Fugas - Viagens

  • Diogo Baptista
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Coimbra de A-a-Z

Hoje a poesia termina com o verso “a única coisa a fazer é pedir um tango argentino”, o que podia ser uma boa deixa para uma visita à Aqui Base Tango, já na Alta da cidade, na órbita da Praça da República. Aqui na Baixa e a poucos metros do Salão Brazil mais dois espaços teimam em animar uma Baixa sem a energia de outrora – Be Tasty/Be Poetry e Be Scobar, esta noite com concerto na rua.

E então a subida pelo Quebra-Costa (ver entrada referente), passando pelo Largo da Sé Velha (ver entrada referente) até à Praça da República, local que congrega a comunidade estudantil – o Tropical e o Cartola são clássicos, o Académico, idem. “Apesar da universidade ter muitos alunos, todos passam por ali”, dir-nos-á Sandra Sousa, funcionária da Casa das Caldeiras. E nas margens da Avenida da Sá da Bandeira, que culmina na praça, são os bares de “bebida barata” e música alta – com centenas de copos espalhados pelo chão.

Há novos espaços, antigos espaços com novas funções: Coimbra inventa-se e recicla-se. Há uma bicicleta dourado escuro com um cesto de flores ao lado da porta alta – é a entrada de um “novo” conceito em Coimbra, ou pelo menos assim se assume a “Coimbra Concept Store”, na Avenida Sá da Bandeira. Pegou-se numa casa antiga e dela se fez uma espécie de centro comercial alternativo, com as salas como lojas: papelaria e centro de estética, roupa e acessórios, objectos de decoração e produtos gourmet, mobiliário e bijuteria. Dir-se-ia que estamos noutra geografia e noutro tempo, apesar de continuarmos na mesma avenida: o Brunn’s transporta-nos aos anos 50, nos EUA. É um dinner com certeza, com os carros como motivo, a Route 66 como imaginário, e todos os ícones presentes: das cores fortes ao busto de Marilyn. A música vai de Johnny Cash a Beatles e pode chegar aos anos 80, diz José Rodrigues, o gerente; o menu é tipicamente americano, pois claro.

Não saímos da órbita da avenida, na Casa das Caldeiras, exemplo de reconversão: de antiga casa das caldeiras que aqueciam água para os antigos hospitais para hamburgueria (sobretudo) e bar em ambiente industrial. Da mesma proprietária, Sara Alves Barbosa, é a Cafetaria do Museu, com o mesmo princípio: desta feita no antigo Laboratório Chimico (agora Museu da Ciência), com brunch ao domingo e esplanada com vista.

Também com vista é  o novo Passaporte Lounge Terrace que ocupa o antigo edifício do Governo Civil (dividindo-o com o hostel Portagem). A sua esplanada, a uma vez clássica e contemporânea, é a varanda ideal para o Mondego – acompanhado por uma bebida ou um petisco.

Se “o fado sobrevive da saudade”, como ouvimos, cantado, diante da Igreja de Santa Cruz, a saudade tem de ser intrínseca a Coimbra. E tanto o é que até tem um Penedo da Saudade, dizem as lendas ligado a Pedro e Inês: este seria um dos locais onde D. Pedro vinha chorar a morte da sua amada. O jardim romântico que agora o ocupa, distribuído em vários patamares, foi construído em 1849, faz as vezes de miradouro, porém, foram os estudantes que lhe emprestaram a nova aura quando ali começaram a colocar lápides a assinalar a sua passagem pela cidade (“Parto a sorrir”) ou alguma efeméride académica (“No Penedo da Saudade homenageamos Coimbra”, inscreveu o curso médico 1959-65 em 2010). O busto de João de Deus recebe-nos, António Nobre e Eça de Queirós também não foram esquecidos, mas o “Retiro dos Poetas” é de anónimos estudantes, assim como a “Sala dos Cursos”, onde as lápides estão tão gastas que por vezes são ilegíveis e a vegetação seca quase lhe empresta uma aura de cemitério romântico.

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