ou DJ sets, a música não é aqui a única forma de transcendência: workshops, rituais, meditações também ajudam a libertar a mente e o corpo numa celebração de cultura alternativa com laivos new age. Nesta 10.ª edição, o Boom Festival celebra o feminino, a “grande mãe”, a “dadora de vida” — de maneira tribal e sagrada à século XXI.
Dia 6
D. Sancho II, “o rei ausente”, é o rei presente na Viagem Medieval que acontece em Santa Maria da Feira entre 31 de Julho e 10 de Agosto. Tendo como cenário o reinado anárquico deste rei, forçado a abdicar em favor do seu irmão, Santa Maria da Feira vai, uma vez mais, vestir as vestes medievas e transformar-se numa imensa feira com recriações históricas e performances circulantes (são 1400). Entre a zona histórica e o castelo, esperem-se ruas (sobre)povoadas de comerciantes, ferreiros, tabernas (com porco e javali no espeto e sem talheres), artesãos, acrobatas, malabaristas, bobos, cuspidores de fogo, músicos; cavaleiros em torneios, cortesãos em desfiles majestáticos, tendas com estandartes — e 31 actividades para se regressar ao passado, desde o tiro ao arco às lutas com espadas.
Dia 7
A música é cada vez mais acessória no Meo Sudoeste, o festival de Zambujeira do Mar, já o sabemos, mas não é por isso que deixa de ser uma autêntica meca para festivaleiros. São cada vez mais jovens e vão em busca de uma determinada mística — sem saber que eles próprios já estão a construir outra. Música à parte, portanto — dia 7 pelo palco principal passam John Newman, Tomodell, Ellie Goulding, Hardwell e Miguel Araújo — o Sudoeste é agora uma grande festa, com dias de praia e noite de discoteca. E será assim até domingo, dia 10, na Herdade da Casa Branca.
Dia 8
Ainda não é conhecido o programa do Citemor 2014, mas sabendo-se as datas, de 24 de Julho a 9 de Agosto, sugerimos que uma ida a Montemor-o-Velho, mesmo “às cegas”, não será em vão. Afinal, 36 anos de existência já deixam perceber o DNA deste festival de artes performativas que decorre no castelo e outros espaços da vila. Esperem-se portanto teatro, dança, vídeo, fotografia, instalações e literatura (muitas vezes em cruzamentos mais ou menos imprevistos), traduzindo a predilecção da organização por novas dramaturgias e novos criadores, nacionais e internacionais.
Dia 9
É em Olivença, Espanha (mas pouco – a verdadeira cidade ibérica, atrevemo-nos), o que significa na raia. A VII Rota Nocturna de BTT “Cidade de Olivença” convida espanhóis, portugueses e quem for por bem a juntar-se ao maior encontro nocturno da região para fãs de BTT e a percorrer cerca de 54 quilómetros, em ritmo de passeio (não tem carácter competitivo), pelas margens do grande lago do Alqueva. A ideia é mesmo desfrutar da sensação de pedalar de noite (e, antes, ao pôr do sol: arranca às 20h) por um roteiro que a organização chama “da água”, uma vez que além do Alqueva se percorrerão os caminhos do rio Olivença, atravessando San Francisco de Olivenza até chegar a Villareal, nas margens do lago.
Enquanto se pedala por terras extremeñas, em Barcelos corre-se. Às 22h do dia 9 de Agosto começa a Galo Night Run, dez quilómetros em percurso urbano que passa por vários monumentos da cidade. Antes, às 21h, há uma mega-aula de zumba; depois, às 23h30 — haja fôlego! — uma after party.
Em Ponte de Sôr, sem sair do anfiteatro da zona ribeirinha, viaja-se por Portugal, Cabo Verde, Itália, França e Espanha através o Festival Sete Sóis Sete Luas. Vibra-Sóis é o nome desta produção com alma mediterrânea que viaja também pelas mornas cabo-verdianas, juntando-as às tarantelas, à tradição occitana e, claro, ao fado. A partir das 21h30 no dia 9.
