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No local certo à hora errada

Por David Andrade

Tivemos azar: três dias num resort nos Alpes e a neve só chegou quando já estávamos em Portugal. Não deu para esquiar, apenas medimos o pulso ao mais recente membro da família Club Med — um resort à medida de quem procura “um bom esqui e uma boa festa”.

Com a mala já recheada de vestuário para a neve e a menos de 24 horas de partir rumo a Val Thorens, uma das estâncias de esqui mais conceituada em todo o mundo, a notícia de um prestigiado site de desporto francês surgiu diante dos meus olhos como um pequeno murro no estômago: “Procura-se: flocos de neve nos Alpes”. E o problema parecia grave. Segundo os gauleses, os céus de Val d’Isère (no domínio L'Espace Killy), Courchevel e Val Thorens (estas duas em Les 3 Vallées) teimavam em não fazer cair neve e o Campeonato do Mundo de Esqui Alpino, marcado para 13 e 14 de Dezembro, estava mesmo em risco — até a criação de neve artificial estava comprometida pelas temperaturas elevadas. Considerando que estamos prestes a rumar a França para pôr à prova o novo resort Club Med Val Thorens Sensations, será este um mau prenúncio?

Percalços meteorológicos à parte, o que me esperava na região da Sabóia é o santo graal para quem trata por “tu” esquis ou pranchas de snowboard. Bem perto da fronteira com a Itália, a estância de Val Thorens é das mais recentes nos Alpes franceses — foi criada em 1971 —, mas o que nos coloca no sítio certo é a sua localização. Em pleno domínio de Les 3 Vallées, e bem próxima de outras estâncias como Méribel e Les Menuires, Val Thorens está elevada a 2300 metros, o que lhe dá o título de “a mais alta da Europa” e a garantia de que, na temporada de esqui — entre meados de Dezembro e o início de Maio — exista 99% de probabilidade de haver neve. E mesmo quando o boletim meteorológico nos prega alguma partida ou chegamos à hora errada, mais de 40% das pistas de Val Thorens estão cobertas por canhões de neve artificial, que nos garantem sempre uma visão onde o branco predomina e permitem que se calce os esquis, embora as pistas estejam com mais gelo do que neve, o que torna a prática deste desporto menos agradável.

Mas não é só por olhar a concorrência de cima que as coordenadas do Club Med Val Thorens Sensations são uma enorme mais-valia. Saindo do mais recente resort da companhia francesa, deparamo-nos de imediato com as ambicionadas pistas. E não são poucas. No total, com uma extensão calculada em cerca de 600 quilómetros, na região de Les 3 Vallées há mais de 300 pistas ligadas entre si por meios mecânicos ou por elas próprias, mas se pretender manter-se pelo perímetro de Val Thorens há oito dezenas com diferentes graus de dificuldade e paisagens para todos os gostos. Para os mais aventureiros, uma passagem pelo topo da montanha Cime de Caron é obrigatória. Do alto dos seus 3200 metros, para onde somos transportados pelo “Cable Car” que percorre 900 metros em meia dúzia de minutos, o cenário é considerado pelo guia verde da Michelin como a “vista mais bela dos Alpes” e, garantem os locais, dali é possível ver, num ângulo de 360º, mais de uma centena de picos alpinos espalhados por três países: França, Itália e Suíça.

Estes foram, certamente, alguns dos motivos que levaram Val Thorens a ser distinguido, pelo segundo ano consecutivo, como o “World’s Best Ski Resort”, prémio considerado como o óscar da indústria do turismo, galardão que é atribuído pelo World Travel Awards.

Para quem já não necessita da ajuda de um instrutor para se aguentar mais de cinco segundos em cima do par de esquis, as condições oferecidas em Val Thorens são perfeitas, mas como o après ski também é importante, fomos medir o pulso ao Club Med Val Thorens Sensations, que neste domingo abre oficialmente as portas ao público.

Deslizes próprios de um resort onde tudo cheira ainda a novo e onde grande parte das duas centenas de jovens funcionários parece sentir-se ainda como peixe fora de água à parte, o design moderno que encontramos logo à entrada, com assinatura da arquitecta francesa Sophie Jacqmin,que já tinha colaborado com o Club Med em outros projectos, é o primeiro indício do que os cerca de 600 jornalistas e convidados terão oportunidade de experimentar em primeira mão durante três dias. Sem fugir ao que é tradicional na empresa francesa, o ambiente no Club Med Val Thorens Sensations é jovial, com pormenores que procuram marcar a diferença, como uma parede de escalada logo dentro do edifício ou uma iluminação composta por 95% de lâmpadas LED, que para além de permitirem um baixo consumo de energia, brilham com diferentes cores (predominantemente vermelho, violeta e laranja) ao longo do dia, dando um ambiente camaleónico a muitos espaços do edifício.

