Fugas - Viagens

Paulo Ricca

As agências de viagens não passaram de moda

Por Andreia Marques Pereira

Agora são omnipresentes, em 1840 eram uma raridade. Mas foi nesse ano que surgiu a primeira agência de viagens portuguesa, a Abreu, que continua em actividade. Em 175 anos muito mudou nas viagens, mas as agências não perderam protagonismo, apesar do faça-você-mesmo da Internet. Não são uma moda, são um modo de viajar.

Numa altura de crise económica (quase) global, a Organização Mundial de Turismo (OMT) não tem dúvidas: o turismo é um factor essencial na recuperação. “Ao longo dos últimos anos, o turismo provou ser uma actividade económica surpreendentemente forte e resiliente e um contribuidor fundamental para a recuperação económica ao gerar milhares de milhões de dólares em exportações e na criação de milhões de emprego”, afirmou o secretário-geral na abertura do Forum Global de Turismo em Madrid, em Janeiro. Os números são impressionantes, com o sector a crescer desde 2009, o ano do estalar da crise; Portugal acompanha, em exportações e importações, ou seja, a receber e a enviar turistas. E em todo este movimento há um elo fundamental: segundo a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), o mais importante em todo o movimento de viagens (outgoing, lazer e corporate, e incoming) — as agências de viagens.

“Nós recorremos a agências de viagens para todo o tipo de férias que fazemos”, afirma o casal Celina Almeida e Constantino Oliveira, 59 e 68 anos, respectivamente. “Só recorro quando sou obrigado”, declara Rui Sousa-Silva, 44 anos. Nem uns nem outro são assim irredutíveis, mas a verdade é que, no que a agências de viagens diz respeito, há quem não passe sem elas e há quem as evite — quase ninguém, contudo, lhes passa ao lado. E a verdade é que, ainda de acordo com a APAVT, o número de agências de viagens a operar no mercado português tem crescido ininterruptamente (a associação tem 750 membros), acompanhando o movimento crescente de turistas.

Isto apesar de cada vez mais Rui Sousa-Silva, investigador universitário, não estar sozinho quando afirma: “Não recorro mais [a agências de viagens] porque consigo ajustar melhor as minhas necessidades fazendo directamente.” Este “directamente” está agora mais facilitado do que nunca pela Internet, que permite contactar directamente os agentes turísticos, sejam companhias aéreas ou hotéis, por exemplo, e simultaneamente delinear um programa de visita a qualquer destino.

“O do it yourself aumentou por causa da Internet”, avalia Raquel Ribeiro, da agência de “viagens à medida” Travel Tailors, “mas esta é uma ameaça e também uma oportunidade em termos de marketing”. “Evidentemente, a Internet veio mudar muito a forma como se faz distribuição. Porém, não alterou a importância da intervenção das agências de viagens, e nalguns casos, como sempre, fez surgir novas oportunidades”, concorda a APAVT.

Quem pensou que a Internet “mataria” as agências de viagens, viu as previsões saírem goradas. Não só não desapareceram como continuam a assegurar a mais importante posição na distribuição turística. Com a Internet a ajudar — esta é uma ferramenta, não uma forma de distribuição, e as agências de viagens, não as tradicionais, mas as online travel agencies, são líderes na sua utilização, segundo APAVT; o que não significa que as agências tradicionais desdenhem das novas tecnologias, de que é exemplo as Viagens Abreu, a maior agência portuguesa (ver texto nestas páginas), que assume a sua aposta nestas e “nos novos media, designadamente a blogosfera, redes sociais e canais mobile”, na interpretação do que consideram “um modelo de sociedade cada vez mais pautado pelas regras e tendências da economia digital”; e a área corporativa (viagens de empresas), onde a quota de mercado das agências de viagens permanece próxima dos 100%, a ajudar.

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