Dia 10
Regatas várias (de vela ligeira, de cruzeiro e até de botes baleeiros), pesca desportiva, caiaque, remo, jet-ski, pólo aquático e natação. Estes são algumas dos eventos (entre provas e passeios) que fazem parte do programa da Semana do Mar, que chega dia 10 ao fim na Horta (Faial), depois de dez dias de mar (e não só: música, folclore, exposições e gastronomia também estão incluídas neste que é o principal cartaz turístico da ilha). Para o último dia, fica a prova de pesca desportiva de costa e a sempre muito aguardada Regata do Canal, prova de vela de cruzeiro. Seguem-se entregas de prémios e a música, com grupos tradicionais locais.
Anda numa volta a Portugal, esta corrida que virou moda e divertimento. The Color Run chega dia 10 a Portimão e a partir das 16h começam o que a organização chama de “os cinco quilómetros mais felizes do planeta” — mais coloridos serão, certamente.
Festas populares em Agosto há-as por todo o país, todas as semanas e muitas têm como participantes mais entusiastas os emigrantes que regressam a casa para as “férias grandes”. Vai daí que Ferreira do Zêzere organize anualmente a Festa do Emigrante. Este ano começou no dia 8 e termina dia 10. Além das tasquinhas, bancas de artesanato e feira do livro, o último dia tem concertinas e folclore; à noite, grupos locais encarregam-se do encerramento das festividades.
Dia 11
Quando o Algarve era Al-Gharb, Silves era a sua capital; estávamos na Idade Média e a reconquista cristã ia a bom ritmo. E agora, com a Feira Medieval de Silves, voltamos a essa era da cidade. São nove dias (começa a 8 e termina a 17 de Agosto) em que árabes e cristãos se acotovelam pelas ruas de Silves, subindo e descendo as ruas empedradas com o castelo como referência. O colorido vai ser o costumeiro nestas recriações históricas, com cortejos de nobres, artesãos e mercadores, acrobatas e malabaristas — com o toque exótico dado pelos encantadores de serpentes e pelas dançarinas de ventre.
Dia 12
A ria Formosa é a companhia inevitável em Olhão, mais ainda por estes dias em que o Festival do Marisco alimenta os seus dias e noites — afinal, realiza-se no Jardim Pescador Olhanense, mesmo à borda da ria. Quem apreciar mariscos, vai encontrá-los aqui em toda a variedade e declinações gastronómicas, mais ou menos tradicionais. Além da (boa) mesa, o festival, que decorre entre 9 e 14 de Agosto, apresenta bancas de artesanato e um cartaz musical diário — dia 12 apresenta-se Ana Moura com Cuca Roseta como convidada especial.
Dia 13
Chama-se Surf at Night mas nem há apenas surf à noite (aliás, a experiência é fugaz) nem há apenas surf — o skate acompanha-o e até percebemos porquê: ambos são a arte do equilíbrio em pranchas móveis; e a música anda de mão dada, não é à toa que se autopromove como o maior festival de surf e música do país. Durante cinco dias (13 a 17 de Agosto), Cortegaça (Ovar) será a “vila do surf”, congregando tudo o que representa este desporto que é muitas vezes um modo de vida. Além do surf e derivados (longboard, bodyboard, stand up paddle, skate e até surf adaptado), haverá workshops de shape e de fotografia, ioga, massagens, actividades radicais e de fitness — e zona infantil porque este é um festival familiar; as noites serão animadas por DJ e concertos ao vivo. Por aqui passarão também etapas dos circuitos nacionais de bodyboard e longboard.
A Sintra romântica vai tornar-se numa vila ainda mais romântica com o exotismo que lhe trazem os Arabian Days. O Largo de São Pedro vai travestir-se de souk, percorrido por camelos, cuspidores de fogo, encantadores de serpente, malabaristas, músicos. Não faltará o odor as especiarias a tingir o ar e a concretizar-se em especialidades árabes, magia e artesanato — não se esqueça que regatear é cultural.
