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Coimbra de A-a-Z

Por Andreia Marques Pereira

Não nasceu com a universidade, mas foi à sombra dela que cresceu, se desenvolveu e ganhou fama. No ano em que a Universidade de Coimbra cumpre 725 anos, fomos descobrir do que se faz esta cidade à beira do Mondego, “do choupal até à lapa”. Entre a história, as lendas e as tradições vimos também a cidade que se mexe por caminhos menos óbvios apanhando a bonança da distinção da UNESCO. E viemos com a certeza de que o maior encanto de Coimbra não é só na hora da despedida.

A

Anozero

Não é o primeiro ano do resto da vida de Coimbra – ou se calhar até é, mas quantos terá tido ao longo dos séculos? É certamente o primeiro ano da bienal de arte contemporânea que o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) organiza aos 57 anos de idade. Não é um aniversário redondo, mas é uma boa forma de assinalar a classificação como Património Mundial da Unesco da Universidade de Coimbra – Alta e Sofia, há dois anos atrás e é também o pretexto ideal para dar (mais) visibilidade a essa distinção, ocupando 30 locais quase todos abrangidos por ela. Isso será a partir de 31 de Outubro (até 29 de Novembro) – nós chegamos à sede do CAPC em meados de Setembro para encontrarmos um local suspenso no tempo, que é como quem diz, vazio de exposições, embora cheio de ideias para a bienal. Mariana Roque, da produção,  fala-nos da necessidade de “reflexão sobre o território e o património”, que se enquadra numa “longa tradição” que é para manter. “Esta classificação é pertinente: não só legitimamos mas também confrontamos a cidade com essa realidade.”

Portugal ainda dava os primeiros (e muitos bélicos) passos, quando o nosso primeiro rei instalou as cortes em Coimbra. Afonso I acabou por morrer na cidade, com a idade avançada de 74 anos, e aqui foi sepultado na Igreja Santa Cruz, que ele próprio mandou construir, de pedra alva, bem na Praça 8 de Maio, toda ela a brilhar com o tapete de pétreo polido. D. Manuel I, não reconhecendo no túmulo a grandeza exigida ao fundador da pátria, mandou fazer outro que colocou na nave central, contudo, rapidamente voltou à capela-mor onde se mantém até hoje. É difícil apreciar a beleza gótica do túmulo actualmente, não só porque as esculturas à laia de retábulo estão gastas e sujas mas porque o tráfego de visitantes é constante. É assim que nos vemos com a narração de um guia russo  e respectivos turistas enquanto observamos o túmulo de D. Afonso Henriques e o do seu filho, Sancho I, no mesmo estilo embora mais modesto na decoração, lado oposto da capela. Ultrapassamos na nave central grupos de turistas que são alheios aos crentes que se recolhem nas últimas filas da igreja.

A Baixa de Coimbra tem uma curiosidade que é um contraponto: a ela corresponde uma Alta e, entre ambas, congregam grande parte do património histórico cultural da cidade. A Baixa era os arrabaldes da cidade muralhada, zona de comerciantes e artesãos – e hoje, é aqui que floresce o comércio tradicional da cidade. Enfim, é aqui, entre a Rua Ferreira Borges e a Sofia que se sente esse pulsar da cidade, mais à margem das flutuações estudantis. É também um corredor de turistas – a cada grupo com que nos cruzamos, uma língua diferente, italianos, franceses, chineses, espanhóis, que se cobrem da chuva com o panfleto sobre a universidade; brasileiros que, à porta do histórico café Santa Cruz, combinam uma ida à Bairrada para comer leitão; um espanhol toca saxofone à vista da Igreja Santa Cruz; duas velhotas instalam-se num muro em venda ambulante.

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