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Um Natal com super-heróis, cowboys e ópera

Por Sara Dias Oliveira

A pistoleira Valentina quer o ouro da mina, Olívia canta Mozart e Verdi, o capitão Meia entra numa história aos quadradinhos, o Pai Natal está hospedado num castelo. É Perlim, parque temático de Natal em Santa Maria até 3 de Janeiro com mais de 400 espectáculos.

Damos a palavra a quem interessa. Rui Pedro tem 10 anos, veio de Vizela com os pais e a prima Ana Sofia, e entra em Perlim pela primeira vez. Há um mundo colorido para descobrir com cheirinho a Natal. “É muito giro e divertido, gostei muito dos espectáculos”, conta. As peripécias dos cowboys, com rap à mistura e um cão raptado, ficaram-lhe na cabeça. “Era uma vez um xerife, apareceu uma senhora e o xerife apaixonou-se. Ela dizia que havia ouro e afinal não havia. Ele era um bocado distraído, ela aproveitou-se disso, apareceu com os seus ajudantes e como não encontrou ouro ficou muito zangada”, conta num fôlego. Pancho e Valentina desentendem-se, é verdade, mas a história acaba bem. Rui conheceu mais personagens que habitam em Perlim e está quase na hora de ir embora. A prima Ana, de nove anos, é mais tímida. “Gostei dos espectáculos”. E isso basta-lhe. 

Perlim está novamente num rebuliço. Os portões abrem-se na Quinta do Castelo de Santa Maria da Feira, que acolhe pela oitava vez o parque temático de Natal que tem a difícil missão de fazer sonhar. Há histórias para contar, personagens para conhecer, novos conteúdos que querem significar experiências inesquecíveis. E para não cair na repetição, que podia ser uma tentação, mudam-se cenários, guiões, peças. Os sonhos não têm idade nem hora marcada. E os miúdos e graúdos sabem disso. O reino de Perlim está aberto até 3 de Janeiro. E, sim, a linguagem dos pês continua a fazer parte do vocabulário deste reino encantado com mais de quatro hectares e plantado à sombra de um castelo verdadeiro. O uso dos pês nos meios das sílabas das palavras é opcional. Avisa-se apenas que o seu uso e abuso não têm efeitos secundários.

André Filipe tem 11 anos e é a segunda vez que está em Perlim. Foi uma surpresa que os pais lhe fizeram. E ele adorou. “Do que gostei mais? Do castelo, dos teatros, praticamente de tudo”, responde. Está na fila para ir ver o Pai Natal que, nesta quadra, escolheu um castelo à séria para morar e tratar dos seus afazeres — sabemos que, por estes dias, deverá ser uma das pessoas mais ocupadas à face da terra. A fila é comprida e André não desiste. “Não sei o que vou lá encontrar”, diz. O Castelo da Feira, o verdadeiro, é agora a residência oficial do Pai Natal. Por fora e por dentro.

No exterior, está uma árvore de Natal e presentes gigantes e um grande soldadinho de chumbo à entrada, também de tamanho fora do vulgar. Lá dentro, antes de se entrar nos aposentos do Pai Natal, duendes, elfos, as personagens do reino da Lapónia, mais duas renas de carne e osso e coelhinhos brancos. Do lado esquerdo, alguém vai contando a história do senhor que vive lá dentro. Quem será? Como estará vestido? O que andará a fazer?

André continua a aguardar a sua vez. Jenifer Martins, de 12 anos, também. É a primeira vez que está no reino de Perlim. Espera para ver o Pai Natal. “Já vi muita coisa, vi o minidisco, a oficina da água.” Pelo caminho, cruzou-se com o comboio que circula por Perlim entre duas estações, entre a quinta e o castelo. O minidisco de que fala é o lugar mais dançante da zona, com pista para abanar o capacete e sem limite de idades. A água, esse elemento indispensável à vida, tem lugar de destaque. Quem quiser pode perceber os constituintes físico-químicos da água subterrânea das Termas de São Jorge, balneário termal que existe mesmo e não muito longe de Perlim, e quem quiser pode acompanhar a história da Alice no País das Maravilhas e de um cientista louco com visual a condizer. Alice sofre de problemas respiratórios e o rapaz de bata branca e cabelo espetado vai tentar ajudá-la. De água percebe ele. “Deixa o profissional trabalhar”, diz à Alice.

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