Dia 14
Começou em Junho e termina dia 14 de Agosto, com as meias-finais e final, o Campeonato de Chegas de Bois de Montalegre. Não duram muito, as lutas, e não serão muito conhecidas, mas o confronto entre os animais de raça barrosã é uma tradição arreigada desde tempos longínquos, incentivada nas últimas décadas como forma de impulsionar a criação desta raça autóctone. Esta espécie de corrida de touros é menos violenta (raramente há ferimentos nos animais) do que as touradas e acaba por recriar o processo natural de “reconhecimento” dos animais: os dois machos aproximam-se e encostam as cabeças medindo forças — o primeiro a recuar perde.
Chama-se Fusing Culture Experience e não podia ter nome mais apropriado. Fusão é mesmo o conceito básico do certame multidisciplinar que une gastronomia, música, arte e desporto na Figueira da Foz durante três dias. Não estando reduzidas a um recinto, as iniciativas desta fusão cultural vão andar à solta pela cidade, seja em performances ou em paredes com arte urbana, seja na praia (privada) com surf, wakeboard ou jetski, por exemplo. Workshops e showcookings variados e concertos também fazem parte da oferta a partir de hoje. E dia 14 é dia, por exemplo, de showcooking de cozinha vegetarina e workshops de sushi e gin; de acrobacias em jetski (freestyle, acrobacias, mortais…); e de música dos Primitive Reason e Slow Magic.
Já na Costa da Caparica a música terá toda a primazia no festival O Sol da Caparica. O festival continua até domingo, mas para dia 14 o palco está reservado para Buraka Som Sistema, Samuel Úria, Dead Combo, Capitão Fausto, GNR, Peste & Sida, Gabriel o Pensador, Márcia, João Pedro Pais e DJ Branko.
Dia 15
É na margem esquerda do rio Arade, com água fresca abundante — a formar uma lagoa — que fica o Sítio das Fontes, nos arredores de Estômbar (Lagoa). E é este o local que vai mais uma vez receber o Festival de Didgeridoo – FATT 2014, entre 14 e 17 de Agosto. Apesar do lugar de destaque do instrumento dos aborígenes australianos, o festival vai além deste: atente-se no FATT, acrónimo de “Fonte de Artes Tribais e Tradicionais”. Por isso, espere-se, como nas edições anteriores, uma mistura de danças e cantares do mundo como fonte de inspiração para toda a programação que inclui também oficinas, workshops e palestras. O didgeridoo será um dos ingredientes essenciais em todas as bandas que vão subir ao palco e todos os dias haverá workshops e masterclasses sobre ele. No dia 15, além destes, alinham-se workshops de construção dos ditos instrumentos em papel, de capoeira, de percussão e dança africanas, de harpa de boca, de cânticos ancestrais, de automassagem e acupressão; uma oficina de mandalas; e à noite concertos dos Khayalan Trio, Los Monkys e Señor Marküsen.
Dia 16
É no Portinho da Arrábida, entre as Fendas do Creiro e a Lapa de Santa Margarida: a proposta é a de um regresso ao passado embalado pelas pegadas que o balançar telúrico deixou na superfície terrestre. Isto significa mergulhar na história geológica da Arrábida, vendo como os milénios ali se foram alinhando em camadas horizontais e verticais, transitando do Miocénico para o Jurássico, tempos demasiado remotos para serem familiares para o comum dos mortais — sim, porque o Jurássico aqui não tem os dinossauros de todos mitos. Não importa, porém, não distinguir as formações cenozóicas ou sequer saber o que foi o Quartenário: este passeio da Sociedade Portuguesa de Espeleologia dá pistas ao mesmo tempo que mergulha no cenário idílico da enseada do Portinho da Arrábida. De Chã da Anicha a Pedra da Anicha, entre Alpertuche e o Portinho, há ainda a opção de entrar nas entranhas da Terra na Lapa de Santa Margarida e na gruta da Figueira Brava. São oito horas de caminhada, para maiores de oito anos, com partida às 10h do Largo José Afonso, em Setúbal.
