Fugas - Viagens

  • 1954
    1954
  • Passaporte abonado por Bernardo Abreu em 1848
    Passaporte abonado por Bernardo Abreu em 1848
  • 1957
    1957
  • 1958, Portugal -  por Júlio Resende
    1958, Portugal - por Júlio Resende
  • 1967 - por Júlio Resende
    1967 - por Júlio Resende
  • 1970 - Portugal
    1970 - Portugal
  • 1979 - Brasil -  por Júlio Resende
    1979 - Brasil - por Júlio Resende
  • Abreu, capa por Júlio Resende
    Abreu, capa por Júlio Resende
  • 1980
    1980
  • Bernardo Luiz Abreu, fundador
    Bernardo Luiz Abreu, fundador
  • Agência na av. dos Aliados, Porto
    Agência na av. dos Aliados, Porto

Abreu: 175 anos em viagem universal

Por Andreia Marques Pereira

A agência fundada em 1840 continua nas mãos da mesma família há cinco gerações. Em Portugal, a Abreu rima com viagens.

Quando, no sábado, dia 11 de Abril, abrir portas, o Mundo Abreu — na FIL e em 90 das lojas da rede Abreu em Portugal —, terá 200 stands, com mais de 600 representantes de organizações institucionais e de fornecedores de serviços turísticos de todo o mundo. A representação portuguesa será forte, sobretudo dos Açores e Algarve; do estrangeiro as maiores comitivas virão do Brasil, Macau, Turquia, Espanha, Marrocos — com estreias absolutas do Irão, Japão, Filipinas, Uzbequistão e Malásia. Um supercatálogo congregará propostas em 372 páginas, haverá ainda um dedicado a Portugal, lista de ofertas last minute e o destaque aos circuitos europeus Abreu. No total estarão disponíveis 25 mil lugares em voos charter — pode sair-se com a confirmação de viagens às Caraíbas, Croácia, Porto Santo, Grécia, Baleares, Canárias e Marrocos — e 18 mil em voos regulares. Será a maior oferta de sempre, naquela que já é a maior feira de viagens europeia dirigida, em exclusivo, ao público, que assinala este ano a 13.ª edição.   

São números impressionantes, mas que se eclipsam perante a idade da agência: a comemorar este ano 175 anos, a Viagens Abreu é a mais antiga agência de viagens portuguesa e, por vezes, apontada como a mais antiga do mundo ( a “rival”, Cox & Kings, surgiu em 1758, trabalhando com o exército britânico, acompanhando as aventuras dos seus regimentos na construção do império). E a única que continua na mesma família.

São já cinco as gerações que ajudaram a tornar a Abreu em sinónimo de viagens, de férias. Pense-se em qualquer modalidade e a Abreu oferece. As viagens em grupo e os circuitos europeus continuam a ser icónicos na programação, e os cruzeiros um produto acarinhado — nos anos de 1970 e 1980 chega a fretar navios para viagens aos Açores, Madeira, Europa continental, Norte de África, Médio Oriente e costa brasileira. “A empresa contribuía, assim, para o fortalecimento de uma indústria — a dos cruzeiros — que abriu novas perspectivas ao turismo mundial”, lê-se na informação enviada à Fugas. Ainda hoje é líder de mercado nesse segmento. Como é líder no mercado de lazer: cidades, circuitos, grandes viagens, cruzeiros, parques temáticos, escapadinhas, férias activas, eventos, luas-de-mel, curta e longa distância; a que acrescenta a prestação de serviços como rent-a-car ou reservas de comboio, seguros, reservas de voo com ou sem hotel, vistos, cursos de línguas... A sua influência chega às viagens empresariais, aos grupos, congressos e incentivos, o que faz da Abreu a maior empresa de viagens em Portugal (e como transitário, através da Abreu Carga, é líder na carga aérea e tem posição robusta na carga marítima e rodoviária).

