Há lugares cujas memórias mais vivas estão associadas ao momento da partida, talvez porque de partidas e nunca de chegadas é feita a errância de um viandante.
O carro, um idoso com idade indefinida, dos poucos a circular àquela hora de domingo no asfalto que rasga a paisagem verde e pontuada de ovelhas indolentes, deteve-se mesmo ao meu lado, correspondendo ao meu sinal de polegar ligeiramente inclinado. Do seu interior, emergiram, em simultâneo, duas figuras trajando roupas saídas de meados do século passado, ambos de óculos de aros redondos: ela, com um cabelo loiro que lhe caía pelos ombros e olhos grandes de um verde cheio de vivacidade; ele, com uma cartola preta cobrindo parte do cabelo desgrenhado, uns olhos pequenos e de um castanho mortiço, uma barba grisalha e, na mão esquerda, um cachimbo do qual se erguia uma ténue nuvem de fumo azulado.
Os rostos, emoldurados por sorrisos, e a simpatia que deles emanava, expressa na forma calorosa com que me convidaram a entrar, eram próprios de quem reencontrava na estrada da vida, não um estranho, à boleia, mas um velho companheiro de velhas cadeiras de escola.
Paul Owens afagou a barba e, perscrutando o interior, riu-se das suas próprias palavras:
- Tenta acomodar-te no meio do caos. Estivemos a participar numa peça de teatro para crianças.
Se alimentava a esperança de entrar numa viagem ao passado, conduzido por um casal de amigos que não era deste tempo, as explicações de Paul Owens devolveram-me ao presente.
O carro dá uma ou duas sacudidelas, ameaça não ter futuro, mas, aos soluços, avança sob um sol primaveril.
- Verdade? Vieste de tão longe para ver Hay?
Charlotte Baston virava-se agora para trás, na minha direcção, entrincheirado entre artefactos como se fosse um nómada arrastado por um teatro ambulante.
- Sempre que passeio por Hay, sinto-me relaxada e revigorada — e excitada quando a ideia de uma visita à vila ocupa os meus pensamentos. Sou uma apaixonada por livros e Hay é um paraíso para mim.
Quanto mais me afastava, geograficamente falando, lançando olhares através da moldura da janela, mais me aproximava, sentimentalmente, de Hay, como carinhosamente é conhecida.
- Queres que te conte uma história? Como acabei de dizer, adoro livros e colecciono mesmo alguns. Há uma loja, fora do centro, solitária e numa rua muito comprida, especializada em literatura infantil. Uma vez, já lá vão mais de 15 anos, decidi parar para dar uma espreitadela, na secreta esperança de encontrar alguma edição de Alice no País das Maravilhas, da qual tenho 76, todas de diferentes ilustradores.
Paul Owens dá uma baforada no cachimbo, o verde à nossa volta é cada vez mais viçoso, rivalizando com o entusiasmo colocado por Charlotte Baston quando evoca a sua recordação.
- Ao mesmo tempo, também andava à procura de um exemplar raro de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa e aquela loja, na qual nunca antes havia reparado, afigurava-se como o espaço ideal para o encontrar.
Ao volante, Paul Owens vai observando a paisagem e baixa a cartola para proteger os olhos do sol.
- Desculpa interromper – vira-se para a amiga e logo me olha através do retrovisor. Se quiseres parar, para fotografar, só precisas de me dizer. Temos tempo.
O imponente cenário das Brecon Beacons começa a projectar-se com toda a sua força.
- Pois, uma vez franqueada a porta de entrada, nem queria acreditar no que os meus olhos viam – prossegue Charlotte Baston. Mesmo à minha frente, sentado a uma secretária e vestindo um fato de lã, com os seus óculos e cabelo e barba brancos como a neve, estava um homem que se parecia exactamente com aquele que sempre imaginei como sendo o professor que era proprietário da casa onde as crianças ficaram depois de serem evacuadas em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa.
Um livro por 120 mil euros
A estrada avança, não raras vezes solitária, e eu recuo, como atraído pela recordação do cheiro dos livros usados, quando me sentei, em Hay, com Patricia Daly, também ela instalada atrás de uma elegante secretária em madeira, desfiando o rosário das suas memórias de menina.