Vales Mortos, em Serpa, está em festa e aproveita para cuidar do bem-estar físico. O programa de festividades inclui, dia 16 de Agosto, um passeio de BTT, o Festas de Vales Mortos 7.º Passeio de BTT, que vai deixar a pequena aldeia escondida na serra para percorrer uma distância estimada entre 40 e 50 quilómetros.
Dia 17
Acontece de dois em dois anos e 2014 é um desses anos em que o Bons Sons transforma a aldeia de Cem Soldos (Tomar) no maior festival de música portuguesa. A verdadeira aldeia musical, com o seu perímetro fechado e a música a invadi-la para encontrar conforto em sete palcos espalhados por toda a povoação em praças, largos e equipamentos locais (os nomes dos palcos são todo um conteúdo programático que conjuga música e aldeia, veja-se, por exemplo, Lopes Graça, Eira, Giacometti, Cem Soldos, Aguardela). Os habitantes são os anfitriões da música e da programação paralela que integra desde as Curtas em Flagrante (mostra itinerante que vai na sua sexta edição) a actividades com burros — cortesia da AEPGA que traz o burro de Miranda para aulas e passeios que são pretexto para explorar a fauna e a flora de Cem Soldos e ao mesmo tempo valorizar as características destes asininos —, e não esquece os mais pequenos, dedicando-lhes as manhãs (música para bebés, concertos didácticos, e (des)concertos dos resíduos com a música a acontecer a partir de objectos insuspeitos). O festival termina dia 16 (arranca a 14 — noite de prémios Megafone) com Sérgio Godinho, Memória de Peixe, Amélia Muge, António Chainho, We Trust+Banda Filarmónica Gualdim Pais, Reportório Osório, Sopa de Pedra…
Como é domingo, a Quinta da Regaleira, em Sintra, apresenta sessão dupla da peça A Cinderela. Habitante da quinta desde o início de Julho (onde ficará até final de Setembro), a encenação da bYfurcação dá vida a esta personagem do imaginário dos mais pequenos nos seus jardins misteriosos. É neste palco que a Cinderela convive com a madrasta malvada, as suas filhas más e a generosa fada-madrinha, que vai ao baile, conhece o seu príncipe encantado e perde o seu sapatinho de cristal. Para maiores de três anos, A Cinderela vagueia pelos jardins às 11h e às 17h no dia 17 de Agosto.
Dia 18
São 51 anos de FIARTIL – Feira de Artesanato do Estoril, uma autêntica montra para artesãos de todo o país. O recinto diante do Centro de Congressos está, desde Junho (até final de Agosto), transformado em pátio de artesãos onde não só se expõem produtos como se assiste ao trabalho ao vivo destes, muitas vezes recorrendo a técnicas e instrumentos antigos, seja modelando barro, tecendo lã ou linho, domando madeira, pintando azulejos, disciplinando couro. No total, são 350 os artesãos que aqui vivem e trabalham durante quase três meses e que terão animação musical diária — especial à sexta e sábado com artistas nacionais bem conhecidos do grande público (entre fado, rock e pop) e ao domingo com bandas de tributos a grupos portugueses e internacionais. Dia 18, a noite é popular e vem do Norte: o Grupo de Danças e Cantares dos Amigos do Minho traz o folclore ao Estoril. A acompanhar tudo, tascas e tasquinhas proporcionam uma volta a Portugal à mesa, apresentando pratos da gastronomia regional portuguesa.
Dia 19
É um tema controverso, mas na ilha Terceira a tradição ainda é o que era e virou atracção turística. Durante o Verão andam touros à solta por toda a ilha — não bem soltos: as Touradas à Corda são a modalidade tauromáquica praticada no arquipélago desde o século XVII, rezam as crónicas. Na ilha Terceira atingiu tal popularidade que as ganadarias se multiplicam, criando animais que participam nas lides: uma corrida de quatro touros ao longo de 500 metros num arraial demarcado em ruas ou estradas. O touro, com os cornos cobertos por forma a assegurar alguma protecção, é controlado pela tal corda que é contida por seis homens responsáveis por o animal não sair dos limites demarcados para lá dos quais se alinha o público. Dia de tourada é dia de festa, com comida, bebida e animação a acompanhar — e dia 19 de Agosto é dia de tourada à corda em Agualva (Praia da Vitória), o noroeste da ilha: está na costa e é também atravessada de ribeiros e fontes, “águas alvas” que terão dado o nome à povoação.
