Fugas - Viagens

  • Rita França
  • Rita França
  • Rita França
  • Rita França

Continuação: página 3 de 3

O Paraíso na outra esquina

Pergunto-lhe se viver ali, naquela altura, era uma espécie de Paraíso, porque é para lá que me sinto transportada com todas estas histórias, mas ele diz-me que não. Depois, empresta-me o livro de Zilda Cardoso, onde reencontro muitas das personagens e histórias que já ouvira. Também ali há vida a escorrer de cada página, mas alegria misturada com tristeza, crianças que comem pirolitos lado a lado com mulheres espancadas pelos maridos, que soltavam gritos que se ouviam tão bem como os relatos da bola.

Ainda assim, esta esquina da rua, esta esquina que é do tempo e não física, é uma espécie de portal para uma outra dimensão em que a Rua do Paraíso era mais viva. Em que tinha uma vida palpitante, imensa, ruidosa. Uma espécie de Paraíso para alguns, certamente. E, se calhar, é só isso. O Paraíso anda por ali, atrás de um muro, de uma janela, num mural colorido. Ou talvez esteja apenas numa outra esquina. Fique ela no passado ou no futuro. É só preciso respirar fundo e estar atento.

--%>