Longe vai o tempo em que Bernardo Luís Vieira de Abreu, minhoto de Vieira do Minho, abre o seu negócio na cidade do Porto. Em 1840, o “Grand Tour”, a viagem iniciática que as classes altas inglesas e nórdicas faziam pela Europa em descoberta cultural, estava em declínio pelo aparecimento do comboio, que tornava as longas digressões obsoletas. Portugal não tinha tempo para pensar em viagens: tinha ultrapassado as lutas entre liberais e absolutistas, mas o reinado de D. Maria II estava longe de ser pacífico e em breve novo conflito rebentaria na sequência da revolta da Maria da Fonte; entretanto, o Brasil já era brasileiro e destino maciço de emigrantes fugidos do Norte de Portugal. Do outro lado da fronteira, era para a Venezuela que corriam os galegos. Bernardo Abreu vê a sua oportunidade e instala-se bem no centro da cidade prestando serviços a esses emigrantes – desde o tratamento de passaportes e vistos de emigração à venda de bilhetes de comboio para Lisboa e de navio para a América do Sul.

É a democratização da aviação comercial que dá fôlego à segunda vida da agência, já nos anos de 1960, já na nova casa, na Avenida dos Aliados, onde Júlio Resende pintou um grandioso fresco (antes, em 1957, a empresa havia expandido a sua actividade para o sector da carga, já referenciada desde 1895, com transportes para África e Brasil). As possibilidades multiplicam-se e a Abreu deixa a sua marca nos voos charters, com uma série de “primeiros”: em 1968, o primeiro charter Lisboa-Funchal, em 1969 o Lisboa-Londres, em 1975 Lisboa-Ponta Delgada, em 1979 o primeiro com origem fora de Portugal, o Madrid-Funchal, todos com a TAP; pelo meio, em 1972, organiza o primeiro charter longo curso: transporta a “família Toyota portuguesa” ao Japão com a BOAC.

Do final do anos de 1960 chega também uma das histórias “míticas” da Abreu, a de uma excursão que seguia para Londres mas que em Calais (França) encontrou uma greve dos ferry boats: o guia da agência não se deixou intimidar pelo percalço e alguns contactos depois consegue embarcar o grupo num cargueiro de açúcar que seguia para a capital inglesa — só ficaram em França autocarro e motorista.

As décadas de 1980 e de 1990 são de expansão, acompanhando o boom da indústria do turismo: a rede de lojas estende-se a todo o país, regiões autónomas incluídas, passa a ser também operador turístico, o que significa controlar a concepção e distribuição dos produtos, e aprofunda a gestão de voos charter. E o novo milénio está a ser marcado pela abertura ao exterior.

“Com uma presença no Brasil que remonta aos primórdios da empresa, ou seja, ainda no século XIX, o futuro próximo passa pela afirmação do triângulo lusófono Portugal-Brasil-Angola, muito relevante no contexto da internacionalização do Grupo Abreu, sendo certo que a fixação noutros mercados — concretamente Espanha, Estados Unidos e Inglaterra — é algo que se procura consolidar”, dizem-nos por email. Com 150 lojas próprias em Portugal (e 1500 colaboradores), a maior rede a nível nacional, a Abreu já tem representação nesses países, apostando no aumento das exportações da empresa — e nas agências de turismo isso significa a venda de viagens para Portugal a turistas estrangeiros, captando divisas.

Portugal (e os circuitos europeus com partida aqui) é mesmo o destino preferido pelos clientes da Abreu no estrangeiro, seguido dos Estados Unidos e as chamadas “grandes viagens”. Os portugueses, por sua vez, preferem Espanha e cidades europeias, Brasil, Cabo Verde, Caraíbas, Marrocos, Tunísia, Dubai e Turquia; cá dentro escolhem o Algarve, Douro, serra da Estrela, Alentejo, Madeira e Açores. Se se analisar historicamente, o Algarve sempre foi o destino referência dos portugueses cá dentro, enquanto Paris e Roma se mantêm no topo no exterior.

E é destas e outras estatísticas e muitas histórias que a Abreu continua a fazer jus ao seu slogan – Uma marca de Portugal em viagem universal.

Site: Agência Abreu

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