Dia 20
Em 2013 estreou-se o Programa Anual de Caminhadas Guiadas - Viver o Gerês e em 2014 voltou. São 16 os trilhos estabelecidos, cada qual explorando facetas e recantos distintos do único parque nacional português, lugar de matizes variadas e de magia constante. Esse trilhos vão-se repetindo ao longo do ano num total de 168 caminhadas — guiadas. Dia 20 de Agosto é dedicado ao Trilho dos Teixeiros, 2h30 de duração com partida em Campo do Gerês, junto ao rio para uma subida em direcção ao Penedo Rachado, com passagem pela Fraga do Suadouro. O percurso segue um antigo caminho de pastores e permite acompanhar a conquista do horizonte até se obter uma panorâmica da aldeia de Campo do Gerês — e no topo da Fraga do Sarilhão o cenário é mais amplo e abraça todo o vale de Vilarinho das Furnas. São seis quilómetros de passeio, com nível de dificuldade médio e partida às 9h30.
Dia 21
Tem a fama de proporcionar momentos inolvidáveis para músicos e público — além de ser a rampa de lançamento para muitos fenómenos musicais daqueles que Portugal parece ser pródigo em criar. O Festival de Paredes de Coura mantém a sua aura de baú de tesouros alternativa (confirmados e promessas) e arranca para mais uma edição que tem a missão, que a cada ano se torna mais difícil, de manter a mística a que não é indiferente o entorno em que se realiza: a praia fluvial do Taboão, envolta por um anfiteatro natural que compõe uma sala de concertos inesquecível. A abertura é a 20, ainda em regime de aquecimento, para a 21 se apresentar a primeira grande (completa) noite do resto de Paredes de Coura 2014 (termina no sábado, 23). Franz Ferdinand, Thurston Moore, Chvrches, Seasick Steve, Thee oh Sees, White Haus são alguns dos nomes que passam a 21 por um palco que receberá nos próximos dias Cut Copy, Beirut, Conor Oberst, Kurt Vile & the Violators, Black Lips, James Blake, Sequin, Linda Martini, Goat, Perfect Pussy…
Mais música. Amália Rodrigues, Beatles, Amy Winehouse, Freddie Mercury, Lady Gaga, Madona, Mozart, Pavarotti — se os encontrar a todos no Algarve é normal: estão todos no FIESA 2014, o Festival Internacional de Esculturas em Areia que este ano é dedicado à música. 21 de Agosto é tão bom dia como qualquer outro para visitar a praia de Pêra, no Algarve, onde, desde o final de Maio e até ao final de Outubro, 15 mil metros quadrados estão ocupados por 35 mil toneladas de areia que constroem esta que é uma das maiores exposições de escultura em areia do mundo, com participantes de várias nacionalidades. Os trabalhos podem ser vistos dia e noite (são iluminados por jogos de luzes), mas os visitantes podem ser proactivos, também — há um espaço onde a criatividade tem luz verde para construções. Além disso, jogos e projecções de vídeo ao ar livre sobre a construção da FIESA animarão o festival, que à noite tem programação quase autónoma com música ao vivo, dança, artes circenses e teatro.
Dia 22
Anuncia novidades, mas ainda não foram divulgadas. No entanto, sabe-se o que se espera desta terceira edição da Dark Sky® Party Alqueva, dias 22 e 23 de Agosto em Monsaraz — antes de mais, muita astronomia ou não estivéssemos numa Reserva Dark Sky, local privilegiado para deixar que o céu e as estrelas tomem conta do mundo, como se não houvesse nada mais. Porque é essa a sensação nas margens da albufeira do Alqueva quando a noite cai e pomos os olhos no céu: não conseguimos fugir ao encantamento do lençol escuro habitado por milhões de pontos luminosos. A festa — tal como a Reserva Dark Sky — não é apenas noctívaga. Durante as tardes haverá palestras, workshops, exposições e observações do sol; à noite, novamente todos os olhares se dirigem para o céu, em observações astronómicas e astrofotografia.
