Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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Um Natal com super-heróis, cowboys e ópera

Guilherme Sousa tem nove anos, chegou da Batalha, e visita Perlim com um adereço na cabeça. “São os cornos das renas”, descreve. O adereço foi feito numa das oficinas de Perlim que permite dar asas à criatividade e criar peças que façam sentido naquele reino de magia. Guilherme já viu o Pai Natal. “Está sentado numa cadeira e é simpático. Tem uma casa de Natal e tem lá animais, duendes, renas, coelhos e galinhas.” “Isto é fixe”, acrescenta. O amigo Nuno Costa, de nove anos, concorda. “É giro, gostei muito”.

A promoção feita na Galiza deu resultado. Há muitos espanhóis em Perlim. Pedro e os pais andaram duas horas e meia de carro até chegar ao parque temático. Valeu a pena e o pequeno Pedro não quer muita conversa, a mãe tenta que ele diga o que está a achar de Perlim, mas ele não tira os olhos das actividades que o esperam e em que pode criar uma peça ou pintar um desenho, que possivelmente levará para casa como recordações de uma tarde bem diferente num lugar que valoriza a imaginação. E onde há diversão para pais e filhos, primos e primas, madrinhas, padrinhos, afilhados, avós, irmãos. Há um mini slide com a travessia num trenó que parece um foguete espacial e há um grande slide com parede de escalada. E ainda uma pista de gelo para deslizar, ou coisa parecida, na companhia de um adulto porque, já se sabe e não há como desmentir, os bons momentos são para ser partilhados.

Ovos de ouro

Perlim tem espectáculos de grande formato espalhados por mais de quatro hectares de terreno. A música também ali anda, em vários timbres. Este ano, meninos e meninas, senhores e senhoras, há ópera cantada por quem entende de árias de Mozart e Verdi à procura do príncipe perfeito numa aventura da Olívia e do detective Horário. E eles, naturalmente, andam por ali.

Quem? Os habitantes de Perlim mostram-se e dançam com a gruta e a encosta da árvore do amor em pano de fundo. Era uma vez em perlinês ou as vezes que se quiser. Os contos do imaginário infantil ali andam, como manda a tradição. O João Pé de Feijão vive numa aldeia muito pequenina e entra numa aventura que mete ovos de ouro. Ali bem perto está um capitão nada convencional que entra no palco suspenso num fio. Nesse palco, está um funcionário dos correios que quer tratar da expedição das cartas e dos presentes de uma forma mais avançada para a época. Uma banda vai tocando músicas e entrando nas peripécias de um super-herói. E parece que vai ser preciso salvar o Natal. Há heróis de carne e osso e há também marionetas que vivem algures e nesse algures há um vilão capaz de uma maldição tão forte que todos querem comprar milhares objectos por dia. É preciso explicar que este comportamento anormal não faz bem e, por isso, é preciso chamar o super Natal para que nesse algures chamado “Gastónia” a vida regresse à normalidade. A ver vamos.      

É a oitava vez que Perlim está em acção e não há espectáculos decalcados de anos anteriores. O público é exigente, não se deixa enganar e a organização não quer gorar expectativas. “Os espectáculos são inéditos, são criações originais. Uma das vantagens de trabalhar com as entidades locais é que as peças são criadas propositadamente para Perlim”, adianta Paulo Sérgio Pais, director-geral da empresa municipal Feira Viva, que organiza o evento. São mais de 400 espectáculos em 19 dias, mais de 200 pessoas a trabalhar no projecto e 350 mil euros de investimento que poderão ser totalmente suportados pelas receitas, como aconteceu no ano passado. Em 2014, o reino encantado de Perlim recebeu 80 mil visitantes e as receitas superaram os custos. “Não é um número fácil de atingir, depende muito das condições climatéricas, mas preparámos os conteúdos para lá chegar.”

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