- Cresci rodeada de livros, não em casa, porque a minha família não tinha posses para os adquirir, mas recorria à biblioteca e a minha mãe era, ela própria, uma ávida leitora de tudo quanto pudesse deitar a mão – de tal forma que posso dizer que também cresci rodeada do cheiro a batatas queimadas porque ela as punha ao fogão a cozer, pegava num livro e esquecia-se completamente de que estava a cozinhar.
Patricia Daly levantara-se para atender um cliente mas não tardou a voltar às suas lembranças.
- Um livro que teve um grande impacto na minha infância foi O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, que me foi lido, pela primeira vez, quando eu tinha sete anos. Era algo de mágico, que me transportava para um mundo novo, e eu, ansiosa, nada mais desejava do que o último período do dia, quando o professor o lia para a classe.
Charlotte Baston coloca os óculos na ponta do nariz, como se estivesse a ler a história que ainda não terminou, enquanto Paul Owens permanece num silêncio que faz eco lá fora, nos vales e nos montes com contornos bem definidos.
- Estivemos à conversa, eu e o velhinho, durante um tempo, ele mostrou-me todos os exemplares que tinha em armazém de Alice no País das Maravilhas, uns antigos, outros novos, e de repente, levantando-se, pediu-me para aguardar uns minutos. Dirigiu-se para a sua casa, nas traseiras da loja, e regressou pouco depois, carregando uma enorme caixa de vidro que colocou sobre a secretária. À minha frente tinha uma preciosa e cara segunda edição de Alice no País das Maravilhas que já nessa altura – há 15 anos, portanto – valia cem mil libras (cerca de 120 mil euros ao câmbio actual). Senti-me honrada por observar tamanha raridade e depreendi, pelas suas palavras, que nunca a exibia, com receio de que alguém lha roubasse.
Paul Owens aproveita para parar o carro e convida-me a sair para admirar a imponência das montanhas.
- Durante uns anos, passava com frequência pela loja e ele sempre me reconhecia. Mas há uns dez, quando uma vez mais resolvi entrar para dois dedos de conversa e ver os livros, deparei-me com um jovem no lugar do simpático velhinho de cabelo e barba brancos. Senti-me triste e não tive coragem de fazer perguntas. Nunca mais lá voltei.
Talvez porque os lugares, quando partimos, já não são os mesmos quando regressamos.
- Mas continuo a ir a Hay e sinto, como os meus amigos que me acompanham, um prazer renovado sempre que percorro as suas ruas e frequento as suas lojas de livros antigos. Adoro o cheiro. Ler é um refúgio, a melhor forma de aprendizagem e de desenvolver a paciência e o conhecimento.
O rei excêntrico
- Um livro novo é para o ego, um livro usado é para o intelecto.
Palavras fortes, proferidas por um rei, Richard Booth, que, descontente com o rumo da política, se autoproclamou, no primeiro dia de Abril de 1977, soberano do reino de Hay-on-Wye. Patricia Daly há muito que ouvira falar dele, nem sempre pelas melhores razões.
- Nasci numa pequena aldeia, em Lyonshall, mas cresci em Presteign, a umas 23 milhas de Hay. Recordo-me de ir ao cinema, no Cinema Bookshop, então propriedade de Richard Booth, um espaço fascinante, porque em toda a minha vida nunca havia visto uma loja de livros usados tão grande — e nesse tempo não existiam muitas em Hay. Ouvi, já mais tarde, rumores sobre a comunidade hippie de Hay, que incluía Richard, e que eram, na sua maior parte, apócrifos, entre eles o uso de drogas que conduziam a orgias e que tanto horror causaram na comunidade essencialmente agrícola e da religião Baptist em que cresci.
Richard Booth nasceu em 1938 (completa 77 anos em Setembro), em Hay, estudou em Oxford e em 1961, com apenas 23 anos, abriu a primeira loja de livros usados, num antigo posto de bombeiros, na vila situada na fronteira entre Gales e a Inglaterra. Ele e um grupo de homens fortes, todos de Hay, rumaram aos Estados Unidos numa época em que muitas livrarias, com sérios problemas económicos, estavam a fechar e, uma vez regressado a Gales, já na companhia de contentores carregados de livros, transformaram Hay na primeira booktown do mundo.
- Conheci Richard Booth quando ele ainda sentia os efeitos do jet-lag após uma viagem cansativa aos Estados Unidos. Eu andava à procura de emprego. A todas as perguntas que ele colocava sobre a minha experiência em diferentes áreas eu respondia negativamente. E ele ia dizendo “bom”. Numa qualquer entrevista convencional para um emprego eu teria falhado miseravelmente. Mas ele pediu-me para começar a trabalhar logo na segunda-feira imediata.