Dia 23
A romaria das romarias: a maior e a mais típica. É assim que a Romaria da Senhora da Agonia coloca Viana do Castelo na rota das paragens incontornáveis do Verão português. São milhares os visitantes que vêm testemunhar a devoção das gentes de Viana à Senhora da Agonia, invocada pelos pescadores para pedir protecção e agradecer a benevolência em alturas de tempestades e naufrágios. Cinco dias (de 20 a 24) cheios de procissões (incluindo no rio Lima e no mar) e desfiles, a ribeira ornamentada de tapetes floridos e os céus iluminados por fogo-de-artifício grandioso, gigantones e cabeçudos, concertinas e bombos, produtos locais e artesanato. 23 é dia de etnografia, com cortejo etnográfico e festa do traje que trarão para a rua as imagens mais icónicas das festividades e da própria cidade: a lavradeira vestida de cores fortes e de cabelo meio coberto, com o ouro feito obras de arte de autêntica filigrana a pender no peito e nas orelhas — no fundo, a imagem tradicional da mulher minhota. Este ano o tema são os 500 anos do nascimento do Frei Bartolomeu dos Mártires.
Dia 24
Há quem diga que vem dos tempos de D. Sancho I, mas apontam para D. João I como o fundador da Feira Franca de Viseu, actual (desde o reinado de D. Manuel I) Feira de São Mateus. Esta é a versão da organização da feira, que atira a criação da feira para 1392: 622 anos de vida que a tornam na mais antiga da Península Ibérica. Idade à parte, é um dos cartazes turísticos da cidade, quase um ecossistema à parte que a transforma durante um mês (este ano de 8 de Agosto a 14 de Setembro) num arraial com várias caras. Porque a feira no sentido mais restrito da palavra é agora apenas um dos componentes do certame, onde se destaca o aspecto cultural, que engloba uma série de concertos, espectáculos e animações de rua. Mas esperem-se competições de pesca, passeios de bicicleta, eventos equestres, provas de atletismo num programa ainda por revelar. Este ano, o Viseu Lounge assume-se como uma porta aberta para a promoção da cidade.
Dia 25
À beira-mar para ver os melhores do mundo a domarem ondas deitados numa prancha: o Sintra Portugal Pro está na Praia Grande. Entre 22 e 28 de Agosto, a Praia Grande torna-se a capital mundial do bodyboard com a única prova que integra o circuito mundial da Associação Internacional de Bodyboard (IBA) realizada na Europa. Homens e mulheres vão competir nas ondas que se desenham dentro do Parque Natural de Sintra-Cascais e que são uma das mecas da modalidade durante o ano inteiro.
Dia 26
Já é marca registada e tudo: Pereiro de Mação – Capital das Ruas Enfeitadas. Esta distinção veio premiar o brio da população beirã de Pereiro (no distrito de Santarém), que desde há duas décadas enfeita as suas ruas na preparação para a festa anual dedicada à sua padroeira, Nossa Senhora da Saúde — esta é no fim-de-semana do último domingo de Agosto e as ruas enfeitadas chegam uma semana antes. No total, são enfeitados 14 ruas e largos, transformando-os em jardins suspensos e que desenham fantasias coloridas.
Dia 27
“Cobras, lagartos entre outros”, lê-se no cartaz de promoção da ExpoAnimalia, que por estes dias vive em Faro, no Centro de Ciência Viva do Algarve. Animais exóticos são o foco central desta exposição cujo propósito passa muito por desmistificar perigos e medos que envolvem a nossa relação com muitos animais, ao mesmo tempo que se promove a protecção dos valores naturais. Por isso, se o “entre outros” inclui tarântulas (e outras companheiras igualmente peludas e de pernas longas), escorpiões e lagartos de língua azul, a ideia é não ter receio e, em alguns casos, até tocá-los. Para ver até dia 31, das 10h às 18h.