Nos quartos, no entanto, dominam as cores pastel e é aqui que tropeçamos na primeira escolha de gosto duvidoso, lacunas pouco recomendáveis e um… “incómodo”. No total, o Val Thorens Sensations tem 384 quartos, incluindo seis suites, cinco suites júnior e 12 quartos de luxo, mas no Club, o alojamento mais acessível, apesar de o quarto ser espaçoso, o vidro em tons avermelhados que permite ver tudo o que se passa no interior da casa de banho (não há cortinas para impedir que isso aconteça) é uma escolha questionável e possivelmente problemática para simples amigos que pretendam dividir o quarto ou até para casais mais zelosos da intimidade individual. Escolhas de design à parte, o primeiro grande ponto a desfavor do resort é a ausência de room service, minibar ou chaleira no quarto, algo impossível de acontecer em qualquer hotel de quatro estrelas português. Igualmente desagradável foi o prometido (e necessário por motivos profissionais) wifi perder-se pelos corredores antes de entrar no quarto 939. Incómodo resolvido com uma deslocação até ao lobby do Val Thorens Sensations onde o sinal é forte, depois de na recepção nos dizerem que a única ajuda que nos podiam dar era “avisar o técnico” – 48 horas depois, o problema mantinha-se.

Fora do quarto 939, onde o sinal de wifi nunca nos deixou ficar mal — por vezes estamos no local certo à hora errada —, encontramos duas áreas de restauração. O Yurts, o restaurante principal no estilo buffet, oferece-nos comida em quantidades generosas e de qualidade aceitável, mas convém estar sempre de olho no relógio, já que a tolerância em relação aos horários foi sempre zero: à hora assinalada para encerrar o Yurts, fosse ela o pequeno-almoço ou o jantar, as portas do restaurante eram encerradas e grande parte da comida prontamente retirada. No andar de cima, a experiência é mais gourmet e o Epicurious, com lotação para 60 pessoas — é necessário fazer reserva — oferece um ambiente acolhedor, sem a habitual confusão de um buffet. Este espaço é completado com uma adega de vinhos e uma delicatessen.

Embora implique um custo extra, o Val Thorens Sensations tem como uma das suas jóias da coroa o Club Med Spa by Carita, com vários pacotes de tratamentos para que os hóspedes recarreguem as baterias e relaxem após um longo dia de aventura e desporto na neve, mas também aqui sentimos falta de uma estrutura sempre importante: não existe qualquer piscina no Val Thorens Sensations e o único jacuzzi, de tamanho modesto, está muito mal localizado — no exterior de um dos bares.

Apesar da ausência de neve – que chegou finalmente em força a Val Thorens no dia seguinte a regressarmos a Portugal —, e de alguns “acidentes” evitáveis que podem ser justificados por ser ainda o primeiro fim-de-semana em que o resort funcionava em full speed, a estadia no Val Thorens Sensations mostrou-nos que o resort pode ser uma boa opção para quem procura conciliar condições excepcionais para a prática de esqui e diversão q.b. durante a noite, mas o preço será certamente um problema para que conquiste espaço no mercado português: uma semana em Março, uma das alturas do ano em que melhor proveito se pode tirar de uma estância de esqui na região de Les 3 Vallées, o custo para um casal ultrapassa os 3400 euros. Porém, será ainda preciso somar os euros necessários para se deslocar de Genebra (o aeroporto recomendado para quem viaja de Portugal) para Val Thorens. Para uma viagem de cerca de 150km que durará aproximadamente 2h30, um transfer requisitado ao Club Med ficará por 400 euros por pessoa.

Longe de ter o glamour, o requinte e o luxo de Courchevel ou Megève, Val Thorens é o local certo para quem procura condições excepcionais para fazer desportos de Inverno, e o Club Med Val Thorens Sensations pode ser um bom complemento para uma clientela jovem e descontraída, que consiga ainda encontrar forças ao final do dia para desfrutar do ambiente festivo do resort. Haja euros na carteira e a hora certa para lá estar.

 

Um resort para quem procura “um bom esqui e uma boa festa”

A neve é, cada vez mais, uma aposta do Club Med e actualmente a companhia francesa já detém 22 resorts de montanha, sendo que para além de existirem dois na Ásia (China e Japão), as duas dezenas restantes estão nos Alpes: 15 em França, três na Suíça e duas Itália. Com tanta oferta em terras gaulesas, o Val Thorens Sensations procura marcar a diferença proporcionando aos seus clientes produtos distintos e atraindo visitantes dos quatro cantos do mundo.

E um dos mercados onde o Club Med mais aposta neste momento é o Brasil, sendo essa opção bem visível em Val Thorens. Dispensáveis gaffes à parte – as instruções de emergência em português nos quartos surgem ilustradas com a bandeira do Brasil e numa das apresentações à imprensa foi referido que havia instrutores “que falavam brasileiro” —, o Club Med escolheu um mineiro para chef de village do Val Thorens Sensations.