Desde então, Patricia Daly sempre colaborou com Richard Booth, nas suas campanhas para a eleição a um cargo político (candidato pelo Partido Trabalhista às legislativas e constituintes de Gales em 1999 e ao Parlamento Europeu dez anos mais tarde), como responsável da secção de Teologia de uma loja de livros usados, diferentes áreas ao longo de cinco dezenas de anos. Quando Patricia Daly conheceu Richard Booth, agraciado em 2004 com uma MBE (Membro da Ordem Mais Excelente do Império Britânico), este ainda vivia no castelo que adquirira na segunda metade do século passado — e agora na posse da Hay Castle Trust.
- Alguém, uma vez, me disse que quem trabalha com Richard durante um longo período não consegue trabalhar com mais ninguém. Ele é um verdadeiro excêntrico, um verdadeiro visionário, como nenhum outro. Quando era jovem, tinha uma energia contagiante e mantinha-se ocupado 18 horas por dia com trabalho. Tem um conhecimento fantástico de livros e do comércio.
Temendo o falhanço inevitável como aldeia rural e antecipando o fracasso da agricultura, Richard Booth procurou criar, com a fundação de Hay como vila do livro, uma nova fonte de recursos para a comunidade local, associando cultura ao turismo.
Um castelo de livros
Charlotte Baston e Paul Owens param o carro no parque em frente a uma estação ferroviária e, face à ausência de comboios, àquela hora, decidem levar-me a Cardiff.
- A primeira vez que eu vi uma Honesty Bookshop, em Hay, não queria acreditar. Passei as muralhas e um pouco por todo o lado, ao ar livre mas cobertas com um amplo tecto de madeira como protecção para a chuva, prateleiras cheias de livros e um sinal pedindo para efectuar o pagamento numa pequena caixa. Nos dias de hoje, em que ninguém espera ou justifica confiança, senti-me confortada por ver que ainda há pessoas que acreditam na honestidade.
A Honesty Bookshop foi uma ideia criada e materializada por Richard Booth até dela se desfazer (venda) há uns anos, se bem que as prateleiras continuam a envolver o castelo que se projecta sobre a vila, situada no sopé de uma colina, e cuja lenda garante que foi erguido numa única noite, durante a qual a mulher do infame e pérfido lorde normando William de Braose, Maud de St. Valery, entre os mais íntimos Moll Wallbee, carregou todas as pedras necessárias no seu avental.
- Hay é um lugar único, uma micronação que não é comparável a nenhuma outra. Aqui a vida corre devagar, as pessoas são amáveis e todos se conhecem uns aos outros, há um sentimento de país de fadas, talvez produzido pelo encanto da primeira contemplação, para quem vem de Clyro, desde o topo da colina.
Pelo meio corre sereno o rio Wye, para norte estendem-se as colinas verdes de Radnorshire, para sul e oeste a magnificente cadeia montanhosa das Black Mountains, para este o Golden Valley, o vale dourado e as quintas e terrenos cultivados do condado de Hereford.
A primeira referência documentada a Hay, em inícios do século XIII, está umbilicalmente ligada à história do seu castelo tantas vezes usurpado, destruído e construído, tão disputado por galeses patriotas, lordes ingleses e monarquias reinantes (e nem sequer foi poupado quando, já propriedade de Richard Booth, foi afectado por um incêndio).
Errar por Hay é como navegar numa onda serena, sob a sombra que se espalma nas ruas do elegante casario que se recorta contra o céu azul. As muralhas, das quais restam apenas vestígios, foram levantadas na primeira metade do século XIII; aqui e acolá, casas do século XVI e XVII, testemunhas de um certo esplendor que se foi perdendo, mais adiante as colunas em pedra do Mercado da Manteiga, a torre do relógio, uma e outra construção do século XIX (e todas as quintas-feiras o mercado abraça as duas e estende-se até à Memorial Square).
De 1500 a meio milhão
A cidade já se anuncia, cintilando ao sol, pouco mais de duas horas haviam passado desde que esticara o polegar imbuído do desejo de partir. Charlotte Baston tem o prazer da conversa.
- Não frequento o festival. Hay, mesmo com turistas, é uma vila tranquila. Mas grandes multidões não são para mim.