Dia 28
Mais uma porção de Portugal regressa à idade Média e, desta vez, está garantido que trará alguns “castelhanos” neste regresso ao passado — afinal, a localização raiana de Castro Marim torna-a ponto de charneira para portugueses e espanhóis. Os Dias Medievais de Castro Marim começam hoje com invasão de artesãos, mercadores, regatões, artífices, místicos que trazem os seus negócios para esta vila medieval a prazo (até 31) — uns vendem apenas, outros recriam ofícios, uns são esotéricos, outros estalajadeiros: teremos latoeiros, ferradores e ferreiros; teremos peixe fresco e seco, sal e polvo; leituras de palma da mão ou dos astros. O castelo é o ponto de encontro medievo: torneios a cavalo e corpo a corpo e banquetes com pratos da época (porco, lebre, faisão…). Dia 28 de Agosto, a abrir, um desfile histórico percorrerá a vila com todas as classes sociais a exibirem-se lado a lado (nobreza, clero, burguesia e povo), e bobos, malabaristas, músicos a animar. Menos animada, a exposição de instrumentos de tortura e punição no Paiol do Castelo traz a “idade das trevas” com a roda, a forca, o garrote espanhol, a jaula suspensa…
Ao ar livre, na praia fluvial da Mina de São Domingos (Mértola), não há resquícios medievais: rock, dance, reggae, soul são os ingredientes do Festival Ilha dos Sons. Uma enorme pista de dança na planície alentejana, anunciam os organizadores. Até dia 30.
Dia 29
Tem “características únicas no mundo”, anuncia-se, e a romaria teve origem no século XIV. Chega até nós como uma das mais tradicionais, esta Romaria de Nossa Senhora dos Remédios que invade Lamego de 29 de Agosto a 9 de Setembro. No início o culto era em torno de uma modesta capela, hoje o seu epicentro é o santuário barroco dedicada à padroeira de Lamego, cujo escadório é um dos postais da cidade. E, apesar da quantidade de actividades paralelas que se realizam — entre espectáculos musicais, eventos desportivos, todo o comércio e animação de uma festa local —, a dimensão religiosa da festa continua a constituir a sua singularidade. Voltamos às “características únicas”: na verdade, durante a Procissão do Triunfo a imagem da Virgem é puxada por uma parelha de bois, caso único no mundo católico. E se este é o evento com maior simbolismo, não se pode deixar de mencionar a marcha luminosa e a batalha de flores, outros pontos altos das festividades.
Dia 30
O ano passado, a celebração dos 50 anos do primeiro circuito de Cascais foi o pretexto para a organização; este ano volta porque entusiasmou o público. O Cascais Classic Motorshow decorre no último fim-de-semana do, juntando veículos clássicos e clássicos do século XXI, os seus proprietários e os seus entusiastas. Continua a celebrar-se o circuito de Cascais e fazem-se concursos de elegância e prova de regularidade — o primeiro acontece na manhã de 30, no Hipódromo Municipal Manuel Possolo; a segunda de tarde, no circuito de Cascais, junto à Boca do Inferno. O dia termina com espectáculo musical e a 31 haverá desfile pelas ruas de Cascais.
Dia 31
Quando se preparam as vindimas, acontece a Festa do Vinho da Madeira. Hoje é o primeiro dia do festival que recupera a memória histórica e sócio-económica do vinho da Madeira e é passado no Estreito de Câmara de Lobos, dedicado à apanha e pisa da uva, ao cortejo dos vindimadores e outras idiossincrasias que rodeiam este universo. No Funchal, o epicentro é na Avenida Arriaga, decorada para o efeito com alfaias vitícolas e quadros vivos com figurantes a recriar as tarefas da vindima. Gastronomia, artesanato, folclore regional, mostra e provas de vinhos fazem parte da oferta. Sublinhe-se que o folclore tem direito a um evento paralelo, a Semana Europeia de Folclore, que apresentará grupos nacionais e estrangeiros.