Com 34 anos, Daniel Guimarães leva já uma dúzia de anos ao serviço da companhia francesa e depois de começar como monitor de esqui aquático e de vela no Rio de Janeiro, abandonou o seu país. Após experiência em países como México, Malásia ou China, esteve há um ano em Chamonix, assumindo agora a chefia em Val Thorens com o objectivo assumido de “atrair mais clientela do Brasil que é, sem dúvida, potencialmente forte”.

Embora reconheça que “um brasileiro na neve é inusitado”, Daniel Guimarães afirma que já está habituado a adaptar-se “a diferentes climas”, apesar de sentir “falta do calor e da praia”. Os próximos meses, porém, serão passados a mais de dois mil metros de altitude e quase sempre com temperaturas negativas, e em Val Thorens o Club Med espera receber “entre 15 e 18 nacionalidades diferentes todas as semanas”. “É por isso que temos funcionários de 28 países. A clientela principal continua a ser francesa, mas já só representa 25%. Há muitos belgas, os israelitas são 13% e temos bastantes canadianos também. O produto e os funcionários são adaptados à vontade comercial de ter gente do mundo inteiro”, revela.

Para além de pretender ter um hotel cosmopolita, Daniel Guimarães aponta “as famílias com adolescentes ou sem crianças” como o alvo principal. Embora aceite “crianças a partir dos dois anos”, o Val Thorens Sensations pretende “criar um produto diferente”: “Hoje em dia, na montanha, a oferta é muito similar e aqui pretendemos oferecer um produto mais adulto e festivo. Queremos atrair um público que pretenda um bom esqui e uma boa festa.”

Com “praticamente tudo digital” e “um esquema voltado para a tecnologia”, o Club Med quer “facilitar o percurso do cliente”, que antes de chegar a Val Thorens terá a oportunidade de “reservar o material e as aulas e depois já estar tudo preparado”. “É uma aposta nossa para simplificar a vida do hóspede”, sublinha o brasileiro.

Outra mais-valia, diz Daniel Guimarães, é “a própria estrutura do hotel, que foi muito bem pensada”. “Há praticamente quatro níveis diferentes, o que minimiza o volume das pessoas. Quem quer um ambiente mais tranquilo fica no 3.º andar, quem pretende algo mais festivo vai para o 4.º.”

Embora na “temporada alta 100% das pessoas fique por uma semana”, na época baixa “há vários pacotes e maior flexibilidade”. O pacote-base garante aos hóspedes do Club Med Val Thorens Sensations “as aulas de esqui, o ski pass, toda a alimentação e actividades internas, como aulas de ginástica ou escalada”, sendo que o “aluguer do material também é possível como um extra”.

 

Guia prático

Como ir

Para parte de Portugal, há a opção de voar para Lyon ou para Genebra, mas a melhor ligação é através da cidade suíça, para onde há voos directos do Porto ou de Lisboa através da TAP ou da easyJet. A partir do aeroporto, a viagem por estrada até Val Thorens demora cerca de 2h45. Dependendo do pacote que escolher ou de optar ou não pelo aluguer de uma viatura, um transfer de táxi custará, certamente, mais de 400 euros. Menos confortável, mas muito mais económica, é a opção de viajar de autocarro, existindo ligações regulares entre o aeroporto e a estância.

Quando ir

O Club Med Val Thorens Sensations está de portas abertas entre 14 de Dezembro e 9 de Maio, mas o ideal é fugir às épocas festivas (passagem de ano, Carnaval e Páscoa), durante as quais os preços são mais elevados. Pensando exclusivamente na prática de desportos ao ar livre, os meses mais indicados são Março e Abril, quando as condições de neve são mais favoráveis, os dias mais longos e as temperaturas amenas.

Gastronomia

Se pretender experimentar a oferta gastronómica fora do Club Med, há em Val Thorens um lote alargado de restaurantes: mais típicos, requintados ou descontraídos, tenha em atenção que no final a conta a pagar estará à altura da elevada localização da estância.

Compras

Existem dois pequenos centros comerciais e vários supermercados em Val Thorens. Não sendo um mercado virado para as grandes marcas de luxo, como em algumas estâncias vizinhas, vale a pena espreitar as ofertas de produtos regionais da Sabóia.

Na Internet

Para além da visita obrigatória ao site do Club Med, onde encontrará toda a informação que necessita sobre o Val Thorens Sensations (www.clubmed.pt), a página oficial da estância (www.valthorens.com) é bastante completa e fornece, com detalhe, as mais variadas informações e notícias sobre tudo o que se passa em Val Thorens. Vale também a pena dar uma vista de olhos no site do Les 3 Vallées dedicado à estância: www.les3vallees.com/en/the-resorts-val-thorens.23.s8

A Fugas viajou a convite do Club Med

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