Criado em 1987, após uma conversa à volta de uma mesa de cozinha, o Festival Literário de Hay é um acontecimento que atrai, em finais de Maio, escritores e agentes, apaixonados pela literatura e simples curiosos, um total de meio milhão de visitantes, muitos se comparados com as 1500 almas permanentes e as 30 lojas de livros usados (uma para cada cinquenta habitantes). Uma vez ou outra, neste ou naquele ano, Zadie Smith, John Updike, Julian Barnes e Doris Lessing, tantos de uma lista interminável, já se movimentaram entre o formigueiro humano em que se transforma Hay durante dez dias.
Ian Dury, num dos seus derradeiros concertos, cantou From the gardens of Bombay, all the way to lovely Hay, alterando a letra de Hit me with your rhythm stick, e Bill Clinton, o primeiro presidente norte-americano — logo seguido de Jimmy Carter, que já há muito se retirara — a passar por Hay, apelidou o festival de “Woodstock da Mente”.
- Richard, como um rei com um castelo, proporcionou toda a publicidade internacional que tornou Hay famosa. Mas agora ninguém percebe que foi o mediatismo e não os vendedores de livros, bons ou apenas esforçados, que tornaram a vila célebre. Os jornalistas não viajam pelo mundo para filmar uma loja de livros, por muito boa que ela seja. Mas percorrem milhares de quilómetros para entrevistar um excêntrico que se autoproclamou rei e nomeou o seu cavalo (Caligula) primeiro-ministro. É uma loucura, é verdade, mas é uma loucura saudável que atraiu as pessoas e lhes forneceu uma razão adicional para visitar um lugar com milhões de livros (estima-se que sejam quase três milhões) e situado numa das regiões mais belas do país.
O cheiro dos livros entranha-se, agradável, são aos milhares entre as testemunhas de Patricia Daly na manhã que se esgota.
- O festival encoraja a venda de livros novos, não em segunda mão. As pessoas acorrem mais impulsionadas pelo entusiasmo de ver de perto algumas celebridades do que movidas pelo interesse na literatura. O festival prolonga-se por dez dias mas as pessoas em Hay têm de sobreviver durante 365 ao longo do ano.
E dessa Hay não dá vontade de partir, pelo menos enquanto o sol a ilumina, em muitos dos 355 dias restantes, preenchidos com a sua quietude e os seus milhões de exemplares de livros tocados por milhares de dedos de homens e mulheres.
Cardiff ergue-se à minha frente, como o fim da viagem ou o final de um livro, um e outro iguais, estradas e páginas percorridas silenciosamente. Ao fundo da rua, Paul Owens e Charlotte Baston esticam os braços para fora das janelas do velhinho carro uma última vez.
Adivinho o que estará a fazer a esta hora Patricia Daly, envolta pelo odor dos livros usados nas prateleiras, em Hay.
- Ler é como respirar, uma parte vital da vida.
Uma história com mais de 50 anos
O conceito de book town, criado em 1961, por Richard Booth, em Hay, atribui-se a uma vila (ou, em alguns casos, a uma aldeia) com um elevado número de livros usados e comercializados em antiquários que atraem cada vez mais turistas bibliófilos. Actualmente, as vilas de livros espalham-se um pouco por todo o mundo, desde Mundal, em Fjarland, na Noruega, com os seus quatro quilómetros de livros usados, a Redu, na Bélgica, com apenas 450 habitantes, passando por Urueña, em Espanha, não muito distante de Valladolid, ou lugares com nomes mais exóticos e também devotados à literatura usada, como Kampung Buku Langkwai, na Malásia, ou Paju, na Coreia do Sul.
De uma forma ou de outra, a criação de vilas vocacionadas para o comércio de livros usados serviu para revitalizar a sua economia e relembrar a sua existência, por vezes esquecida, como o sal de que precisavam para potenciar uma beleza natural. Montolieu, uma pequena povoação a norte de Carcassonne, na região de Languedoc, em França, é um desses exemplos, com as suas casas, muitas delas por renovar, agrupando-se à volta de uma proeminente igreja no topo de uma ravina profunda. Com as suas 15 lojas de livros usados e um museu dedicado ao livro e à impressão de documentos, Montolieu atrai cada vez mais turistas em busca de raridades mas também da serenidade que emana das suas ruelas e pracetas, muitas delas ornamentadas por bonitas fontes.
