Fugas - Viagens

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Estas plantas têm muitas histórias para contar

Com a construção do hotel, em 1992, alguns pinheiros tiveram de ser abatidos, mas pelo menos dois foram plantados em substituição de cada pinheiro retirado. E foram os pinheiros, juntamente com as impressionantes falésias algarvias de cor laranja, que deram nome ao resort: Pine Cliffs.

São eles, ainda hoje, os reis deste espaço, criando sombras generosas nos meses quentes do Verão. Mas o guia com que seguimos na mão prova que existem muitas outras espécies e histórias para desvendar. Como a Palmeira-anã, uma espécie autóctone que é até agora a única plameira conhecida resistente à praga do Rhynchophorus ferrugineus ou — descodifica José Sousa — praga do escaravelho.

Ou os Nenúfares do lago, onde apetece ficar horas a fio (e com sorte vermos uma galinha-d’água a passear-se por ali, entre as rãs). Ou o Papiro-do-Egipto, com as suas espiguetas de pequenas flores verde-acastanhadas. Ou o Dragoeiro, o Fórmio, a Dama-da-Noite... o melhor mesmo é abrir o guia e descobrir por si. E se por acaso se cruzar com o José pelo caminho, entre arbustos e pinheiros, não o deixe fugir. Ele tem ainda mais histórias para partilhar.

Citrofortunella microcarpa: “Árvores Bola” Calamondin

À primeira vista, um olhar leigo descreveria estas árvores como laranjeiras em miniatura. Não o sendo, não anda longe. A Citrofortunella microcarpa é um híbrido entre arbusto e árvore e um cruzamento entre a tangerineira e um outro citrino, o kumquat. O fruto é comestível, mas o sabor ácido da polpa não permite o seu uso em abundância para lá do decorativo. Podadas numa forma redonda, ganharam o nome de “árvore-bola”.

Pinus Pinea: Pinheiro-Manso

É a árvore símbolo do resort. O plano de manutenção dos pinheiro-mansos que se encontram espalhados por todo o terreno é rigoroso e trabalhoso: é preciso conservar o formato “guarda-chuva” pelo qual são conhecidos e domar a força das raízes que desnivelam as calçadas. Se nos é permitido um conselho, cá vai: caminhe até junto de falésia, deite-se na relva e olhe para cima. Há um céu de pinheiros à sua espera.

Chamaerops humilis: Palmeira-anã

Tem vista para uma das piscinas do resort, mas quem por lá anda a banhos não imagina que esta é a única espécie de palmeira nativa da Europa e a única que cresce espontaneamente do hemisfério norte. Está também ligada à história e tradição do artesanato do Barrocal Algarvio, com as conhecidas cestas de empreita, uma fita entrançada feitas a partir das folhas secas da Palmeira-anã.

Cyperus Papyrus: Papiro-do-Egipto

Quando o percurso traçado pelo guia nos leva até ao Papiro-do-Egipto, aproveitamos para nos sentar num dos bancos de pedra que o rodeiam a observar as espiguetas de pequenas flores verde-acastanhadas esticadas em direcção ao sol. É uma planta forasteira, mas já se sente em casa. Vinda dos pântanos do norte do Uganda e do vale do baixo Nilo, é conhecida por ter gerado uma das primeiras formas de papel.

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