Há que encontrar, contudo, “o melhor caminho para lá chegar”, muitas vezes contornando as subidas íngremes com percursos mais compridos, e ter alguma preparação física, força e hábito no pedal. Tudo aquilo que não temos, confessamos, e por isso à mínima elevação saltámos da bicicleta e levámo-la pela mão, por subidas curtas e com inclinação aceitável, que não chegaram para questionarmos onde nos tínhamos ido meter.
Rapidamente atravessamos o bairro histórico, por entre vielas e ruas estreitas, unindo dois dos locais sugeridos no mapa para visitas turísticas: o Museu do Fado, lá em baixo, e a Sé Catedral de Lisboa, a meia colina. No total, são 45 sugestões de atracções turísticas dignas de paragem e visita na cidade e arredores, desde o Castelo de São Jorge ao Oceanário, da Basílica da Estrela ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, do Palácio da Pena ao Cabo de Espichel.
Apesar de incluir percursos e informação útil para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte no dia-a-dia (nomeadamente a localização dos principais pólos universitários e hospitais), o mapa foi criado sobretudo “como uma forma de descobrir a cidade”, pensado “tanto para visitantes nacionais como estrangeiros” (embora a versão impressa seja maioritariamente em inglês).
Além das principais atracções turísticas da cidade, em destaque, estão ainda coloridos no mapa diversos pontos de interesse, como museus, jardins, monumentos ou postos de turismo, entre outros. Assim como a localização dos vários transportes públicos onde é possível transportar a bicicleta (com informação detalhada numa caixa lateral).
Recomendar, explorar
A ideia de criar o Lisbon Bike Map surgiu numa viagem de Jorge aos Estados Unidos, onde “os mapas para ciclistas são relativamente comuns”. “Gostei imenso do de São Francisco e pensei logo na utilidade que teria para os utilizadores de bicicleta em Lisboa”, conta. O arranque definitivo foi dado no ano passado, como forma de celebrar o 15.º aniversário da Bikeiberia, empresa especializada em serviços na área do cicloturismo em Portugal e Espanha (passeios guiados e aluguer de bicicletas e de material), fundada por Jorge em 1999.
“Cada linha pintada no mapa foi pedalada por nós”, garante. “A informação que damos tem por base não só a experiência da equipa como a nossa avaliação das condições para utilizar a bicicleta nos diferentes percursos”, tendo em conta factores como o declive, a qualidade do piso, a existência de carris de eléctrico, o volume e a velocidade do trânsito. Mas não é exaustivo, antes um conjunto de ruas seleccionadas entre uma teia urbana de possibilidades. “As vias que recomendamos são apenas sugestões, mas há muitas mais”, sublinha Jorge, defendendo que “os visitantes só têm de ter, de facto, espírito de aventura e explorar a cidade”.
O percurso por onde nos guiam faz-se, por isso, ora de estradas marcadas no mapa a traço colorido ora por ruas deixadas em branco neutro. Da Sé, descemos em ziguezague empedrado até à Rua dos Bacalhoeiros — onde a Fundação Saramago é outra das sugestões de visita — e só na Rua da Prata reencontramos a linha azul de trajecto recomendado, que nos leva pelas praças da Figueira e do Martim Moniz, com paragem para almoço e recarregar baterias. O renovado espaço na Mouraria é “central e de fácil acesso para quem anda de bicicleta nesta zona da cidade”, “óptima para ir no Inverno e com crianças”, recomendam.