Do mesmo fenómeno beneficiou Montereggio, uma aldeia italiana com não mais de meia centena de casas integrada numa região com grande tradição em literatura e uma forte ligação aos primeiros passos da tipografia e à Bíblia de Gutenberg.
Guia prático
Como ir
Hay não tem aeroporto e nem sequer é servida por comboio. A melhor forma — e talvez a mais económica — para chegar a esta vila do condado de Powys, o maior de Gales, é recorrendo ao aeroporto de Bristol, desde esta cidade inglesa até Hereford e, finalmente, daqui até Hay. A easyJet tem ligações entre Lisboa e Bristol com uma tarifa a rondar os 150 euros (trajecto de ida e volta). De Bristol a Hereford são aproximadamente 70 quilómetros e há serviços regulares de autocarro (www.nationalexpress.com) desde o aeroporto com paragens no terminal de Bristol e em Gloucester, um percurso que se cumpre em pouco menos de quatro horas e com um preço (também ida e volta) de cerca de 45 euros. De Hereford, junto à estação ferroviária, partem sete autocarros (n.º 39 mas aos domingos, quando os serviços são reduzidos a três, deve procurar o 39A) por dia (o primeiro às 8h35 e o último às 17h45) que chegam a Hay uma hora depois. Como facilmente se percebe, a utilização de transportes públicos requer tempo e paciência, pelo que o ideal mesmo é alugar um carro. Em alternativa, pode consultar preços da Vueling (www.vueling.com), que viaja entre Lisboa e Barcelona e desde esta até Cardiff. Da capital do País de Gales a Hereford, de comboio, é pouco mais de uma hora de viagem (cerca de 25 euros para um bilhete de ida).
QUANDO IR
Por norma, os melhores meses para visitar o País de Gales (as regiões montanhosas, frias ao longo de todo o ano, constituem excepção) são entre Abril e meados de Outubro. Julho é, por norma, o mês mais seco e Dezembro o que regista maior precipitação. Hay beneficia de um clima temperado, um pouco como sucede em todo o país, mas as chuvas são frequentes, mesmo nos meses de Verão.
ONDE COMER
Reconstruído e ampliado após um incêndio que destruiu parcialmente o edifício do século XVI, o Three Tuns, na Broad Street, com um agradável espaço ajardinado e uma elegante sala no primeiro piso (encerra às segundas e às terças), é uma das mais interessantes experiências gastronómicas em Hay, focando-se na tríade local, orgânico e sustentável (pratos entre os 15 e os 25 euros). Imperdível, talvez depois do almoço, é uma visita ao Shepherds Ice Cream Parlour, na High Town, 9, para saborear um gelado artesanal feito à base de leite de ovelha.
ONDE DORMIR
Situado nos arredores da vila, num lugar pacato e com vista para o rio Wye, o Start (www.the-start.net), na Bridge Street, é uma das melhores opções em Hay — uma casa do século XVIII, inteiramente renovada e com quartos simples (duplos por cerca de 90 euros, incluindo pequeno-almoço) e uma atmosfera familiar. Igualmente com um ambiente íntimo e uma decoração rústica, o Bear (www.thebearhay.co.uk), na Bear Street, com apenas quatro habitações (tarifa diária entre os 100 e os 130 euros, também com pequeno-almoço) é outra das alternativas num lugar onde, à excepção do parque de campismo, não existem alojamentos para quem viaja com orçamentos reduzidos.
INFORMAÇÕES
Os cidadãos portugueses apenas necessitam de um documento de identificação (passaporte, cartão de cidadão ou bilhete de identidade) para visitar Gales. A moeda é a libra esterlina, que equivale a 1,20 euros. Este ano, o Festival Literário de Hay decorre entre 21 e 31 de Maio, prevendo-se que seja o mais concorrido de sempre, com a realização de 650 eventos, quase 300 concertos musicais, duas centenas de oradores e nove palcos, numa área (a cerca de dois quilómetros do centro da vila) que se espraia ao longo de uma das margens do Wye, bordejado de tendas de espectáculos de cabaret, de comédia, outras de comida artesanal, bem como de um circo, tão associado à história do festival desde os seus primórdios. Por Hay irão passar, este ano, nomes como Patrick Wolf e Maria McKee, na música, ou Natalie Bennett, Tariq Ali, Polly Toynbee, Colin Blakemore, Sally Philips e Paul Krugman, entre os homens das palavras.